Capítulo 19

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O professor apitava novamente e Aleckey passou a bola pra mim, nadei alguns centímetros e lancei-a para o Tradd.

— Rayder, agarra! — Topson gritou antes de eu me virar e agarrá-la quase como um reflexo automático e lançá-la para o gol.

Tanner agarrou e eu não marquei. A bola continuou sendo arremessada de mão em mão e o jogo ainda estava empatado, o tempo de aula estava acabando e nosso time não conseguia sair dos 4-4.

Harry perdeu o agarre e Tradd pegou a bola, jogou para o Topson que jogou para o Lillens, que jogou para mim. E o tempo acabou.

Bufei espirrando água e joguei a bola para o professor, em seguida fui lentamente nadando até a borda da piscina. Alison surgiu na beirada sacudindo a cabeça em fingida reprovação.

— Que vergonha. — Ela disse estalando a língua — Me disseram que você adora pólo, podia pelo menos ter marcado o gol da vitória.

— Eu nunca disse que era o melhor do time, só disse que gostava do jogo. — Encolhi os ombros e saltei para fora d'água. Ela recuou para não molhar a roupa limpa. — Como foi o seu jogo?

— Foi bom e bem cansativo... Não sabia que tênis podia ser tão divertido de jogar.

— E quem venceu?

— Importa? — Eu dei uma risada e balancei a cabeça. Passei um braço molhado em volta de sua cabeça sentindo o cheiro de shampoo, o cabelo estava úmido como prova do banho que ela havia acabado de tomar, puxei-a na minha direção e beijei o topo, tendo o cuidado de não molhá-la com a água do meu corpo.

— Vai para a aula que eu vou tomar um banho. — recomendei-lhe.

— Bom mesmo, você está cheirando a cloro. — Ela disse, tirou meu braço de cima de si e saiu da quadra.

Era dia de sociologia, a aula que me levou até Alison.

A Gregorian chegou animada e com a corda toda para nos ensinar. Ela nunca vinha muito arrumada, jeans e uma blusinha leve geralmente era o que imperavam naquela época do ano, e a primavera realmente estava de matar. O cabelo preto amarrado com uma vareta no alto da cabeça comprimindo seus cachos e sustentando-os bem alto para que ela suportasse o forte calor californiano. Logo ela começou a distribuir as redações e comentou que estava alegre porque seria madrinha do bebê de uma amiga e havia acabado de receber a notícia - "Não é incrível? Minha melhor amiga vai ser mamãe!" ela comentou animadamente e tão jovial que pareceu que flutuaria. Pediu que fizéssemos um círculo com as cadeiras e mesas e eu garanti que Alison estivesse do meu lado. Queria deixar claro para os marmanjos de plantão que ela tinha um vigia.

— Meus queridos Padawans... — a Gregorian começou — Hoje teremos uma aula diferente... Normalmente eu costumo falar e falar, e eu sei que eu falo demais, e vocês somente me ouvem na maior parte do tempo. —  Ela dizia, caminhando em volta do círculo tranquilamente — Mas hoje faremos o contrário. Eu darei a introdução do assunto e vocês me dirão o que vocês pensam sobre ele, e vocês responderão as minhas perguntas... E o tema, eu garanto, vai atrair a atenção de todos.

Ela se voltou para o quadro e começou a escrever "Sexualidade". Os garotos começaram a zoar e rir e algumas meninas ficaram de risinhos tímidos enquanto outras se avermelharam e outras ficaram sérias como se não fosse grande coisa.

— Em primeiro lugar, eu quero dizer que isso é uma aula e não um lugar de brincadeiras. O assunto é sério. Reparem que eu escrevi sexualidade e não sexo. Todos vocês sabem o que é sexo, mas duvido que compreendam sua própria sexualidade. E por que eu vou abordar este assunto aqui? Em primeiro lugar porque ele está associado ao que temos discutido durante as nossas aulas e este é um assunto muito importante. Nosso país tem um dos maiores índices de gravidez na adolescência entre os países desenvolvidos e se formos observar as ocorrências mais atentamente, vemos que estas mães têm menos acesso a educação básica, tratamento pré-natal, entre muitas outras coisas. E isso é muito sério, mesmo que vocês não estejam nessa realidade, ela está aí e não podemos negá-la. A outra razão foi que ontem eu vi no jornal que uma menina de 14 anos foi assassinada pelo próprio primo por se recusar a fazer sexo com ele. Mais uma vez, esta não é a realidade que vocês, jovens de Beverly Hills, vivemcom frequência, mas ela existe e precisa ser discutida.

Juventude à flor da peleOnde as histórias ganham vida. Descobre agora