Juventude à flor da pele

By Kalliel

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É difícil dizer o momento exato em que se ama ou mesmo explicar exatamente como acontece. No minuto em que to... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
5 anos depois
Epílogo

Capítulo 10

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By Kalliel

— Passa a bola, Rayder! — gritou o professor de polo fora da piscina enquanto eu tentava me equilibrar na água morna e enxergar a diferença entre o meu time e o time adversário. Arremessei às cegas e ou vi um apito marcando o fim do tempo e o grito de vitória do meu time. 

Nos guiamos para fora d'água e fomos em fileira para o chuveiro. Passei pelo meu armário, ouvindo o regojizo dos meus colegas sobre a vitória, e agarrei minha toalha e o material de banho. O piso de borracha negra e a total falta de móveis no banheiro da área da piscina fazia os sons ficarem mais altos e ecoarem longamente ao meu redor, o ruído da água se chocando no chão era sempre ensurdecedor, mas mesmo assim eu pude ouvir. 

Um murmúrio melodioso, lento, atrativo. Que tornava todos os músculos das minhas pernas moles e me puxava para adiante, como um canto de sereia. E curiosamente eu parecia o único que o ouvia, ou o único curioso a respeito, sem sequer lutar contra ele.

— Alison... — sussurrei, reconhecendo a voz e apressando meus passos até a origem da canção. Ela tomava banho em um dos cubículos, nua como uma pérola debaixo do jorro do chuveiro e me dirigiu esse olhar desafiador e convidativo antes de simplesmente estalar em uma de suas risadas que tinham esse poder de tremer o inferno fora de mim.

— Você pode esfregar minhas costas, Josh. — Ela lançou o desafio, dessa vez em palavras.

— Vou fazer bem mais do que isso e você sabe.

— E por que está aí parado?

"Bom Deus!"  dei meu primeiro passo em direção ao meu desejo mais acalentado e busquei o sabonete, mas não havia nenhum por perto.

— Não tem sabão. — Sussurrei sentindo um arrepio delicioso tremendo pela minha espinha.

—  Quem precisa de sabão? Só esfregue...

Abaixei a cabeça e agarrei seus lábios com os meus, dando boas vindas ao seu gosto, absorvendo-o e desejando que se impregnasse na minha língua. O vibrar suave dos seus gemidos, provocados pelo agarre audacioso das minhas mãos na sua bunda, apertando os globos redondos, massageando-os e separando-os e empurrando seu pequeno corpo excitado contra o meu.

— Você tem gosto de verão, Alison... — sussurrei contra seus lábios e ela apenas murmurou uma aprovação — De verão e chuva doce. 

— Preciso de você... — Ela revelou num gemido — Preciso agora.

Rapidamente agarrei suas coxas e a impulsionei para cima, usando a mureta do cubículo como apoio ao penetrá-la. Seios corados, redondos e coroados de maravilhosos mamilos enrugados  ficaram ao alcance dos meus olhos e eu simplesmente podia ver tudo que eu sempre quis ver, seu corpo nu, aberto e pronto para mim. Seu sexo cobrindo o meu e tão molhado que se formavam pequenas gotinhas sobre os fios dourados, como pequenas gotas de brilhante, e ela observava, fascinada com a maneira que meu pau era engolido facilmente e repetidamente pelo seu corpo, se agarrando nos meus ombros e travando as coxas na minha cintura.

— Alguém pode nos ver... — Eu avisei, tampando seus lábios quando ela gritou cerrando firmemente os olhos. — se te ouvir. — Lentamente Alison balançou afirmativamente a cabeça e eu soltei sua boca.

Eu a tinha ali, oh Deus, sim! Nos meus braços, somente para mim. Aberta, molhada, corada, excitada e gemendo, exatamente como eu sempre quis, o êxtase se propagava sobre mim como uma quebra de ondas e me dominava, tornando-me uma criatura completamente primitiva e impulsiva, dominante. Apoiando uma mão contra o muro e aplicando mais firmeza e mais rapidez no movimento dos quadris e agarrando minha outra mão com mais firmeza no seu traseiro, sem nunca tirar os olhos da junção dos nossos corpos. Era tão erótico, puro e simples quanto essa necessidade sendo atendida e tão profundo quanto o tremor que sacudia meu pênis e o fazia inchar dentro dela.

