Juventude à flor da pele

By Kalliel

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É difícil dizer o momento exato em que se ama ou mesmo explicar exatamente como acontece. No minuto em que to... More

Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
5 anos depois
Epílogo

Capítulo 2

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By Kalliel

A senhorita Gregorian podia dar aulas incríveis, procurava sempre torná-las interessantes e às vezes fazia que fossem meio polêmicas. Ela gostava quando participávamos e discutíamos os temas que ela dava, mas sempre tinha uma única coisa que ela pedia: atenção máxima dos alunos. Porque ela não escrevia a matéria no quadro e matéria falada era mais fácil de esquecer no meio de tantas outras que tínhamos ao longo da semana, e ela falava pra cacete. Mas no fundo eu sabia que ela estava não estava errada, como alunos, nossa obrigação era prestar a tenção e dar o nosso melhor para entender tudo o que eles nos davam, então não adiantava reclamar. O problema era que nem sempre nós estávamos dispostos a dar o nosso melhor para aprender.

Tentei seguir Alison saindo pelo mesmo caminhos através da porta, mas ela já havia sumido entre a multidão de alunos que ia checar os armários e já se encaminhavam para a troca de sala para as próximas aulas. Amaldiçoei o nome da professora em pensamentos por me fazer perder essa oportunidade.

- Cara... - Eric apareceu - Vamos pra aula.

Suspirei. "Talvez mais tarde" pensei. Segui Eric pelo longo e amplo corredor cinza e fomos para a aula de inglês.

Só consegui vê-la outra vez na hora da saída. Ela estava colocando os livros no armário, que curiosamente ficava a mais ou menos quinze passos do meu. Respirei fundo e fui em sua direção, era uma oportunidade que eu não podia deixar passar.

- Oi. É... Alice, não é? - errar o nome de uma garota era uma das minhas melhores táticas pra chamar a atenção dela. Sem discussão, para mim funcionava.

Ela se virou, franzindo as sobrancelhas e me encarando.

- Alison. - ela me corrigiu, com uma voz firme. Eu sorri visivelmente. - Sua caneta, certo? - Abriu a porta do armário quando já estava a centímetros de fechá-la, pegou o caderno vermelho e estendeu a caneta que estava dentro das páginas antes de colocá-lo de volta em seu devido lugar.

- Não era isso, não... - expliquei calmamente - Pode ficar com ela.

- Ah... Falou. - ela balançou a cabeça e ergueu as sobrancelhas fechando o armário e girando a chave.

- Hey, tem uma lanchonete aqui perto, está afim de ir comer um hambúrguer? Talvez um refrigerante... - Sugeri com bom humor - Curte sorvete com coca-cola?

Ela mordeu os lábios e olhou pra cima, como se medisse a proposta, depois estalou a língua.

- É muito legal da sua parte, mas eu passo essa. - deu um passo pro lado, mas eu a impedi pondo o braço apoiado na porta de um armário, a algumas polegadas diante do seu rosto..

- Qual é? - Desafiei-a - Só uma bebida.

- Não posso... - Ela jogou a mochila preta nos ombos e tirou uma mecha do cabelo loiro da boca - Preciso ir para casa.

- Ah, por favor... - Me esforçando em convencê-la, fiz minha melhor cara de cachorro sem dono - Só quero te alimentar. De qualquer forma, eu já ia para lá mesmo. Só queria uma boa companhia.

- Josh! - Roxane surgiu detrás de mim e rapidamente se pendurou no meu pescoço - Que saudade, lindo... - ela puxou meu rosto para perto de si e me deu um beijo na bochecha. Tentei tirar seus braços da minha volta, sem sucesso.

- Oi, Rox... - eu disse, puxando seus braços do meu pescoço - Espera aí... Eu estou ocupado.

- Não está, não... - disse Alison - Agora já tem sua companhia... Eu já vou. - Assim, ela me deu as costas e saiu despreocupada.

- Espera, Alison! - mas ela já tinha ido. - Droga... O que você quer, Rox?! - Inquiri impaciente.

- Ai... Só queria te ver... Grosso! - Ela me deu um tapa no ombro, como se se sentisse ultrajada de verdade, mas eu não caía mais nessa.

- Está certo, já viu... O que você quer?

- Você vai na festa do Jackson? - Ela perguntou, agora excitada.

- Vou... - respondi sem muito ânimo.

Roxy deu um gritinho um pouco agudo demais e me abraçou de novo.

- Vou estar de diaba... E você?

- Não sei...

- Ficaria legal se fosse de anjo... Já que de anjo você não tem nada. - ela deu uma risadinha com o próprio trocadilho - Mas combinaria com a minha fantasia.

