Capítulo 15

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Eu fugi... Eu sei que fugi.

Fugi do que quer que estivesse ameaçando se transformar ou nascer, ou qualquer outra palavra que eu não me atreveria a pensar, dentro de mim. Mas eu precisava manter alguma distância do Josh ou ficaria maluca. Então me vesti rapidamente, desci as escadas, peguei o meu bebê, me despedi da família Rayder, montei no meu carro e fui direto para casa me preparar para o almoço que seria em algumas poucas horas.

Me concentrar em algo mais importante, como no acordo milionário estabelecido entre o meu pai e o senhor Losieur, com a fusão dos setores de eletrônicos da H-Tech e o setor de ligas e cabos da Comanter, me ajudou a remover o Josh da cabeça por um tempo. Embora eu teria que lidar com a presença da Roxane me observando como uma ave de rapina em modo de caça.

Ela me cumprimentou logo que chegaram, seguindo a falsidade protocolar das convenções sociais, aproximando nossos rostos num fingido beijo na bochecha. Poderia ser só um aperto de mão, mas nossos pais sabiam que estudávamos juntas e seria estranho para eles se nos comportássemos como se houvesse algum tipo de animosidade entre nós duas - o que até não havia, pois para haver qualquer tipo de rixa eu teria que me importar, o que não era o caso. Então creio que ela sentiu o odor firme e sexual sobre mim, pois acredito que mesmo depois de um bom banho o cheiro do Josh ainda teimaria colado na a minha pele e eu não quis me entupir de perfume já que o Tommy tinha alergia. Ela se limitou a apenas apertar o olhar na minha direção, como se pudesse me fazer desaparecer. Era quase uma luta psicológica de fêmeas dominantes, como quando se colocava duas éguas numa mesma baia e ela lutavam pelos seus lugares. Não que eu estivesse pondo algum território sobre o Josh, mas ela achava que eu estava. E enquanto papai e Anatole Losieur resolviam os trâmites legais, e meu pai fazia questão que eu soubesse exatamente do que eles falavam, Rox me analisava e julgava em silencio do outro lado da mesa. Eu permanecia impassível diante disso.

— A Comanter tem se saído bem em todas as transações que fizemos até agora, não acredito que haja problemas com essa fusão, Anatole. — Meu pai afirmava — Mais tarde, eu e Alison iremos ler os contratos e analisar esses requerimentos, ainda afirmo que é um exagero que peçam 25 milhões na negociação.

— Não é nenhum exagero pedir aquilo que o setor vale, — Anatole pressionava o indicador na ponta da mesa e contestava enquanto Roxane me observava friamente ao lado do pai — nossas ações triplicaram no mês passado e você sabe disso e sua mulher sabe disso.

— Não pode usar a desculpa das ações, o mercado esta a beira de uma crise financeira dos diabos! — Papai começava a soar irritado e eu temia que ele fosse bater na mesa.

— E assim mesmo, elas subiram. — O francês continuou, baixa e friamente.

— Por mais que elas estejam altas agora, você não pode usá-las como garantia para barganhar o valor da transação. — minha mãe interrompeu antes que papai ficasse vermelho e começasse a gritar, ele tinha um temperamento meio quente com os negócios enquanto o senhor Losieur parecia frio como o gelo. — Ações são voláteis e amanhã mesmo podem cair...

— Besteira. — Anatole negou — Não ha garantias de que a crise vá acontecer de fato e o mercado imobiliário continua vendendo.

— É exatamente no mercado imobiliário que mora o perigo, se as pessoas continuarem a comprar imóveis a preço de banana esse país vai pelo ralo! — Meu pai afirmou com muita veemência.

Minha mãe era uma monitora do mercado de ações e andava preocupada com caminhar dos gráficos. Ultimamente o telefone não deixava de tocar e a cada vez que ela atendia, ficava trancada no escritório e quando saía parecia muito cansada. Tão cansada quanto quando voltava da agência no fim da tarde e mesmo em casa não deixava o trabalho. Era uma tarefa minuciosa e estressante, mas ela era boa, muito boa nisso e gostava do que fazia. As ações não eram algo que me interessavam muito, embora ela houvesse tentado me explicar alguma coisa era como se estivesse falando em grego comigo. Eu me interessava de verdade pela H-Tech, era um amor compartilhado por nós três o sentimento pela empresa que papai fundou e que fez crescer num ritmo tão rápido, eu sonhava estar com ele, gostava quando eu e ele sentávamos no escritório e líamos contratos e a papelada fiscal, ele me apontava tudo o que eu devia observar e garantir que não houvesse falhas ou maquiamentos, verificar datas, nomes, produtos, lotes e toda a parafernália que era comprada e vendida a cada semana.

Juventude à flor da peleOnde as histórias ganham vida. Descobre agora