—  Mais! Josh, preciso de mais! — Alison rogava com um chiar de dentes, arranhando meus ombros e mordendo meu queixo e logo choramingando dolorosamente. — Por favor... Por favor, Josh.

...

Meu próprio gemido gutural me despertou violentamente. De olhos bem abertos, conferi cada canto escuro do meu quarto, intimamente temendo estar sendo observado e sem ver absolutamente nada no escuro, apenas sequei o suor da testa e tentei respirar regularmente sentindo o toque frio da umidade exagerada nos meus lençóis.

— Puta merda. — Sussurrei na escuridão ao tocar a viscosidade que manchava o tecido antes de simplesmente enrolá-lo numa bola e arremessá-lo no chão. — Puta merda! Porra!

Existem coisas que colocam um sujeito a prova, eu nunca fui muito controlado. Deus sabia que minha mãe sempre implorou que eu controlasse meu temperamento e eu tentei guiar minhas maneiras explosivas do meu melhor jeito depois que ela morreu. Contudo, ali deitado na cama, acordado do sonho mais vívido que eu jamais tive, no meio da noite e com a adrenalina a mil, eu não podia dizer que meu dia começou bem. Definitivamente não.  Nada apagava o gosto dela da mina memória e nada conseguia superar a tempestade de verão que era aquele beijo.

Porra! Foi tudo tão real que eu realmente sentia o gosto dela pulsando nos lábios.

— Inferno! — Eu não conseguia deixar de amaldiçoar.

Reconheci que estava obcecado. Meu estado de espírito era o mais próximo de um gorila frustrado e com fome ou de um urso com a pata machucada. Jamais imaginei o que a frustração sexual podia fazer em um sujeito, ou eu realmente precisava me tratar. Era evidente que as coisas estavam estranhas para o meu lado, quero dizer, Alison representava uma espécie de desafio supremo para mim, ela fazia-me sentir como um cão e uma bola, eu simplesmente tinha que persegui-la e aquilo me deixava muito irritado e ao que parecia ela se divertia muito em me ver irritado - a filha da puta -, me empurrando nos meus limites em frases cortantes, mais provocações e desafios. Me deixando prosseguir com a minha sedução, mas em algum momento me interrompendo pois "ainda não podia ir mais adiante". O fracasso me abatia estranhamente e eu não conseguia mais rolar para o lado e dormir de novo, por mais que tentasse com afinco.

O fato de eu não conseguir tratar as coisas do meu modo convencional me incomodava como um espinho no dedão, mas o fato de que eu não queria simplesmente desistir e encarar o fato de que talvez Alison não estivesse ao meu alcance de repente me assustava. Não era um simples caso de correr atrás de um par de pernas de saia, mas já se tornava algo pessoal para mim ou alguma coisa bem semelhante a isso, o que já era assustador por si só. Uma complicação a mais.

Quero dizer, eu não era nada especial. Era só mais um cara, talvez tivesse lá o meu charme, mas não era como nos livros e por mais que você, como um cara, cresça aprendendo que é incrível ser quem você é, as vezes todas as coisas simplesmente se reúnem pra chutar a sua bunda e tudo que se pode fazer é estar ali e aguentar. Eu não era nenhum astro do time de futebol, nem era um cara romântico, não tinha nenhum talento formidável além da minha teimosia e eu já tinha minha cota de complicações para adicionar essa obsessão por Alison Heart à lista de "porquê a minha vida estava uma merda até ali". Encontrar um meio de tornar a vida mais fácil, era isso que eu gostaria. 

Estiquei meu braço até a mesinha e  agarrei meu celular, discando lentamente e sabendo que aquela era a pior hora que eu podia ligar para alguém, mas eu estava determinado a não sofrer sozinho.

— Alô? — O som do gemido sonolento do meu melhor amigo foi como um coro de libertação.

—  Dev... Sou eu. — Disse lentamente, pois em seu estágio de sono se falasse rápido Devon simplesmente não entenderia.

— Josh? — Ele pareceu tão surpreso em me ouvir quanto eu estava por ter ligado — É você?

— Preciso falar com alguém... Tudo bem se for você?

