Capítulo 3

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Fui pra casa de cabeça quente devido a resposta inesperada que recebi da Alison, lembrando segundo a segundo como ela enrugava o narizinho angelical e erguia esse queixinho pontudo frisando não estar interessada em mim ou em qualquer tipo de "jogo" que eu estivesse querendo começar. Aquilo tinha um poder enorme de tirar o pior de mim e me deixar maquinando, sentando num canto e sacudindo os joelhos impacientemente, sobre como eu poderia provar que ela estava errada. Madelyn comentou meio desdenhosa, que eu estava mudo, mas como eu não respondi ela entendeu que eu estava, sem uma expressão mais bonitinha, muito puto da vida. Meu pai já estava em casa e até ele sentiu meu estado de ânimo. Me olhando com o cenho franzido e, embora não me perguntasse nada, parecia curioso. Não que eu fosse me dar o trabalho de falar alguma coisa quando tudo o que eu queria era brigar com alguém ou quebrar alguma coisa.

Então eu simplesmente fui pro meu quarto e procurei algo pra fazer no computador. Devon estava online no Reddit e no MySpace, publicando fotos novas a cada cinco minutos sobre coisas aleatórias. De repente uma janelinha azul do Messenger se elevou com um ruído:

"Devon diz:

LoL XD

Você tinha que ter visto a sua cara"

Nem respondi, não me dei o trabalho. Simplesmente fechei a página e fiquei invisível. Voltei as minhas redes sociais e cliquei na pequena lupa de pesquisa, digitei lentamente "Alison Heart" na caixa de texto e aguardei os resultados, pelo menos cinquenta apareceram numa aba extra. Rolando o cursor pela página, busquei qualquer foto minimamente parecida com ela ou algum sinal que era o seu perfil e encontrei um, sentindo rapidamente um pequeno sorriso se abrir na boca do meu estômago, cliquei na foto dela e esperei abrir a página do perfil. A última publicação era de pelo menos dois anos atrás, o que só podia significar que ela não usava mais aquele perfil. Busquei por mais fotos, mas não havia nada além da que estava no perfil, era quase um fantasma das redes. A ultima publicação era uma imagem satirizando amigos falsos, não havia comentários, mas muitos likes. E conforme eu descia pelo perfil, a antiga frequência das publicações era cada vez maior, embora mudaram repentinamente de estilo se antes falando sobre esconder a tristeza em um tipo de máscara feliz, então mudavam para agarrar aquilo que se queria ou cavalos ou lutar pelo que se sonha - nada muito diferente do que qualquer um publicaria. Mas aquilo não era exatamente o que eu gostaria de ver...

Quer dizer, por quê de repente ela parou de publicar? Por que não tinham mais fotos dela ou qualquer outra? E de qualquer maneira eu não devia estar tão interessado em ver aquilo... Quero dizer, não era do meu feitio fuxicar ou stalkear, mas eu me via realmente procurando perfis dela em outras redes, sem achar nenhum e ficando frustrado por isso.

A internet não estava interessante - ou possivelmente era eu tentando me controlar antes de fazer mais alguma bobagem, então desliguei e peguei meu iPod. Um rock bem legal e barulhento talvez me fizesse esquecer o modo como aqueles olhos cinzentos me olharam enquanto ela estava me dando o fora. Eram como fumaça mesmo. Daquelas que só saem de incêndios grandes e que causam muito estrago. Ela era uma promessa de calor e chama, eu tinha certeza disso.

"E se ela está em algum tipo de defensiva?" pensei "Falou sobre amizades ruins, deve ter acontecido alguma coisa, qualquer coisa...", até era compreensível para mim. E bem, era uma escola nova, com pessoas novas e diferentes, numa cidade nova, casa nova, e ainda chegando no meio do semestre, devia ser uma barra encarar tudo aquilo e ainda lidar com um espertalhão metido a comedor.

Bufei comigo mesmo... Aquilo não estava funcionando.

-

Pro meu azar, não consegui falar com Alison durante nenhuma aula no dia seguinte, na sexta. E tínhamos duas aulas juntos, história e economia. Ela foi bastante esquiva e todas as vezes que tentei puxar assunto se limitava a me ignorar completamente. O que fez meu dia num misto de tédio completo e frustrabilidade muito irritantes. Tentei uma abordagem mais direta no fim da aula, ela fechava o armário e colocava a mochila nas costas, se preparando pra ir embora.

Juventude à flor da peleOnde as histórias ganham vida. Descobre agora