Disse que preciso de espaço, mas
Eu não preciso de espaço, eu
Preciso que você venha até mim.
We Belong - Dove Cameron.
Atualmente.
Já tenho todos os eletrodomésticos essênciais - a síndica do prédio os recebeu por mim - embora ainda falte alguns móveis na casa, mesmo assim, o apartamento se encontra completamente habitável.
Ainda preciso decorar o lugar e dar meu toque pessoal, no entanto, não há mais motivos para continuar dormindo na cama de Greg. E não precisarei dele para montar as estantes que estão para chegar, aprendi a pedir o serviço de montagem.
Olho em volta do quarto, aonde agora minha nova cama king size foi colocada no centro e o guarda roupa embutido na parede oposta já tem minhas roupas.
Meu quarto, meu apartamento. Minha casa.
Faz um bom tempo que não tenho algo para chamar de meu.
Minha tia vai lamentar ter optado ficar ao lado de um homem escroto do que de sua única família. Ela não é muito atenta a jornais e revistas, mas em algum momento o sucesso das obras e da exposição irá lhe alcançar.
Conhecendo-a como a conheço, não vai demorar para que chegue a minha porta pedindo dinheiro.
Suspiro, me perguntando porque mudei o trajeto, estava quase na casa de Greg quando dobrei em uma pista e pilotei até aqui.
Não tem propósito estar lá hoje, porém, a cama chegou no fim da tarde e eu não sabia como dizer a Gregori que agora eu tenho um lugar para dormir.
A velha distância saudável entre nós pode voltar a existir novamente. Pode ser bom.
Tolice. Quem estou querendo enganar?
Apagar o que houve uma vez quando ainda erámos adolescente era até plausível, só que agora somos adultos. E eu não quero mesmo apagar, quero?
As mãos dele, a boca, as palavras sujas... Os beijos fervorosos que ele me deu fizeram com que eu me sentisse a mulher mais desejada do planeta. Gregori não me beijava por tesão, sua boca me devorava por necessidade, e uma parte de mim - que eu desconhecia - gostava de ser almejada de tal maneira.
Vou até a cama, minha nova cama, e me deito nos lençóis escuros em tom de carvão. O edredom grosso é extremamente macio e torna a ideia de dormir neste colchão ainda mais atrativa.
Rolo por todo o espaço que tenho. Greg... Ele adoraria a cama. Ele amaria. As coisas que poderíamos fazer com todo esse conforto... Sim, sim, ele amaria.
Por que inferno fico pensando nele com tanta frequência? É como ter uma música ruim grudada na cabeça e não importa o que eu faça, não consigo evitar, acabo cantando o refrão sem que perceba.
Tateio o bolso de meu sobretudo em busca do celular, assim que o alcanço e o trago na altura de meus olhos, me espanto com tantas mensagens não lidas.
Miss Simpatia:
" você não está em casa"
"Foi no mercado?"
" O que acha de nos comprar uma caixa de leite? Estamos sem"
"Alô?"
" Está demorando muito"
" Reed Spencer, cadê você?"
Normalmente, riria de seus aparente desespero. Agindo assim, ele quase parece um garotinho carente. Eu riria, se não fosse pela primeira mensagem.
"Você não está em casa". Releio uma, duas, três vezes. Aquela não é minha casa, está é.
Mas... Faz tanto tempo que alguém age como se eu tivesse um lugar para aonde voltar. Anica sempre manteve uma linha invisível deixando claro que a casa dela era apenas dela. Não nossa.
Envio uma mensagem curta, dizendo que estou no meu apê.
É melhor não me explicar muito ou pode soar estranho.
Decido tomar um banho, o eletricista já ligou os fios do chuveiro para que eu possa tomar quantos banhos quentes quiser. Serão muitos, odeio banhos frios. Todo mundo odeia.
****
Agarrando a toalha contra o corpo, resmungo a caminho da porta aonde a qual não param de bater.
É o primeiro dia no meu canto e os vizinhos já estão me importunando? Que ótimo.
Não me dou ao trabalho de vestir nada, irei expulsar seja quem for de minha porta em menos de cinco segundos.
Bufando tão alto quanto posso, abro a porta com uma mão e seguro as pontas da toalha com a outra.
— Greg? — esboço choque. — O que faz aqui?
Gregori empurra a porta entreaberta com o sapato, escancarando-a. Recuo perante o movimento repentino.
Ele dá um passo a frente, entrando no apartamento e empurrando a porta atrás de si, fechando com uma batida forte e agressiva.
— Greg? — ele ainda veste as roupas casuais e simples que usava no estúdio.
— Por que fez aquilo hoje?
— Hã?
— Não se faça de boba, Reed — seu rosto me dá todos os indícios de que ele não está de bom humor. — Por que espantou aquela mulher?