Josh... — Ele grunhiu alguma coisa — Caralho, Josh! São 4 da manhã! Ficou maluco?

— Possivelmente. — Disse. — Talvez você possa me ajudar e me dar uma porrada na cabeça.

— Eu vou chutar a sua bunda por me ligar a essa hora!

— Você acorda as cinco de qualquer jeito...

Pois eu gosto dessa hora de sono na qual você está me privando agora. Adeus.

— Não! Espera! — elevei a voz com medo de gritar e acordar alguém da casa. — Por favor, cara.

 Ele gemeu longa e sonolentamente, ou talvez apenas bocejou.

—  O que você quer falar?

— Alison... — Devon ficou em silêncio por alguns segundos e eu sabia que ele estava se reprimindo para não dizer "de novo?" ou "ai, o que é dessa vez?" e se eu não estivesse tão perturbado eu teria rido da situação.

Pois então? — Eu estava prendendo a respiração sem perceber, achei que ele fosse desligar na minha cara, mas eu sabia que tinha um bom amigo para contar. Então senti o ar escapando dos meus pulmões bem devagar.

— Não sei o que fazer com ela... De verdade, me sinto numa maldita encruzilhada de merda e amarrado a correntes. E não dou um passo a nenhum lugar com Alison, quero dizer, quero aquela mulher na minha cama para ontem, mas sempre tem algo que nos impede e, porra, meu próprio corpo se rebela contra mim!

As palavras somente saíram. Embaralhadas, meio tortas talvez, mas tentei falar o mais claramente que eu conseguia. 

—  Josh... já disseram que você é muito babaca? — Ele perguntou de repente e eu achei que Devon não havia me entendido.

— O que?

Você é um babaca, Josh, um otário. Ponto. — Não era possível ele estar tão calmo ao me xingar, eu piscava repetidamente encarando as cortinas e o céu noturno lá fora. Talvez fosse o sono ou ele queria vingança por estar acordado mais cedo que o previsto.

— Você está começando a me ofender, cara... 

—  É a verdade, você deve conviver com ela. E eu, como seu amigo, devo ser capaz de te fazer encarar os fatos. — Ótimo, agora ele queria me escarnecer. Maravilha. — O que eu falei com você semanas atrás? Que um dia você iria se ferrar com essa sua mania de pagar de garanhão. Você não é o Eric, você não tem que fazer nada sobre ela. E que porcaria é essa de "fazer algo sobre ela"? 

— Argh! Eu não sei! — Explodi meu temperamento em voz baixa temendo ter acordado alguém — O problema é que fica difícil de me controlar quando eu estou tão excitado que posso martelar um prego com o meu pau!

—  O seu pau não é problema meu. 

— Porra, Devon! Estou tentando conversar aqui. 

— Olha o linguajar. — Ele avisou, me repreendendo paternalmente.

— Foda-se, cara.

Devon era meio puritano no que se dizia a respeito de palavrões, ele não gostava de ouvi-los nem de repeti-los, acho que por ser o único filho no meio de quatro irmãs, duas mais novas e duas mais velhas, e sua mãe era um pouco antiquada na linguagem o que era bem engraçado quando íamos conversar. Ela usava aquelas palavras que ninguém usava no vocabulário diário com tanta propriedade que era natural imaginá-la dizendo coisas como "obtuso" ao invés de imbecil "mixórdia" ao invés de bagunça ou "esfuziante" ao invés de feliz.

—  E então? É uma daquelas coisas que você somente não sabe por quê faz, não é?

—  Acho que sim... — Lentamente inspirei e espirei profundamente. — As vezes me sinto como um animal. Parece que ela tira isso em mim, sabe?

— Aham... Já senti isso antes, é uma coisa...

— É uma merda, cara. — Ajeitei o travesseiro atrás da minha cabeça e estalei o pescoço sentindo os músculos relaxarem

Eu diria interessante. É bom ter alguém que tira o seu eu verdadeiro de você de vez em quando, ou que te faz ver um novo lado seu de qualquer forma. Mas qual é o problema, exatamente...?

Gemi a contra-gosto, porra as vezes odiava essa acuracidade emocional do Devon. Ele pescava as coisas que sentíamos no ar!