- Vou pensar.

- Ok... Depois me diz.

- Tá.

- Tchauzinho. - Me deu outro beijo na bochecha e saiu com aquele andar decidido e dominador, rebolando os quadris como a maldita dona do mundo.

- Tá...

Ela finalmente foi embora e eu também, pelo outro lado, é claro. Roxy estava um pouco mais irritante que o normal naquele dia, mas meu ânimo mudou quando eu cheguei em casa com Madelyn. Cup Cake veio nos cumprimentar abanando o rabo e latindo e eu o acariciei. Madelyn correu até a área de serviço e pegou a correia de passeio e um saco plástico para levá-lo na rua.

- Ele está fedendo... - comentei como se fosse culpa dela.

- Vou levá-lo pra tomar banho amanhã.

- Está bem... - respondi e em seguida murmurei para mim mesmo - Vou tomar o meu banho.

Meu antigo relacionamento com Roxane teve seu devido fim depois que eu descobri o quanto ela aprontava com qualquer menina que havia ficado comigo entre os períodos que estávamos separados por qualquer briga, tédio um do outro ou simplesmente dando um tempo. Ela não parecia ter entendido meu ponto de vista ou qualquer parte do que eu disse sobre não querer namorá-la nunca mais, ela era muito infantil pra entender que eu realmente falei sério. Contudo, eu não era capaz de nutrir sentimentos de ódio por ela, pois Roxy era assim, ela sempre foi dessa maneira e nos bons momentos ela era diferente daquilo. Ela gostava de estar comigo talvez por eu ser uma das poucas pessoas realmente honestas com ela e eu não faço ideia de como ela traduzia esse sentimento que ela tinha por mim. Ela sempre me pareceu precisar de atenção e carinho e eu não sei se alguém já havia se dado ao trabalho de fazer algo por ela nesse campo.

A verdade é que por muito tempo ela me deu pena. Eu a conhecia desde os oito ou dez anos e ela sempre me pareceu precisar de pulso firme, e não acho que alguém tenha dado isso a ela em qualquer momento de sua vida. Hilary, a irmã dela por outro lado, era uma pessoa completamente oposta, bem sucedida, pé no chão, uma advogada de primeira linha. Meu pai a conhecia e comentava que ela era um tubarão nos tribunais. Eu me perguntava, como uma família tão tradicional como os Losieur tinha feito uma filha tão bem preparada para o mundo real quanto a Hilary e uma tão... mimada, imatura e superficial quanto a Roxane?

O pai de ambas, pelo que eu sabia, era um homem muito sério, rígido pelo que eu me lembrava dele. Tinha um temperamento quase glacial e a mãe era tão submissa a ele e ao mesmo tempo com o mesmo calor que o marido possuía - eu a chamava de rainha de gelo secretamente -, não era possível que as coisas com a filha caçula não tenham dado certo se eles fizeram um maldito bom trabalho com a mais velha. Era certo que eu não os conhecia tão intimamente para dizer que eles eram pessoas maravilhosas e que a Hilary era um exemplo de ser humano, mas eu sabia algumas coisas e conhecia a Rox (o que para mim já era Losieur suficiente para se conhecer por uma vida).

E embora eu soubesse disso tudo, eu não podia fazer mais que ignorá-la até fazê-la entender e manter os olhos sobre as mulheres que eu levava pra cama.

-

Só vi a Alison novamente no fim do dia de aula, na quarta, e como se pra confirmar minha primeira impressão ela estava tão linda quanto no dia anterior, calça jeans, camiseta de manga curta, uma jaqueta e botas de couro pretas, de salto quadrado. Até teria falado com ela, mas Roxy grudou no meu pescoço outra vez e não saiu de perto até eu dizer que ia embora.

Levei Devon para casa comigo porque íamos resolver o trabalho de física teórica juntos, já que era em dupla.

- Por que caça a menina desse jeito? - ele falava da Alison, dentro do carro, porquê eu perguntei sobre ela pela terceira vez, sabendo que eles faziam aula de química aplicada juntos antes de física teórica e porque eu havia-a observado enquanto ela saía em um Porsche conversível prateado pelo portão, sozinha.

Primeiro deixem eu me explicar. Não vou enganar ninguém, até aquele momento a única coisa que eu queria realmente era sexo, foi o primeiro pensamento que tive ao por os olhos naquele par de pernas e pude imaginá-las nitidamente ao redor dos meus quadris. Era meio que meu código de ética pessoal, chamem do que quiserem, mas eu, como qualquer garoto idiota e que tentava ser mulherengo para provar a sociedade a veracidade dos seus dotes masculinos, queria provar todos os tipos de "carnes" que surgiam no cardápio - se é que me entendem.