— Por você, oras — ela queria montar nele. Aqueles olhinhos de víbora não saiam de cima dele um segundo sequer desde que alcancei o batente na surdina.
— Pareço um menininho indefeso pra você?— me questiona, visívelmente irritado.
O quê? Ele queria que eu deixasse acontecer alguma coisa? Tenha dó. Ela não era o tipo dele.
— Agora só está parecendo um idiota mesmo — estalo a língua desdenhando de sua postura.
O cabelo molhado gruda em meus ombros, algumas gotas de água ainda escorrem pela minha pele.
Gregori pisca, me olhando com mais atenção.
— Aquilo era ciúmes, Reed.
— Prefiro chamar de proteção — retruco.
— Só se estiver protegendo a si mesma de lidar com suas próprias emoções — rebate prontamente.
Dou risada, afinal não faz o menor sentido o que ele tenta insinuar.
— Não foi ciúmes, não estava marcando meu território ou algo do tipo. Você pode ficar com quem... — quiser? É isso mesmo que quer, Reed? Que ele fique com outras pessoas. Que esses lábios toquem outros que não sejam os seus ou as partes mais sensíveis de seu corpo?
— Termine a frase — exige.
Contrário a mandíbula, sem saber ao certo o que fazer.
— Não me dê ordens, grandão — ergo uma de minhas sobrancelhas em aviso. — Sabe que isso é uma atitude muito perigosa.
— A única coisa perigosa aqui é sua covardia, Loirinha.
— Greg... — inflo as narinas. Não sou covarde. Não sou. — Não o convidei a vir aqui.
— Não — concorda sem sair do lugar.
— Por que veio afinal? — pergunto. — Pra me chamar de doida possessiva?
Ele sorri, os lábios se inclinando sutilmente para cima em diversão.
— Não foi isso que eu disse, mas também serve — graceja com deboche evidente.
O dou as costas.
— Vou me vestir — dou um passo e meio, mais ou menos, antes de sua mão envolver meu antebraço.
— Você não precisa se vestir — o familiar e tentador tom rouco a qual venho me habituando assume sua voz.
O peitoral de Gregori encosta-se em minhas costas, assim como todo seu corpo.
Fecho os olhos por um momento, apreciando sua presença me circundar.
Ele rodeia minha barriga com um de seus braços.
— Acho que já tem pano demais aqui...— comenta, a fala arrastada e mais lenta do que há segundos atrás. Maldito seja.
Seu queixo toca a curvatura de meu ombro e os lábios rudes rastejam por meu pescoço.
— Por que veio? — persisto enquanto ainda há um pequeno fio de coerência em minha cabeça. Um fio muito, muito fino e delicado, que está prestes a se romper.
— Não consigo ficar longe — sinto seus dentes. — Mesmo agora, é como se não estivesse perto o suficiente.
Inclino a cabeça para o lado, lhe oferecendo meu pescoço livremente.
— O que quer dizer?
— Enquanto não estiver dentro de você, Reed, não estarei satisfeito — sussurra. — Eu quero você, mulher.
Meus joelhos enfraquecem sob as palavras tão diretas de Greg. Meu corpo todo reage de forma incompreensível, se rendendo há uma espécie de feitiço causado por seu toque letárgico.
— Você queria aquela madame, mais cedo — tento recobrar o juizo.
— Não, eu quero você — repete.
— Se eu não tivesse impedido, teria acabado em uma hidromassagem com ela — em um hotel bem caro.
— Posso ir à uma hidromassagem com você, se quiser — ignora meus argumentos. — Eu quero você.
Cada vez que ele diz as palavras, maior parece o efeito. Estou me esvaindo, amolecendo, cedendo como uma massinha de modelar.
Isso é um desastre.
Ele lambe minha pele, e a mão que paira acima de minha barriga sobe até alcançar meu busto e os dedos que seguram a barra da toalha.
— Quer dormir comigo porque sou como um desafio.
— Não — nega, sem se abalar. — Quero dormir com você porque a quero — ele me aperta contra si e seu quadril se pressiona em minhas nádegas. — Não fez nada e eu já estou completamente duro, Reed.
Sua ereção é inegável e me faz arfar.
Deixo que ambas as mãos caiam ao lado de meu corpo e Greg se afasta apenas meio centímetro para não atrapalhar que a toalha caia aos nossos pés, no chão.
— Vai ser gentil comigo? — questiono quando ele torna a pressionar o seu corpo no meu.
Uma de suas mãos agarra meu seio e a outra desce pelo meu abdômen, fazendo o trajeto até entre minhas pernas.
— Não — morde o lóbulo de minha orelha. — Eu não sou gentil.
É idiotice protelar o inevitável, então abraço os meus desejos de frente.
— Ótimo.