 — Alison não fala comigo há dias... Mandei mensagens de texto e ela não me responde.

— Não vai ligar?

— Oh, cara... Não! E ela não atenderia.

Como você sabe? — Não respondi. Devon esperou por meio minuto, mas eu não podia dizer a ele que a ideia de ela não me atender era pior que ela ignorar minhas mensagens. — Josh... Já parou pra pensar que Alison pode sentir algo por você.

— É muito cedo pra falar de sentimentos, Dev... E ela entra em pânico ao ouvir a palavra relacionamento.

— Ok... Beleza, mas isso não anula o que eu disse. E se de alguma forma ela sente algo por você e só quer manter distância e lidar com isso do jeito dela?

— Tipo esfriar? 

Ou esquecer o que sente, se é que sente... Ou vai ver que ela só mudou de ideia.

— Ela não mudou de ideia! — Cara, eu fiquei irritado... Meu amigo queria um jeito de ganhar um soco na cara hoje. — Não fode!

— Então qual é a sua grande perspectiva sobre isso, gênio?

— Eu não sei! Eu... Olha, a garota teve problemas... Ela tem um bebê e o pai do garoto é um verdadeiro filho da puta e ela saiu magoada demais de tudo isso. Eu só não quero que ela se machuque mais, mas não quero me afastar agora, ok?

— Eu sei sobre o bebê. — Ele disse.

— Como você sabe?

Rox... E ela disse outras coisas malvadas, mas eu não acreditei. — Oh, Roxy. Ela precisava de uma lição.

 — Certo... Deixa ela para lá. — Ignorei a ruiva como se deve fazer com algo irritante — Você acha mesmo que Alison faria isso?

—  Eu não sei... Se coloca no lugar dela. O que você faria?

— Eu não sei... A ideia de sentir algo por ela me apavora. — Realmente a perspectiva era tão assustadora quanto a de ser picado por um escorpião. 

De certa forma ela é parecida com você... Ela só é mais legal e não me acorda as quatro da manhã.

— Corta essa. — Sem resistir a provocação eu ri, me sentindo mais relaxado como só conversar com Devon me ajudava, mas sem querer desligar ainda. — Desculpa pela hora, de qualquer forma.

 — Conta comigo, irmão. Você cobre as minhas costas e eu as suas...

— E nós as do Eric. — Completei o antigo juramento que fizemos na infância.

— E ele as nossas... Já sabe. Um tripé.

— É. — Fiz uma longa pausa, apenas respirando e sabendo que teria que me levantar logo — Valeu, irmão.

— Da próxima vez, vou me lembrar de desligar na sua cara. 

— Sei... Tudo está bem aí? 

— Claro, claro... Bom... Kelly está surtando por causa do casamento e está enlouquecendo todo mundo por causa da decoração, mas você sabe que ela nunca foi muito decidida. 

Kelly era a terceira irmã do Devon e iria se casar em alguns meses, eu seria um dos padrinhos, mas Devon foi o escolhido no meu lugar.

— Diga a ela que ainda dá para desistir e fugir para as Bermudas. 

—  Só se eu quiser matá-la! 

— Sei... Eu já vou. Te vejo na aula?

Claro, claro... Se eu não acabar dormindo, eu vou. Adeus.

—  Até mais. 

Existe uma linha tênue entre passar despercebido e ignorar intencionalmente e Alison fazia a segunda coisa eu tinha certeza! Quero dizer, uma coisa era não ter tempo para termos uma conversa simples nos dias em que todas as nossas aulas nos separavam, mas eu via passar a segunda, terça e quarta e ela simplesmente me dirigia um olhar torto e não me deixava falar - nessa mania irritante de me deixar sozinho. Qual é? Não éramos crianças e quinta-feira era um dia sem desculpas, mas ela parecia irritável e intratável apenas. Seria estresse? Me perguntei se Tommy estava doente, já que me lembrava de pais dizendo que era difícil dormir bem ou ter um pouco de sossego quando os filhos pequenos adoeciam pois eles choravam demais e ficavam manhosos e querendo colo todo o tempo. O menino era bem pequeno e acontece de se chegar em um lugar novo e contrair um vírus do qual não estamos habituados, principalmente quando se é criança. De toda forma, eu ainda poderia perguntar e bancar o cara irritante, mesmo que isso pusesse a coisa toda a baixo, forçando a barra. Então, contrariando o bom senso, fui até ela.

