Anahí e Dulce seguiram para casa de Anahí, durante o trajeto Dulce atualizava Anahí, contava tudo que aconteceu com eles depois que ela foi embora, descrevia cada detalhe do pedido de casamento de Ucker, mostrou a anel de noivado que carregava com orgulho. Anahí perguntava por Cristian e Maitê e a conversa prosseguiu animada.
Quando Anahí entrou em casa, Maria estava tirando do forno um bolo. Dulce como sempre fazendo graça passava a mão na barriga fechando os olhos e respirando fundo, demonstrando sua animação com o bolo.
— Ótimo ser recebida com um bolo – Brincou assim que passou pela porta.
— Maria, cheguei! – Gritou Anahí recebendo um apenas ok como resposta. – Dulce senta e fica a vontade, vou ver como estão as coisas na cozinha. – Seguiu para cozinha acreditando que Lorena estava na cozinha com Maria.
Dulce ficou na sala vendo os detalhes do apartamento, o lugar era luxuoso, confortável e bem arrumado, estava perdida nos detalhes quando surgiu Lorena saindo de um dos quartos.
— Olá! – Falou Dulce reparando a cara de surpresa de Lorena – Tudo bem com você?
Lorena balançou a cabeça dizendo que sim, segurava a boneca nas mãos e olhava Dulce com curiosidade.
— Você tem o cabelo vermelho? – Considerou a menina notando os cabelos da amiga da mãe. Dulce sorriu.
— É, meu cabelo é vermelho, você quer tocar? – Questionou percebendo a vontade da menina. Lorena balançou a cabeça negativamente, estava tímida
— Maria – Gritou ela correndo descalça para a cozinha. – Dulce sorriu com a timidez da criança.
— Lorena quantas vezes já falei para não andar descalça? – Repreendeu Anahí assim que notou a pequena sem o calçado – Vai pegar os chinelos agora. Lorena passou feito um foguete pela sala em direção ao quarto, logo atrás veio Anahí com uma bandeja com bolo e suco.
— Pelo que vi já conheceu minha pimentinha – Considerou Anahí olhando Lorena tímida parada na porta do quarto, a vergonha estampada em cada traço – Vem aqui meu amor, vem conhecer a tia Dulce. Lorena correu para os braços de Anahí, olhando para Dulce.
— Que coisa mais fofa – Suspirou Dulce olhando as duas.
— O que foi? Está com vergonha? Você não é assim. – Questionou Anahí a levou até Dulce segurando pela mão – Da um abraço na tia Dulce.
As duas se abraçaram e Lorena foi com as duas mãos aos cabelos de Dulce fazendo Anahí entender o porquê da filha está tão tímida e sorriu com a curiosidade.
— O cabelo da tia é diferente filha? – Dulce sorriu
— É vermelho mamãe, é de verdade? – perguntou para Dulce fazendo Dulce e Anahí cair na gargalhada sendo seguidas pela risada de Lorena.
— É de verdade sim. Você é muito linda sabia? – Passou a mão nos cabelos cumpridos de Lorena que se acomodou ao lado de Dulce, já sem nenhuma vergonha.
— Filha você gostou do cabelo da tia? – Anahí juntou-se as duas no sofá
— Gostei é diferente, posso deixar o meu assim mamãe? – Pegava nos cabelos. Anahí sorriu alto.
— Olha o que você me arruma Dulce, quando for do tamanho da tia a mamãe deixa.
— Mas isso vai demorar – Resmungou Lorena – Por que não pode ser agora?
— Porque você já é muito linda assim – Considerou Dulce ajudando.
A conversa corria solta, Anahí e Dulce sorriam das perguntas de Lorena, logo Maria juntou-se a elas na sala e assim as amigas curtiram a tarde. Já era quase sete da noite quando Dulce se levantou dizendo que estava na hora de ir embora para a tristeza de Anahí.
— Não Dulce – Resmungou – Fica mais um pouco, eu te levo depois – Tentou Anahí querendo prolongar a visita da amiga – Por falar nisso onde vocês estão? Você está com a Maitê ou voltou para casa dos seus pais?
— Estamos todos juntos em um apartamento aqui perto. Anne estávamos tão perto e não sabíamos. – Considerou Dulce quase não acreditando – Não quis voltar para casa, minha irmã mais velha se casou e tem um bebê, eles estão morando na casa dos meus pais, deixei meu quarto para o bebê.
— E estão você e a Maitê nesse apartamento com mais quem? – Questionou querendo detalhes.
