2 •Esqueça Ela - Blue Sky City

By Putzvital

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Reed Spencer é o caos em pessoa, encrenqueira, problemática até o último fio de cabelo prateado e precisa - u... More

Sinopse
Prólogo
1 - Sim
2 - Dia 1
3 - Troglodita
4 - Erro
5 - Olhos pretos
6 - Dezessete anos
7 - Um homem simples
8 - Voyeur
9 - Com ou sem?
10 - Rir
11 - Isso é péssimo
12 - Miss Simpatia
13 - Quem ceder perde.
14 - Bom homem
15 - Penhasco
16 - Sentimentos
17 - Sorte ou azar
18 - Escravo
19 - Prazer
20 - Ele
21 - Louis
22 - Caco de vidro
23 - Barganha
25 - Gentil
26 - Olhe pra mim
27 - Atrás dela
28 - Teste Drive
29 - Aquela Noite
30 - Solidez
31 - Era só isso
32 - Peter Brooks
33 - Duas batidas
34 - Campo minado
35 - Surpresas
36 - Próximo passo.
37 - Dez anos.
Epílogo

24 - possessividade

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By Putzvital

O amor machuca, mesmo quando é certo ou errado
Não posso parar, porque eu estou me divertindo muito.

What the Hell - Avril Lavigne.

Atualmente.

— Não sou masoquista e esse definitivamente não é meu passatempo favorito — Peter tira suas luvas de box vermelhas, atirando-as no chão do ringue.

Em seguida, ele cospe o protetor bucal na mão.

A academia está vazia, tirando o professor e o personal que estão testando os equipamentos de musculação, mal são oito horas da manhã de uma sexta-feira e as outras pessoas do mundo aparentam ter mais o que fazer do que bater em alguém ou se exercitar.

— Qual é, você adora lutar — levo o pulso a boca para soltar uma das luvas e repito o processo com a outra até que ambas caiam também.

— Não — me aponta o dedo indicador. — Reed  adora lutar, eu adoro estar em brigas com vocês. Brigas de verdade com pessoas repugnantes e que eu sinta vontade de bater — pontua com firmeza.

Suspiro pesadamente. Alguns músculos reclamam após terem levado alguns golpes medianos de Peter, mas não chegam nem perto do estado doloroso que Reed me submete quando lutamos juntos.

Ela é meio sádica, e eu gosto disso.

— Só mais um round — peço, precisando tirar esse peso de mim e extravasar o conflito que me rodeia.

O moleque passa a mão no cabelo escuro, jogando os fios que grudaram em sua testa molhada para trás.

— Não, eu tenho amor a minha vida ainda — recusa com uma careta. — Você e o Adam possuem esse hábito estranho de me bater quando algo não vai bem. Já ouviram falar em saco de pancadas? Pode comprar um e pôr na sua casa.

Já levei isso em consideração antes, mas sacos de pancada não revidam ou sangram, e bater em Peter é bem mais divertido - principalmente quando ele implora para que você pare.

— Sacos de pancada não dão opiniões tão bem quanto você — sorrio de canto, tentando amaciá-lo para o convencer a lutar comigo mais uma vez. — É tão bom com os punhos que talvez até supere a Reed, você só é menos raivoso, e nisso ela compensa.

— Ao menos um de nós não precisa odiar o mundo.

— Tem razão — concordo.  É exatamente por isso que funcionamos tão bem há tanto tempo. Todos odiamos e temos raiva de quase tudo a nossa volta, pessoas e coisas, situações - exceto Peter. O maldito é ironicamente o mais estável, e isso é um pensamento perturbador.

— Por que ela não está aqui? Achei que Reed e você levassem isso a sério.

E levamos. Ou levávamos...

— É a segunda semana que ela me dá um bolo. Disse que está focada em um quadro e precisa dedicar sua atenção a ele — ou a se afastar de mim para não passar nenhuma impressão de teor romântico.

Peter me encara, os olhos claros e perspicazes sondando meu rosto.

— Estão transando desde que ela foi morar na sua casa?

Arregalo os olhos sentindo o sangue de meu corpo se concentrar em minha cabeça.