— Por que não está falando comigo? — eu quis saber enquanto saíamos do salão de música e de uma aula que foi um pequeno desastre já que nenhum dos alunos pareceu acertar uma só nota e a senhora Vasquez ficou muito, mas muito infeliz.

— Que? Por que acha isso?

— A gente não se fala desde domingo. E esse foi o maior numero de palavras que você me disse até agora.

— E daí? Somos gêmeos siameses por acaso? Não precisamos ficar grudados. - numa ação que eu poderia, mas não ousaria, chamar de pirracenta, Alison abriu a porta do armário bruscamente e quase acertou meu nariz. Era quase um dejá vu.

Ela me empurrava, forçava meus limites de novo e eu só podia apertar meus dentes e encolher meus dedos para me conter.

— Mas precisa agir como se não houvéssemos acontecido nada? — Eu sei o que parecia. A situação havia se invertido e eu era a garota perguntando "por que você não me ligou no dia seguinte?" — Eu te fiz alguma coisa? Ou te machuquei? É sério! 

— Não estou agindo assim como você diz, ok? É só que quero o meu espaço... Olha... É que tem um período do mês que mulheres ficam sensíveis e não querem companhia masculina... — Ela torceu os lábios sem sorrir, mas manteve contato visual — Sabe?

— TPM?! Vai por a culpa na porra TPM? 'Tá de brincadeira?

— Cala essa boca, Joshua! Como se isso fosse da sua conta... — Respirei fundo tentando me acalmar. Eu precisava encontrar um terreno seguro para andar e ela me tirava todas as brechas de novo porque "ficou menstruada"... Era cômico e trágico em iguais medidas.

— Não tem que ficar arrumando uma desculpa, mas eu só queria que você me dissesse porque anda me evitando...

— Olha aqui! — E foi aí que ela perdeu a paciência — Eu não tenho que ficar te dando satisfações sobre meus horários e o que eu deixo de fazer, eu fui clara? Você não é o meu pai! Eu falo com você quando e se eu quiser! — Deixando isso claro, e óbvio que ela não estava gritando, mas falando com uma veemência incrível, Alison abaixou mais a voz e eu acho que ela começou a ficar com raiva nesse instante e logo eu também estava sentindo o mesmo — E garanto que meus hormônios são problema meu.

— Ok. — falei bem devagar, deixando a irritação fluir para fora e sentindo que aquilo só contagiava nós dois — Então quando você melhorar a gente se fala.

Me afastei daquela nuvem de irritação. Tive que fazer isso. Eu acabaria gritando com ela ou beijando-a ou sabe lá Deus o que eu poderia fazer naquela hora e se o indicador de humor de Alison estava certo, ao invés de prazer eu ganharia um chute no saco, pois aquele olhar surpreso no final não parecia uma boa coisa.

Aquela altura a coisa havia ficado meio feia para o meu lado. Quer dizer, além da puta dor na virilha e da tensão que me corroía por dentro agora eu precisava lidar com a pequena fúria que ela levantou dentro de mim pelo resto do dia.

E graças a essa carência provocada por Alison, eu vinha tendo problemas pra dormir.

Por causa da fodida fantasia de gatinha e daquele fodido vestido preto e daquela fodida saia rosa e da fodida coleira de guizo eu vinha tendo visões cada vez mais perturbadoras e excitantes das muitas coisas que eu fantasiava fazer com ela. Eu pensava em coisas leves como um beijo quente durante o intervalo do jogo de basquete - de repente nem assistir ao resto do jogo -, ou num amasso sobre o capô do carro. Em coisas como lamber cada pedacinho do corpo dela ou beber champanhe sobre sua pele. Fantasiava com algemas, venda, penas, palmadas, parafina derretida e muito lubrificante. A expressão "no cio" começou a fazer muito sentido para mim, embora eu soubesse que machos não entravam no cio - pelo menos a maioria.