— Estamos os quatro, Ucker e Cristian estão com a gente. Maitê e Cristian já são um casal a muito tempo né, eles dividem o quarto a cama, enfim – As duas sorriram – Eu e Ucker já estamos noivos e assim o aluguel fica mais barato.
— E não ficam sozinhos...Dulce quero vê-los, estou morrendo de saudades – Considerou Anahí sincera – Antes preciso resolver as coisas com aquela pessoa – Olhava para Lorena que brincava próxima as duas, fazendo Dulce entender que não podia citar o nome de Alfonso – Se ele souber que todos sabiam menos ele, acho que a situação vai piorar. Então peço que mantenha mais esse segredo, prometo que será por pouco tempo. – Olhou a amiga implorando.
— Posso ao menos contar para Maitê? – Questionou Dulce com receio de não conseguir guardar. Anahí pensou um pouco
— Pode! Mas peça a ela que guarde segredo. Quando voltar aqui, espero que logo, trava ela.
— Ok! Agora eu preciso ir – Anunciou ficando de pé - Volto um outro dia, um domingo para passar o dia com essa princesa – Abraçou Lorena e passou os bracinhos ao redor do pescoço de Dulce fazendo Anahí sorrir com a cena. – A titia já vai meu amor me dá um beijo. – Pediu apertando a menina em seus braços.
Lorena a beijou na bochecha e começou a chorar, largando Dulce e indo esconder o rosto no colo de Anahí.
— O que foi meu amor? – Anahí não conseguia entender o porquê do choro.
— Eu sabia que isso iria acontecer – Começou Maria em seu jeito de ser – Não percebeu que ela não saiu do lado da sua amiga, desde a hora que se sentou ai? - Dulce e Anahí se olharam confusas.
— Filha, não quer que a titia vá e isso? – Passava a mão na cabeça da filha que balançou a cabeça confirmando.
— Ohh!! Que fofa, Anne me apaixonei pela sua filha – Considerou Dulce derretida - Vem cá minha princesa – Puxou Lorena para seu colo a beijando muito, causando cosquinhas e a risada da menina logo tomou conta da sala – Olha aqui – Lorena a encarou – A titia vai passar tanto tempo com você que você vai me mandar embora depois de enjoar, mas hoje a tia tem que ir.
— Promete? – Pediu Lorena com o dedinho levantado.
— Prometo – Considerou Dulce dando o dedinho para Lorena que abriu um sorrisão.
— Lorena dá um beijo nessa sua nova tia e vamos tomar um banho. – Aconselhou Maria sabendo que a menina correria sério risco de chorar ficando para a despedida.
Lorena fez o que Maria pediu, se despediu de Dulce e beijou a mãe na boca, ainda de mãos dadas com Maria dava tchau para Dulce.
— Ela é muito fofa né? Se apega fácil
— Ela está sensível – Começou Anahí explicando – Uma menina na escola disse que ela não tem pai porque o pai não gosta dela, imagina o quanto isso abalou ela? – Respirou fundo – Ontem a noite quando vi minha filha destruída por isso, me senti a pior pessoa do mundo. Ela ainda está triste. Dulce ela é uma pimenta e hoje ela ficou aqui com a gente quietinha, isso me mata porque eu sei o motivo dessa carência - Começo a chorar sendo consolada por Dulce.
— Não fica assim amiga, isso vai acabar, você vai contar para ele e tenho certeza de que ele vai ser o melhor pai do mundo, precisa ver como ele trata as sobrinhas.
— Eu sei! Não sabe o que aconteceu ontem!! Definitivamente ontem foi o pior dia da minha vida – Resmungou Anahí.
Anahí passou a contar com detalhes o que aconteceu no dia anterior no shopping, Dulce logo ligou os fatos com o que Ucker havia contado.
— Anne, ele te viu – Anahí arregalou os olhos – Ele contou para Ucker, ele te viu na frente de um colégio, mais ficou na dúvida se era você – Contava Dulce se dando conta – Ele pensou em ir atrás, mas está com medo de você ter alguém ou você fugir, desaparecer outra vez.
Anahí baixou a cabeça, ficou pensativa, isso significava que ele pode gostar de mim, mas porque me traiu, perguntava-se.
— Anne, está na minha hora, mas pensa na sua filha e resolvi isso logo – Aconselhou Dulce – Depois você e ele pesam em vocês, nos sentimentos de vocês. Eu vou estar aqui para ajudar, é só você não sumir – As duas sorriram.
— Obrigada amiga – Abraçou Dulce.
Depois que Dulce foi embora, Anahí foi jantar com Maria e a filha, Maria e Anahí acabaram o jantar e Lorena como sempre continuava a mesa, como sempre choramingou para a mãe dizendo que não queria mais, dessa vez Anahí a olhou, viu o semblante triste da filha.
