— Como foi a aula? — Perguntei a minha namorada enquanto pegávamos o material no armário e íamos para a aula de ciências sociais.
Eu nunca achei que estaria aceitando um compromisso tão cedo, ou que a ideia deixaria de me assustar se eu simplesmente desse uma chance. A verdade era que eu preferia encarar o medo de me comprometer em qualquer relacionamento mais sério ao verdadeiro pavor de ter Alison longe, sem poder beijá-la ou sentir o calor do corpo dela ao lado do meu. E de repente era fácil pensar em algo mais adiante, um pouco mais de cada vez.
E não foi nenhuma surpresa para ninguém no fim das contas.
— Cansativa, mas interessante. — Ela respondeu pegando o caderno de anotações e umas canetas.
— Soube que a Rox não está feliz. Tenha cuidado, ok? — Avisei só para ter a cabeça tranquila.
— Eu não tenho medo dela, Josh. — Ela girou os olhos e fez um som com a garganta que era quase engraçado.
— Eu sei que não, mas não custa nada pedir. E me avisa se ela fizer alguma gracinha?
— Ok, papai. — Ela respondeu com um sorrisinho cheio de ironia — Eu aviso, agora podemos ir à aula?
Não fazia o nosso gênero expelir açúcar em público para auto afirmar a relação, mas ficávamos juntos em rodas de amigos, rindo, brincando e falando sobre qualquer coisa. Era comum separarmos um momento para trocar uns beijos por aí, mas não sentíamos a necessidade de fazer isso o tempo todo. Mas isso era apenas o nosso modo de agir. Nosso amor era somente nosso, albergado com doçura e preservado apenas para nós.
A aula da Gregorian começou atrasada, porque ela teve algum problema com o carro, mas foi apenas uma continuação do tema da aula passada. O que era o bastante para manter os alunos realmente prestando atenção.
— Desculpe, gente. — ela entrou na sala no tempo seguinte ao que deveria ter dado aula, o que foi bom pois a aula dela era mais legal que a próxima — Sei que vocês adorariam um tempo vago ou adiantamento, mas eu estou aqui e adoro dar aula para vocês. — disse com um sorriso simpático.
— Também gostamos de você, professora. — disse o Devon esticando os braços e os colocando atrás da cabeça.
— Obrigada, senhor Scott. — era sempre impressionante como ela não esquecia o sobrenome ou o nome de ninguém, a senhorita Gregorian tinha uma memória de elefante, era impressionante que alguém que falava incansável e apaixonadamente sobre os temas das aulas e ainda encontrava espaço para lembrar de coisas passageiras — Um passarinho me disse que temos pombinhos... — Ela correu os olhos pela sala até chegar em mim e na Alison, nós piscando um olho um para o outro — São vocês, certo?
— Fazer o que? — brinquei.
— Certo. — Ela pareceu querer sorrir com a provocação, mas se conteve — O amor é lindo, mas vamos deixar esse amor lá fora. Sem namoricos na aula, podem fazer isso?
— Sim, senhora. — dissemos em uníssono, mas não faríamos de qualquer jeito.
— E por falar em amor... Alguém pode me dizer qual é a idade certa para se casar?
Alguns disseram 25, outros que 27 era ideal, alguns disseram que dependia e a aula foi seguindo e cada vez mais entrando no ritmo habitual. Ela começou com um longo discurso sobre o amor e suas formas infindáveis de se apresentar e logo, como ele era completamente irrelevante em muitos dos casamentos que aconteciam ao redor do mundo. Que o amor, em muitos lugares, era um artigo de luxo e questão de sorte. Falamos muito tempo sobre isso.
O resto da aula foi debate entre os alunos e a Gregorian. Discutindo sexualidade e como a sociedade realiza - cada uma a sua maneira - opressões agressivas e simbólicas. Categorizando, colocando a sexualidade dentro de tabus, deslegitimando fraquezas e formatando pessoas desde o berço. E uma vez dentro da vida adulta, o feto que fomos um dia já está moldado.
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Juventude à flor da pele
RomanceÉ difícil dizer o momento exato em que se ama ou mesmo explicar exatamente como acontece. No minuto em que toda sua vida, toda sua felicidade e a sua miserável existência, resumem-se somente em um par de olhos brilhantes, em uma presença que se torn...