O quê?! Não

Semicerra os olhos, agindo da maneira que mais me irrita, como se soubesse de tudo sobre todo mundo, e talvez ele saiba mesmo.

— Está trepando com a Reed, Gregzinho? — insiste, com mais confiança em sua voz.

— Porra, não tô — nego. — E se estivesse não seria da sua conta.

— Agora entendi porque ela queria tanto que eu te levasse pra sair para que comesse alguém — assovia. — Reed tem uma maneira peculiar de evitar seus conflitos.

Peter e o assunto ganham todo meu foco.

Cansado, me abaixo e sento no chão frio do ringue.

— Está dizendo que Reed me considera um conflito?

— Me diga o que anda acontecendo e talvez eu responda — se aproxima, me imitando, sentando-se a minha frente. —Depois de todos esses anos, não superou ela?

Nunca tive nada com Reed que fosse digno da palavra "superar". Todos os sentimentos que nutri em relação a ela no passado eram totalmente platônicos. Sendo a noite, a única noite, que tivemos juntos há sete anos, um pequeno resquício de realidade fora das fantasias que eu criava sozinho.

Até hoje.

A química que meu corpo sentiu ao identificar o seu na varanda da festa em que nos conhecemos não era uma ilusão. O que poduziámos juntos já havia se provado bastante quente anos atrás, mas, atualmente mesmo que não tenhamos chegado no objetivo final, criavámos faíscas.

Olho diretamente para Peter, sem escudos ou segredos, sem orgulho. Apenas um amigo falando com outro sobre questões que não prefere dizer em voz alta normalmente.

— É sequer possível superar Reed Spencer?

Agora são os olhos dele que crescem em contrapartida à minha pergunta.

— Em nome de todos os santos — sua piedade é evidente. — Tinha que se apaixonar pela mulher mais complicada que conhecemos?

Abaixo os olhos para minhas mãos inertes em meu colo.

— Não sei aonde foi parar meu bom senso — confesso.

— Provavelmente no seu rabo — rebate, sem muita sensibilidade.

— Obrigada pelo consolo, Peter.

— Estou sendo honesto.

Duramente honesto, pelo visto.

Se ele estivesse usando uma de suas roupas caras, como os ternos, ou as calças caqui, o levaria menos a sério. Mas com as tatuagens a mostra, sem camisa e com o cabelo desgrenhado, é difícil não levar sua opinião em consideração quando estamos conversando de igual para igual.

— Ela admitiu ter sentimentos por mim. Não disse o quê ou a dimensão disso, mas ela tem sentimentos por mim — Estava ali quando a beijei ao voltar do lar de idosos, estampado em seu rosto juntamente com o medo.

— Pode ser repulsa por sua cara feia — zomba.

Fecho o punho.

— Peter.

— Desculpe, força do hábito — me lança uma piscadela. — Não dúvido que ela possa ter sentimentos românticos em relação a você. Seria a única coisa que faria sentido a respeito de Reed, ela gostar de você dessa maneira.

Não o interrompo e ele recebe isso como um aval para continuar.

— Justamente por ser algo coerente, possivelmente o ideal a se fazer e sentir, que isso deve a assustar — alega com convicção.— Na vida dela, desde cedo, cada passo que dá acaba em desastre, em tragédia ou decepção. Claro que isso não é culpa dela, ao menos, não era, antes. Só que os erros vieram a se tornar sua zona de conforto.

— Então...?

— Reed e você São a mesma coisa. Sabe quais as chances de darem certo? — indaga, e eu balanço a cabeça em discordância. — São altíssimas. 99,9% de obterem sucesso.

— Não seja idiota.

— É a verdade. Pense a respeito — incita a semente do mal em minha cabeça. — Nesse mundo, que casal poderia se sair melhor do que vocês dois juntos?

***

— Pode entrar! — berro para a porta da sala de tatuagens do estúdio. Adam largou, porém, ainda tenho uma última sessão antes de ir para casa ou mudar de ideia e fazer o trajeto do bar.

Seguindo meu comando, a pessoa gira a maçaneta.

Dou uma olhada rápida no relógio em meu pulso. É quase sete da noite e não tive nenhuma mensagem ou visita de Reed o dia inteiro.