Alison era um prato cheio e me fazia sentir fome por ela.

- Já deu uma olhada nela? - disse olhando na direção do portão da escola da minha irmã caçula para saber quando calar a minha maldita boca.

- Tá, ela é linda, e daí?

- E daí que é linda e eu tenho por obrigação heteroética que transar com ela..

- Puf... - Ele se recostou na no acento do carro com essa pseudo assoprada - E se ela for virgem? Você ainda vai acabar se ferrando por isso...

- Virgem? Você olhou mesmo pra ela? Aquela garota é bonita demais pra ser virgem... - Isso soou mau, como o tipo de sujeito que eu não gostaria de ver perto da minha irmã. Mas eu não me odiei instantaneamente por ter dito. Nem sempre acreditamos naquilo que dizemos as pessoas.

- Isso não quer dizer nada... Kelly Davick é linda e é virgem.

- Kelly Davick é super religiosa. Anda com crucifixo enorme e só falta uma placa em neon, piscando e dizendo "sexo só depois do casamento".

- Sei... Mas você devia parar com isso mesmo assim... Pode acabar rompendo o coração de uma garota especial e se arrepender. E se ela for uma garota super legal e você acabar a magoando? - Isso me irritou pra cacete. Quem ele pensava que era pra me dar lição de moral?

- Escuta aqui, Obiwan... Você nem gosta de mulher, então não me ensine a lidar com elas, porquê nesse campo você não é a voz da experiência, ok?

Ele ficou quieto, mas porque paramos na frente da escola da Madelyn e ela entrou que nem um meteoro, interrompendo o que ele ia me dizer, ou o meu iminente pedido de desculpas.

- Pisa. - ela disse, parecia agitada demais e nervosa demais. Ali tinha coisa e eu sabia.

- O que você fez? - Perguntei firmando os dedos no volante.

- Pisa fundo... Ele vai me matar. - Ela olhou pelo vidro e travou as portas abaixando a cabeça por baixo das mãos.

- Mad, o que você fez? - insisti e ela soprou de raiva.

- Joguei uma pedra no carro do diretor Hatquim... - Ela confessou agitando as mãos em aflição - Aproveita que ele não sabe que fui eu, vambora. - Bateu os pés no chão do carro e saltou no banco

- Isso foi sem querer?

- É claro... Eu ia acertar o Kyle, mas ele abaixou.

- Por que ia acertar uma pedra no Kyle?

- Porque ele é um idiota! - ela empurrou o banco do motorista, olhando pela janela e pulou no banco de novo - Vai logo...

- Está bem, mas vai ficar me devendo essa. - dei a partida e fomos para casa com ela olhando para trás todo tempo.

Como todo dia depois que eu voltava do colégio, Cup Cake veio choramingando e abanando o rabo. Como havia prometido no dia anterior, Madelyn buscou a correia e foi levá-lo para tomar banho. O cheiro estava muito ruim e eu pensei em trocar a pet shop que ele frequentava.

- Depois vou pedir que venham buscar o Bob. - ela avisou enquanto saía - O pelo dele já está ficando duro... Fica atento que o taxi dele deve aparecer por aqui em algumas horas.

- Está bem.

- E por falar em cachorro... - comentou Devon - Você está me devendo uma por eu ter salvado o seu rabo com a Gregorian.

- Depois eu devolvo... - Prometi - Vamos... Quero fazer esse trabalho logo e ficar livre. - Fomos caminhando pela entrada, subimos a escada a direita e fomos pro meu quarto.

- E o teu velho? - Ele quis saber.

- Na mesma... Eu quero acabar logo esse ano. - Respondi fechando a porta e tomando cuidado de que o mordomo não estivesse ouvindo - De repente ele fica melhor com isso.

- Ele tem que superar essa parada da sua mãe...

- É... - Fiquei calado por um minuto enquanto jogava o material sobre a escrivaninha e Devon aproximava o pufe para a minha direção e sentava-se nele. - Olha... Desculpa pelo que eu disse... No carro. - Cacete, odiava isso. Mas fazia parte dessa coisa de melhores amigos você conhecer o momento em que pisa na bola e reconhecer que foi um idiota completo. - Passei dos limites.

- Ah, tudo bem...

- Sério?

- Sério, Josh... Veja bem, somos amigos há anos e eu sei o quanto você pode ser um idiota completo até sem querer. - Ele zombou de mim.

- Ah, cala a boca... - retruquei.

