Capítulo 5

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— Você tem um filho? — perguntei sem conseguir deixar de soar perplexo.

— Tenho. — ela respondeu balançando a cabeça como se fosse muito óbvio. Mad dava um beijo na bochecha do menino e ele se esticou com um sorriso no rosto para que ela o pegasse de novo. — Isso é um problema pra você?

 — Não, é claro que não... — Respondi rapidamente — É que você nunca disse que tinha um filho... — observei, percebendo que parecia fazer caso grave pra algo que nem era tão estranho no ano de 2008. Quer dizer, um monte de garotas até mais novas que nós tinham filhos no mundo todo, não era o fim do mundo que ela também tivesse um.

— Você nunca perguntou. — Ela disse placidamente e encolheu os ombros enquanto retornava o bebê pros braços da minha irmã — E só conversamos duas vezes.

Achei graça daquilo, não uma graça alegre, mas uma graça irritada. Um filho era uma coisa muito importante para que nunca seja mencionado pela própria mãe.

— Ah, sim... — desdenhei apertando os cantos dos olhos e mostrando um pouco dos dentes numa imitação de sorriso — Como se eu fosse perguntar pra todo mundo que eu conheço "Oi, como se chama? Você tem filhos?" — deixei o sarcasmo encher e envenenar minha voz enquanto falava.

Abaixo de nós, Madelyn levava o olhar de mim para a Alison segundo a segundo com uma cara de choque.

— De qualquer forma, só conversamos duas vezes... — ela pareceu impaciente outra vez, arreganhando suavemente os lábios, apertando os dentes e franzindo o nariz. Cacete! Eu podia sentir a ereção se formando e palpitando dentro das minhas calças. Ela tinha que parecer essa fodida linda criatura que só me fazia desejar tocá-la e beijá-la em cada polegada do seu corpo tentador? Tentei ignorar o que aquele brilho de irritação em seus olhos me causava da cintura pra baixo para manter a conversa — E se você não estivesse tão empenhado a agir como um babaca, poderíamos ter uma conversa sociável e civilizada e talvez eu comentasse sobre isso.

Tentei não deixar aquela raiva subir mais ainda, além do mais, não estávamos no colégio. Soprei e inspirei umas duas vezes, bem devagar, e relaxei os ombros. Olhar o bebê em seus braços me dava um gosto amargo na boca,  fato de ela ter um filho não devia me irritar, mas essa parte primitiva dentro de mim se remoía pela prova cabal de que outro homem havia estado com ela, que a havia visto nua e que havia transado com ela - como eu desejava-, eu sabia que não tinha o direito de sentir qualquer coisa a respeito do filho dela, mas isso não me impedia de sentir, e eu também sabia que ela tinha razão. Nunca tivemos uma conversa longa o suficiente pra que o assunto surgisse, embora eu duvidasse que ela fosse me dizer isso em algum momento de qualquer maneira.

— Ok... Vamos elevar o nível. — tentei acalmar a ela e a mim mesmo — Começamos de novo? Somos praticamente vizinhos, então será que podemos nos dar bem?

Ela franziu os lábios, apertou-os um contra o outro e os moveu olhando em volta como se buscasse as respostas que queria no chão ou nas árvores que rodeavam os muros.

— Certo... — ela cedeu com visível dificuldade, chiando os dentes baixinho.

— Então, — tentei outra vez — você e o seu filho vêm tomar um sorvete conosco?

— Acho que um sorvete pode ser bom... — Alison disse devagar — Mas o Tommy não toma sorvete... — ela advertiu — Só tem um ano.

— Ele toma um suco. — garanti encolhendo os ombros. — Vamos?

— Eu tenho que pegar umas coisas lá dentro...

— Não precisa. — Eu insisti, temendo que ela pudesse desistir uma vez que pudesse entrar em casa — Não vamos demorar. É só um sorvete.

Juventude à flor da peleOnde as histórias ganham vida. Descobre agora