Capítulo 9

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A casa estava escura quando eu retornei - como havia planejado, bem antes de a polícia chegar e ainda pude ouvir as sirenes na metade do caminho de volta - e tive a sorte de não encontrar o senhor Rayder me esperando sentado na sala como qualquer pai preocupado faria, subi direto para o meu quarto com um sorriso no rosto, arrancando as roupas e as largando pelo chão de madeira escura e indo até o banheiro me enfiar debaixo de uma bela ducha quente para tirar o odor de festa do corpo, eu estava acabado, com os pés doloridos, ombros cansados e os músculos das coxas trêmulos estimulados pela dança e pela excitação, mas esgotados. A noite fora simplesmente perfeita mesmo que curta, e no entanto eu pude beijar e dançar com uma gatinha de cetim negro e o resto todo ficou como um bônus. 

Acabei indo dormir muito tarde e, consequentemente, acordando muito tarde, e contudo meu domingo não seria um dia comum de tédio completo e nada para se fazer, essa noite talvez fosse tão aproveitável quanto a do dia anterior porque eu tinha um encontro com a mesma gatinha sensual com quem eu passei a festa e desejava ardorosamente. Não gostaria de admitir, mas devo dizer que contei as horas até ter que sair de casa. Quis estar bonito para que ela ficasse impressionada. Vesti uma calça jeans de uma boa costura e uma camisa de seda preta, um sapato esportivo elegante e missão cumprida, Josh Rayder estava bonito. Faltava apenas aplicar uma porção mínima de gel no cabelo e perfume em locais estratégicos - os três P's: pescoço, punhos, pau.

Particularmente nunca fui um sujeito lindo ou mesmo deslumbrante, estava mais para o tipo pintoso, contava mais com a minha lábia que com o meu rosto se quisesse conquistar alguma mulher. Tinha uma pele bronzeada de quem ia à praia surfar pelo menos uma vez por mês e mantinha a cor com estadias na beira da piscina, cabelos loiros cor de areia, lisos, num corte da moda, olhos castanhos. Herdei os lábios finos da minha mãe e o nariz aquilino do meu pai, minha barba ainda não crescia uniformemente então eu devia sempre manter meu rosto liso como bumbum de bebê. Era alto, herdei isso tanto do meu pai quanto da minha mãe, media algo em torno de 1,85 m embora ainda estivesse em crescimento. Meses antes eu costumava frequentar a academia, mas a preguiça me fez parar, e meus músculos já não eram tão duros e firmes como naquele período, mas eram bastante compactos e ainda bem definidos. Como um homem comum, eu ficava bonito se me esforçasse para isso com uma roupa legal, um bom corte de cabelo e sapatos de bom estilo.

Mad entrou devagarzinho, na ponta dos pés, pela porta do quarto e sentou-se na cama.

— Nossa... — ela elogiou, meio dramática — Que bonito. Isso tudo é para Alison?

— Eu sou bonito por natureza... — Fiz troça.

— Você? Ah, 'tá bom... — Ela caçoou.

Ajeitei um relógio de pulseiras de couro no punho e dei os retoques finais. Ainda era meio cedo, apenas quase na hora, mas eu me lembrei que precisava resolver uma coisa importante  com a minha irmã. Não somente porque havia prometido à Alison, mas porque devia isso a nós dois afinal éramos uma família e Maddie precisava de apoio e diálogo.

— Baixinha... — Comecei acanhadamente, ainda me olhando no espelho — A gente precisa conversar sobre uma coisa.

Ela encarou curiosa o meu reflexo e ergueu uma sobrancelha levantando o olhar para a imagem refletida dos meus olhos.

— Ih... O que eu fiz, eihn?

— Você não fez nada... — garanti-lhe, logo me virei e fui até o pufe verde que eu deixava perto da porta, trouxe-o para perto da cama e me sente de frente para minha irmã — Eu preciso que você seja sincera comigo.

Mad fez uma careta, vincando as sobrancelhas loiras e pareceu preocupada e eu ajeitei uma mexa do seu cabelo dourado atrás da sua orelha.

— É alguma coisa com o papai?

Juventude à flor da peleOnde as histórias ganham vida. Descobre agora