E pensar em tudo isso me frustrava, ver qualquer tipo de material erótico ou pornográfico me frustrava, e vê-la totalmente vestida me frustrava ainda mais! Qualquer pedaço de tecido cobria o que eu morria por ver, incrementava a minha imaginação e me provocava reações descontroladas e até embaraçosas. Tive que lavar meus lençóis três vezes só naquela semana. Não se pode controlar os sonhos eróticos e o que eles fazem o seu corpo. Garotos e polução noturna, um problema de proporções embaraçosas. E eu ficava muito sem graça quando precisava pedir ao Gordon para me ajudar a tirar as manchas. Ele não me falava nada por ser muito educado, mas nem precisava!

Porra!

E entre esses vexames com o meu mordomo, cheguei a pensar, novamente, que Alison seria inalcançável e estaria entre as mulheres fora dos meus limites, não era a primeira vez que uma mulher era difícil comigo ou que eu tivesse que ter paciência, mas nunca foi tão malditamente difícil esperar por ela. Claro que eu me dava conta que para Alison era difícil simplesmente se envolver de qualquer forma com alguém depois do que aconteceu, principalmente porque ela ficou grávida da última vez que transou com alguém e esse cara acabou quebrando o coração dela, houve uma quebra de confiança para ela, confiança tanto nos outros quanto em si mesma. Mas não havia razão para ela não querer romper aquela defensiva quando eu passei semanas provando que era um sujeito digno de credibilidade, mesmo sendo impaciente e insistente. Mas eu garanti que nenhum coração seria partido ali e que ela estaria a salvo no final.

Ao fim e ao cabo seria só sexo e mais nada, ao meu ver não havia razão para não fazermos aquilo.

Eu podia pensar que talvez ela não me quisesse. Mas era inviável acreditar nesse tipo de coisa dada a adrenalina que corria entre nós sempre que ela estava em meus braços... E ela já havia dito que eu a afetava. E talvez fosse por isso que ela se afastava quando o clima esquentava demais. Algum fodido tipo de reação assustada por eu causar, talvez, mais que um comichão na Alison, como Eric havia me dito e talvez ela sentisse algo mais forte. Talvez eu despertava mais alguma coisa nela. Li em algum lugar uma vez que as mulheres tem um tipo de sentido extra que sempre apita quando elas estão em risco, ao menor sinal elas fogem como uma gazela na savana foge de um leão. É como um alarme de incêndio dentro da mente delas para sua própria segurança, ele faz um ruído ensurdecedor que transmite uma sensação parecida com o pânico e tudo o que elas pensam é em autopreservação. Agia a qualquer momento e em qualquer situação pessoal aleatória. O que me fazia pensar que eu podia representar algum risco para o coração da Alison e ela não se atrevia a não dar atenção ao alarme.

Claro que não podia ser algo forte ou sentimental demais, nós não nos conhecíamos a um nível muito profundo para algum sentimento começar a surgir, mas o potencial talvez existisse. Eu podia imaginar que ela seria um incêndio na cama, que poderíamos fazer coisas maravilhosas um pelo outro - o maior mistério seria se eu conseguiria fazer pelo menos a metade das coisas que eu queria fazer com ela em apenas um encontro fortuito em alguma cama confortável. Eu queria fazer algumas coisas por ela, queria apagar aquela chaga que o Kevin deixou, pelo menos por alguns momentos, para que ela pudesse aproveitar o momento comigo como eu me esforçava para que ela aproveitasse, naquele ponto eu não queria que se passassem alguns anos e eu estivesse arrependido por não poder ter sentido o prazer daquela mulher.

Porra, eu só queria que minhas bolas parassem de doer àquela altura!

O som de alguma coisa vibrando na mesinha de cabeceira me despertou naquela manhã de domingo calorosa e primaveril que marcava, mais ou menos, quase três semanas desde que ela aceitou aquele sorvete e completava uma semana que Alison e eu tivemos o nosso encontro. E eu, sinceramente, já começava a acreditar que ela havia dado o fora...

Era uma mensagem no celular, lá pelas 8 horas da manhã.

Meu telefone celular tocou logo após a vibração. Eu deveria ter regulado para que o alerta de mensagens fosse somente uma única vibração e não toques contínuos que aumentavam o volume gradativamente, mas como eu não fiz isso, o ruído irritante persistiu e cresceu e cresceu até que eu o agarrasse e verificasse. Meu delicioso sonho se desvaneceu na melhor parte. Peguei o aparelho com vontade de arremessá-lo contra a parede, contudo o modelo era novo e eu ainda sentia algum carinho por ele. Tinha uma nova mensagem, mas eu fiquei surpreso por ver de quem era.