— Tudo bem... coloca o prato na pia e vem aqui se deitar no colo da mamãe. – Maria olhou Anahí recriminando sua atitude, Anahí desviou o olhar afinal Maria não conhecia o motivo disso e Anahí não tinha coragem de contar.
Lorena fez o que a mãe pediu e correu para os braços de Anahí que passou a fazer cafuné na filha. Quando Maria deixou a sala para ir dormir Lorena estava quase dormindo.
— Filha como foi na escola hoje? – Lorena se virou escondendo o rosto nos seios de Anahí – O que aconteceu? Conta para a mamãe.
— Eu falei para todo mundo o nome do meu pai, falei que ele mora longe, mas ninguém acreditou em mim – Começou a chorar – a Vitória disse que era tudo mentira.
— Lorena olha para a mamãe – Lorena levantou o rosto com os olhinhos vermelhos – Em breve você vai apresentar o seu pai para todos, principalmente para essa menina – Anahí estava com raiva da garota.
Lorena assentiu, mostrando a Anahí que também não acreditava na mãe, cortando o coração de Anahí, mas a fazendo criar coragem para resolver as coisas – Chega Anahí a sua filha não merece pagar pelos seus erros.
Anahí ainda dormia quando sentiu uma mãozinha quente em seu braço, abriu os olhos e viu o rostinho abatido de Lorena.
— Mamãe, me ajuda? – Levantou o edredom e se enfiou debaixo, Anahí se sentou assustada com o que a filha disse.
— O que você tem filha? – Passou a mão na testa da filha que estava quentinha, mas não tinha febre.
— Estou doente, não posso ir para a escola. – Anahí entendeu que a filha estava bem, mas não queria ir para escola, provavelmente por causa da história do pai.
— Lorena, sem desculpas! Você irá para a escola sim, tem que aprender a enfrentar as coisas, não pode se esconder – Lorena a olhou com cara de choro, levantou-se e foi para seu quarto, Anahí respirou fundo, precisava ajudar a filha. Olhou o relógio, faltava dez para as quatro da manhã, significava que provavelmente Lorena ainda não tinha dormido ou pior teve pesadelos. Levantou e encontrou a filha encolhida no sofá da sala. – Vem dormir com a mamãe?
— Não! – Estava muito brava com a mãe. Anahí se sentou ao lado dela
— Está difícil né filha? – Fazia cafuné na menina – Vai passar, a mamãe promete. Vamos dormir mais um pouco já que hoje você não vai para escola podemos ficar mais tempo na cama. – Lorena levantou-se rapidamente e abraçou a mãe.
— Obrigada! -Anahí sentiu os olhos se encherem de lágrimas.
— Vamos – As duas levantaram e Lorena andava na frente de Anahí – Cadê os chinelos em mocinha? – Falou ela batendo na bunda da filha.
As duas se deitaram, Lorena se aconchegou nos braços da mãe e dormiu. Anahí não conseguiu mais dormir. Ficou pensando no que iria fazer e como iria fazer. Era quase sete quando Maria bateu na porta e em seguida abriu a porta e assustou-se ao ver Lorena na cama da mãe, Anahí levantou a cabeça para olhar Maria.
— O que ela faz aqui? – Sussurrou
— Já explico. Espere um momento na cozinha, vou apenas ir ao banheiro e já vou – Sussurrou olhando Lorena dormir.
Quando Anahí chegou à cozinha Maria acabava de arrumar as coisas na lancheira de Lorena.
— Ela não vai para a escola hoje Maria. Está mal e também... – Sentou-se na cadeira apoiando a cabeça entre as mãos.
— Está doente? – Se preocupou. Anahí sorriu da preocupação dela
— Não! Lorena teve um problema na escola, a professora pediu que todos os alunos falassem os nomes dos pais e adivinha? Ela se deu conta que não tem pai. Para piorar a situação uma menina a fez acreditar que o pai dela à deixou por não gostar dela – Explicou e Maria estava sensibilizada.
— Meus Deus! Quanta crueldade – Sentou-se largando a lancheira de lado – Por isso está tão quieta.
— Por isso ontem não tive coragem de deixa-la aqui na mesa chorando, ela já está sofrendo tanto que não quero causar mais nenhum mínimo sofrimento – Começou a chorar – Não estou mais aguentando ver minha filha assim Maria.
— Oh filha! A culpa não é sua – levantou e foi abraçar Anahí.