Devon era um cara muito maneiro. Tipo o meu guru intelectual e espiritual. Há um tempo atrás, quando ele saiu do armário foi estranho a princípio, eu fiquei meio ofendido por alguma razão e nós brigamos feio, mas aí depois de um tempo bateu aquele choque de realidade. O cara era meu amigo desde o primário e sempre me respeitou da mesma forma que eu o respeitava e ele era tão discreto que eu nunca suspeitaria que ele era gay se ele não tivesse me contado. Eu percebi que não tinha o direito de me chatear ou de me sentir insultado, não era minha vida e ele nunca foi afim de mim - por isso eu era muito agradecido, já que ficaria um clima esquisito se isso tivesse acontecido. No fim eu tive que me desculpar por ter dito umas coisas ruins no calor do momento, fui realmente ofensivo e sei que o magoei muito, pois ele já passava por um momento delicado com a família e não precisava que seu melhor amigo fosse um verdadeiro imbecil com ele como eu fui. Nós ficamos melhores amigos de novo depois de eu aceitar que havia errado e pedir desculpas (não pela primeira vez).

Mas Devon sempre foi cuidadoso com as mulheres. Deve ser por isso que todas as vezes que namorou uma delas, antes daquele dia, ficavam um tempão juntos e sempre terminaram amigavelmente.

Devon distribuía conselhos. Isso às vezes era bom.

Às vezes enchia o saco.

Já Eric era o esquisito dos três. Ele era um pouco brigão, mas acho que porque era gordo até a oitava série e todo mundo caía em cima, ele foi alvo de muitas piadinhas de mal gosto e também sofreu nas mãos do time de basebol até que aconteceu alguma coisa sinistra, que nós nunca soubemos, e ele saiu do time e nunca mais voltou e nem foi igual a antes. Aí ele foi pra um acampamento de gordinhos e perdeu metade do peso. Agora era rato de academia e saía com tantas garotas que eu ficava quase com inveja. Ele nunca me disse o que fizeram com ele, mas ouvi dizer que foi pendurado pela cueca e deixado no alto do mastro da bandeira da escola, só foi achado no dia seguinte, pálido, sangrando, desidratado e muito debilitado. Mas eu não sei se isso é verdade porque ele nunca confirmou nada.

Todo mundo falava que parecíamos os sobrinhos do tio Donald. Eu era Luizinho, o loiro, Eric era Zezinho, o moreno e Devon, seria Huguinho, o ruivo. Funcionava assim desde que tínhamos oito anos, fizemos das calçadas de Beverly Hills o nosso parquinho e todo mundo chegou a nos chamar de capetas pelo menos uma vez na história da vizinhança.

-

No dia seguinte eu descobri que Alison também fazia aula de literatura, filosofia e música junto comigo, na gloriosa quinta-feira. Ela ficava bem quieta nas aulas, na verdade eu só a ouvia falar para perguntar ou responder algo aos professores. Mas minha surpresa foi na aula de música.

A cada semana tínhamos um tipo de aula de música, uma semana era com instrumentos e partituras e na outra era aula de canto, intercalando sempre as aulas. Naquela semana foi canto e a professora de canto era uma colombiana de meia idade que falava alto e tinha sotaque bem forte. Na primeira aula de cada um, ela sempre pedia que cantássemos à capela para que ela soubesse como era o nosso timbre. Todo mundo tinha passado por essa vergonhosa experiência. E com Alison não seria diferente. Logo que entramos e a senhora Vázques nos arrumou em um círculo, ela viu a Alison no meio do grupo e abriu um sorriso enorme que ficava estranho e quase assustador porque ela tinha uma boca grande e grossa.

- Você é nova, certo? - Ela quis saber soando simpática.

- Sim...

- Seu nome...? - Ela pediu ainda com aquele sorriso que tinha o poder de constranger as pessoas.

- Alison Heart.

- Certo... Cante algo... - Alison arregalou os olhos de surpresa.

- Como?!

- Me mostre sua voz, querida... - disse a senhorita Vázques - Cante alguma coisa.

- Ah... Eu não sabia que ia precisar... Não preparei nada... - ouvi Roxy rindo atrás de mim, soando debochada.

- Bobagem, não precisa preparar... Vamos, cante sua música favorita, qual é?

- Ah... Imagine, do Lennon.

- Perfeito... Cante pelo menos o refrão, não tenha vergonha, eu só quero conhecer a sua voz...

Eu meio que prendi a respiração na hora, pensando em como seria ouvir aquela voz sexy cantando. Não me lembro porque, mas abaixei a cabeça enquanto ela começava. Talvez para sentir o poder de uma boa música pairando pela sala.