Alison.

«Bom dia, flor do dia! :)

Ocupado?»

Respondi com um sorriso besta na cara, mesmo que ela não pudesse ver. Mas já totalmente desperto.

«Bom dia, nada... Estava dormindo...

Sonhei com você de novo (66)» 

Esperei uns poucos minutos e veio outra mensagem.

«Mandei bem?»

Peguei-me rindo sozinho e me sentei na cama antes de responder.

«Depende... O q vc chama de mandar bem?

Mas parece vou ter que lavar o lençol de novo. Oq acha? ;9»

Depois de enviar esta pensei por um minuto, olhei a minha volta em busca de uma ideia e resolvi me arriscar mandando mais uma mensagem logo depois.

«Vem pra cá...?»

Demorou uns cinco minutos pra chegar outra resposta, imaginei que ela estivesse novamente parando para pensar se aceitava correr o risco ou se fugia outra vez com as mesmas respostas: "ainda não posso" "não estou pronta". Eu não me aguentava de curiosidade, querendo saber o que ela tinha a dizer. Ela sabia o que estaria fazendo se aceitasse, certo? Ela precisava ter certeza, ou eu ficaria com dor no saco de novo e isso não era bom para nenhum de nós. Caramba, nunca cinco minutos demoraram tanto.

«Ok.»

Só isso... Sem nenhum texto gigante ou uma carinha feliz ou uma negação. Apenas essas duas letrinhas. "Ok". O que significava eu não sabia, mas para todos os efeitos, era quase um sim. Razão o suficiente para elevar a adrenalina dentro de mim e fazer meu corpo entrar em ação.

Me levantei rápido da cama e recolhi as cobertas suadas e sujas (Deus, eu precisava mesmo que isso parasse). Corri até o Gordon e pedi que ele pusesse lençóis limpos no meu quarto e fui tratar de me arrumar. Escovar os dentes pra tirar o gosto de cadáver da boca e tomar um belo banho e ficar adequado e parecido com um ser humano de novo. Eu não sabia se ela viria logo ou se eu teria tempo de tomar café. Mas bem, de qualquer forma eu teria de comer, então... Que assim fosse.

Saí do banho com a toalha enrolada na cintura e me lembrei de conferir a gaveta da mesinha de cabeceira, verificando meu estoque de camisinhas - era sempre bom estar preparado, mesmo que ela não quisesse continuar até o fim -, o estoque estava bom, mas precisava de alguma reposição, anotei o lembrete no bloco de notas do celular, junto de lubrificante que eu ainda não havia comprado, droga. Peguei uma roupa confortável e tratei de dar um jeito no meu quarto antes de finalmente descer para o café da manhã.

Tirei a roupa jogada do chão e as dobrei, se as embrulhasse como uma bola apenas faria mais bagunça e não economizaria tempo. Conferi o que não estava limpo e joguei no cesto, pus os tênis no lugar que deveriam estar e removi os fios conectados ao computador e os enrolei pondo todos na gaveta. Não era uma senhora arrumação, mas já enganava. Não havia comida no chão pelo menos e cheirava bem. Então estava bom. Talvez eu pudesse perfumar um pouco com odorizador, mas já não havia tempo. Dei uma ultima conferida antes de sair e desci as escadas para encontrar a família sentada à mesa da sala de jantar, naturalmente silenciosos.



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Olaaaa Pessoal!!

Sim eu sei, demorou pra cagaio.... Sorry. Como eu disse eu tive um problema pra ser resolvido e esse capítulo teve que praticamente ser refeito...¬¬ oq não ajudou nada. Mas ok... Eu vou recompensar vcs em breve, mt breve, espero. Então não me odeiem. ok? ok.


Eu quero agradecer, mas do fundo do meu coração a todo mundo q favoritou, sério mesmo, galera, valeu!! Comentem, eu quero falar com vcs!!!! Td mundo q comentou, meu mais sincero obrigada com todo eu amor. Vcs são demais, pessoal... <3


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