— É sim Maria – Afirmou secando as lágrimas - Meu orgulho, minha covardia é que está causando isso na minha filha – Apontou o quarto onde estava Lorena – Tenho certeza de que o pai dela enlouqueceria se soubesse da existência dela, eu neguei isso a ele. – Voltou a secar as lagrimas.
— Filha você não pode culpar-se assim, era muito jovem, era não – A encarou solidaria a dor de Anahí – Ainda é, fez o melhor que pode, sempre batalhou para que nada faltasse a ela, sempre deu amor.
— Sou capaz de dar minha vida por ela. Vou acabar com esse sofrimento dela hoje, nem que para isso tenha que reabrir uma ferida minha. – Levantou-se indo para o quarto deixando Maria tentando entender.
Anahí entrou no quarto com cuidado para não acordar Lorena, pegou algumas peças de roupas e seguiu para o banheiro, tomou um banho rápido, se vestindo o mais rápido que pode. Pegou os óculos escuros a bolsa, saindo do quarto com os sapatos na mão para não fazer barulho. Chegou na sala jogou tudo no sofá e pegou o telefone celular na bolsa.
— Vai sair filha? – Questionou Maria preocupada.
— Vou sim Maria, mas não se preocupe volto até a hora de você sair – Maria iria visitar o neto, sairia naquela tarde e só voltaria dois dias depois. Anahí discou um número e passou a andar de um lado ao outro esperando a pessoa do outro lado atender, ainda era cedo, poderia ainda estar dormindo.
Dulce acordou com o barulho do celular tocando, Ucker reclamou do barulho e ela logo foi ver quem era aquela hora. Ao olhar o visor viu o nome de Anahí, saltou da cama e seguiu para sala.
— Anne – Atendeu sussurrando.
— Desculpa estar ligando tão cedo, mas preciso da sua ajuda e tem que ser agora antes que eu perca a coragem. Dulce coçava os olhos sem entender nada.
— Coragem para que? – Sentou-se no sofá e viu Maitê aparecer na sua frente.
— Preciso saber onde é a casa ou o trabalho do Alfonso e se possível queria muito que fosse lá comigo – Dulce assustou, despertando.
— O que? Quando? – Quase gritou fazendo Maitê parar preocupada ao seu lado.
— Agora...- Andava de um lado a outro – Se não for agora não será nunca mais.
— Ok, não sei o endereço, mas acho que sei chegar até a casa dele – Considerou preocupada - Não acha que está muito cedo para chegar na casa de alguém e dizer, olha você tem uma filha? – Maitê a olhou estranhando a conversa.
— Não sei Dulce, não consigo e nem quero pensar, você vai comigo? – Estava decidida.
— Está bem, eu vou, espera eu tomar um banho e comer alguma coisa? – Questionou tentando se preparar.
— Onde você mora? Eu vou buscá-la, me passa o endereço – Foi até um bloco de papel e começou a anotar – Estarei aí em trinta minutos, seja rápida.
— Está bem... – Olhou para Maitê com cara de assustada – Anne – Olhou para Maitê que franziu a testa tentando entender – Mai ela está aqui do meu lado, posso levá-la comigo? – Maitê arregalou os olhos ao entender que se tratava da amiga que não via a anos.
— Pode levar o papa se quiser, mas seja rápida. – Desligou
— Ela perdeu completamente o juízo – Considerou Dulce encarando Maitê que espera uma explicação – Ok, vamos do início, mas farei só um pequeno resumo porque temos vinte e nove minutos – Considerou sabendo que precisava contar – Anne me mandou uma mensagem quando soube que estávamos no México, nos encontramos, ela me contou e me apresentou uma filha ...
— Uma o que? – Gritou
— Fala baixo Maitê! Os meninos ainda não podem saber, ela teve uma filha e agora quer falar com Alfonso.
— Mas por que esse desespero? Não entendo.
— Mai, a menina é filha dele – Explicou, ajudando a amiga a ligar os pontos. Maitê arregalou os olhos.
— Ah? Ele vai matar ela – Disparou se sentando
— Vai comigo? – Questionou Dulce buscando o apoio de Maitê
— Nem pensar! Isso vai ser uma loucura – Levantou-se como se Dulce tivesse uma doença contagiosa.
— Por favor Mai – Implorou - Os dois vãos precisar de amigos, eu não vou dar conta sozinha - Maitê respirou fundo.
— Ok! Vamos logo, antes que eu repense e me arrependa – Considerou ainda assustada - Me lembra de quando tudo isso passar, preciso dar umas palmadas na Anne – Dulce sorriu.
— Até ajudo, mas vai se vestir logo que ela já está vindo e está louca.
Em vinte minutos Anahí chegou no endereço indicado e esperava Dulce e Maitê descer.