Juventude à flor da pele

5 anos depois

Ouvir o seu tão esperado "sim" depois daqueles seis meses foi um verdadeiro alívio. Eu não queria ir para a faculdade e saber que não pude deixar com ela uma prova de que meu coração permaneceria em suas mãos, então pus aquele anel no seu anelar direito com muitíssima satisfação. Mas por Alison ter me feito esperar tanto,  não permiti que nosso casamento fosse muito tempo depois daquilo, então antes que eu pudesse por os pés em Berkley, fomos devidamente casados por um juiz de paz numa bela cerimônia com poucos convidados.

E enquanto eu me matava de estudar, Alison começava o seu sonhado treinamento na H-Tech, aprendendo com afinco e tendo o próprio pai linha dura como vigia. Segundo ela, Gideon não lhe deu nenhuma colher de chá por ser sua filha, mas pelo contrário, deixou claro que ela precisaria provar que era capaz ali dentro. E ela era mais que capaz, estava determinada a cumprir com o que fosse preciso para estar ao lado do pai na empresa.

Apesar de ficarmos a maior parte daqueles anos afastados um do outro, sempre aproveitávamos para passar os finais de semana juntos, de manhã com a família e amigos e a noite sozinhos.

O futuro se abria diante de nós e podíamos vivê-lo juntos, nos amando, brigando, nos tornando nossa própria família e construindo uma vida feliz e isso era mais do que eu poderia pedir.

Em quatro anos de estudos intermináveis, eu tive minha ansiada formatura e era a hora de ser adulto de verdade, de enfrentar o mundo sozinho. De começar a suprir minha família por mim mesmo e eu estava esperando por isso impacientemente. E claro que adorei entrar para a H-Tech também, afinal. Eu sabia que era o que estava preparado para mim e eu sempre estive confortável com isso. Meu nome estaria ali, junto com o da munha mulher, do meu pai e do pai dela.

Como comemoração pelo grande passo que eu havia terminado de dar e também pelo meu aniversário, nossas famílias fizeram uma bela festa de comemoração chamando nossos amigos mais íntimos. Maddie aproveitou o momento para estrear sua filmadora nova e gravou quase toda a festa antes que a bateria acabasse. Era junho, outro verão maravilhoso, Tommy corria de um lado para o outro no auge da energia de um menino de 6 anos brincando com seu novo cachorrinho, Milo - um filhote de 8 meses, misto de barnês com husky siberiano dado pela titia Maddie - e o querido e velho Cup Cake.

Eric, Devon e eu estávamos muito animados por nos vermos depois de meses, pois eles ainda estavam ocupados com suas respectivas universidades. Então nos falávamos animadamente sobre todas as novidades que tínhamos para contar. Era ótimo vê-los e sentir que ainda éramos os mesmos parceiros de sempre e que provavelmente sempre seríamos.

— Papai! Papai! Papai! Olha o que eu sei fazer!— Tommy chamava minha atenção insistentemente então eu voltei minha cabeça em sua direção para vê-lo correndo sobre a grama e logo saltando, apoiando as mãos  no chão e girando as pernas no ar como uma estrela humana— Viu só?—  Ele perguntou vindo correndo e se agarrando nas minhas pernas.

Tommy me agraciou me chamando de papai quando tinha três anos, acredito que ele se acostumou completamente a minha presença e ao me conhecer melhor foi se afeiçoando a mim. Quando ele disse soou tão natural como se ele sempre houvesse dito, mas eu confesso que fiquei tão emocionado que chorei junto com a Alison. Ele disse "eu quero mais um biscoito, papai" e foi como se houvéssemos congelado na mesa do café da manhã, acreditei que era o sono que me fazia ouvir coisas, mas ele simplesmente repetiu "eu quero mais um biscoito, papai" e no mesmo instante minha mulher começou a chorar. Eu estendi o biscoito de gotas de chocolate até sua mãozinha sentindo a mesma emoção que ela sentia, "aqui está, filho", aceitando aquilo como uma dádiva dos céus.

— Você é incrível, garoto! Bate aqui... — Elogiei-o verdadeiramente pois eu nunca soube como fazer um salto de estrela em toda minha vida. Ergui minha mão no ar e ele pulou para bater nela, num cumprimento.— Onde aprendeu isso?