- Imagine there's no countries, it isn't hard to do. Nothing to kill or die for, and no religion too. Imagine all the people living life in peace. Oh oh oh. You may say i'm a dreamer, but i'm not the only one. I hope someday you will join us, and the world will be as one...

Eu estava em choque. Ela tinha uma garganta inacreditável. Até o momento, a melhor voz que eu conhecia era a da Rox, que era macia, doce e cristalina. Mas Alison tinha uma voz igualmente incrível, alta, forte e poderosa. Eu fiquei bem arrepiado. Olhei para trás, só pra ver a cara de amargura da Rox. Ela vinha me irritando tanto ultimamente que quando eu vi como ela parecia séria e contrariada, quase rolei de rir. A Senhora Vázques sorriu ainda mais e acenou indicando que era o suficiente, depois seguiu com a aula. Na hora da saída eu consegui segui-la depois de trancar minhas coisas no meu armário.

- Alison... Hey, Alison. - Eu chamei tentando tocá-la.

Ela girou sobre os saltos das botas e me encarou com uma expressão impaciente.

- O que?

- Você surpreendeu todo mundo lá dentro. - Eu disse tentando soar simpático, mas um pouco confuso - Que vozeirão...

- E daí...? - Ui, ela parecia azeda.

- O que foi? Você está esquisita...

- Olha... - ela fechou os olhos com impaciência, respirou fundo ao ajeitar a mochila nos ombros e cobriu as têmporas - Eu vou ter que ser bem direta com você. Eu não gosto desses jogos. Não sou uma dessas garotas que suspiram quando você ou um dos seus amiguinhos passa. Então para com o que quer que seja que está tentando fazer... Eu não estou interessada. - a última frase saiu pausadamente como se ela quisesse garantir que eu entendesse caso eu tivesse o raciocínio atrasado.

Eu fiquei meio dividido entre o choque e o orgulho ferido. Não que eu nunca tivesse levado um cai fora na vida, mas nunca levei um tão veemente.

Ela levou os olhos da minha cabeça até os meus pés, em seguida simplesmente virou as costas e me deixou ali. Com toda minha lábia descendo ladeira abaixo. Eu ainda pude ver como ela rebolava um pouquinho enquanto andava. Ouvi uma risada surgir do meu lado. E vi que Devon se dobrava de rir e enxugava as lágrimas dos olhos, na mesma medida que a fúria subia pelo meu corpo.

- Essa foi a coisa mais engraçada que eu já vi...

- Ah, cala essa boca!

- Ela te rejeitou! - ele dizia entre uma intensa gargalhada - Isso é hilário!

- Cala a boca, Devon... - a risada dele só começou a me deixar mais irritado.

"Eu não era recusado" pensei com o orgulho ferido. Nenhuma mulher me mandava passear sem que eu nem tentasse qualquer coisa, sem que eu nem fizesse meu primeiro movimento. Jogo? Ela ainda não tinha visto nada. Quando eu começasse, Alison teria que se esforçar muito para não ficar interessada. Na verdade seria ela quem ia implorar por mim, isso eu jurei pra mim mesmo e solenemente. Alison iria passar pela minha cama nem que pra isso eu tivesse que amarrá-la lá.




---


Olá... Este é o segundo capítulo de Juventude à flor da pele e eu sou nova aqui como escritora. E espero de verdade que gostem desta história. Sintam-se livres para comentar...

Um pouco sobre mim, meu nome é Kalliel mesmo e eu tenho 21 anos, leio fics desde os 12, comecei na época que eram só web novelas mesmo e lia através das comunidades do falecido Orkut. Aos 14 anos (nossa, quanto tempo!) escrevi minha primeira história - quero dizer, comecei, mas eu não consegui terminá-la por razões desconhecidas - e depois de criar a primeira eu não consegui mais parar. No entanto, meu único público era eu mesma. Sim, eu me contava minhas próprias histórias de cabeça - falava sozinha mesmo e falo até hoje. Um belo dia eu resolvi contar pra alguém, fingi que a coisa toda não era minha "ah, eu li por aí tem muito tempo, já devem ter excluído" e fui percebendo que as pessoas gostavam. Então me convenceram a postar minha primeira história na internet, isso tem uns 3 anos e de início só pra amigos realmente próximos. Em abril do ano passado postei minha primeira fic original em outro site, minha primeira experiência com estranhos... Foi assustador. Mas a gente toma um pouquinho de coragem e acaba amando. E agora resolvi que precisava abrir os horizontes mais uma vez e eu vim pra cá. Mais uma vez espero que gostem desta história, eu tenho um grande carinho por ela.

Um grande beijo e até mais.

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