Uma chupada noturna tudo bem, mas nada de enviar um simples "boa tarde, como vai o trabalho?".  Loirinha fria e insensível.

— Boa noite — a voz melodiosa, suave e claramente feminina ecoa no ambiente.

Levanto o olhar para a mulher que adentra.

Usando uma calça preta acinturada acompanhada de uma regata de cetim, a desconhecida tem toda minha atenção.

A mulher caminha pela sala, se aproximando do ponto onde me encontro, seus saltos altíssimos ecoando entre as paredes.

O cabelo dela é curto, muito curto, como o de um cara, só que nem de longe a faz parecer minimamente masculina. Na verdade, os  curtos fios castanhos deixam um rosto arrebatador em evidência, o qual se torna ainda mais chocante com o batom vermelho-sangue que a mulher usa.

A maquiagem forte contrasta com sua pele dourada e ressalta todos os seus traços positivos: como a boca carnuda, o nariz longo e os olhos enormes.

Não vejo tatuagens em seus braços, clavícula ou em qualquer outro ponto que sua pele esteja a vista.

Essa mulher é sofisticada e elegante demais para estar aqui.

— Posso ajuda-la?

— Acredito que sim. Agendei uma tatuagem para este horário, na barriga — diz. — Em nome de Davis.

Davis, era o último nome na agenda do dia. Achei que fosse um cara. Um cara engomadinho querendo pôr algo sombrio no corpo para se sentir mais machão.

— Davis — ela não tem cara de Davis.

— Hanna Davis — sorri, aparentando ler a interrogação em minha cabeça. — é o segundo nome.

Limpo a garganta com a mão, deixando menos óbvio possível que estou um tanto impressionado. Já tatuei algumas riquinhas, madames deslumbrantes, no entanto, nem de longe elas tinham toda aquela presença de Hanna Davis.

Sentado na cadeira de rodinhas, aponto para a maca a minha frente.

— pode deitar. Qual o codigo da arte que comprou para tatuar? — peço. Como os desenhos disponíveis para tatuagens eram autorais, não se repetiam, tínhamos um compromisso de exclusividade com nossos clientes. O desenho tatuado em um ficaria unicamente nele, era o que tornava o estúdio ainda mais especial e procurado nos últimos tempos.

Todos querem ser únicos, é basicamente isso que nos move, a razão por trás da maioria de nossos atos. Ser especial, diferente, autêntico. Ter algo que ninguém tem.

Obedientemente, ela contorna a maca e se senta sobre a mesma deitando-se em seguida.

Impulsiono a cadeira para trás, me aproximando do balcão aonde o notebook com todas as artes reservadas estão. A aba com a janela para os códigos está aberta para facilitar meu trabalho.

— shadow 7 — fala seu codigo e eu o digito. A imagem de uma borboleta sombria, se desfazendo em pedaços, com os traços de uma caveira em suas asas, aparece na tela.

Dou dois cliques e a impressora ao lado faz seu papel, imprimindo o contorno que usarei para o decalque.

— É um desenho bastante macabro para alguém como você — comento. Mulheres como ela, se ousavam marcar a pele, optavam por corações ou frases bonitas e motivacionais.

— Alguém como eu? — soa ofendida. Droga. Não devo expor minhas opiniões para clientes.

Pego a folha impressa, a caneta e as luvas e me arrasto novamente para perto da maca.

Hanna Davis tem uma ruguinha na testa, a qual aguarda a resposta para sua pergunta.

— Levante a camisa — a ignoro. — Disse que seria na barriga.

— Hum, mandão — ergue a regata até a altura de suas costelas, revelando mais de sua pele dourada, um abdômen plano e a ausência completa de manchas.  — Eu gosto disso.

Olho rapidamente para a senhorita Davis, apenas para pega-la me olhando de volta.

Um homem tende a suspeitar quando uma garota aparenta um leve interesse. Contudo,  Hanna não só parece estar interessada em mim, ela definitivamente está flertando.

— Aponte para a região que quer o desenho — me mantenho profissional tanto quanto posso.

A mão da mulher se direciona na região rente ao cós de sua calça, ao lado direito de seu umbigo.

— Acha que vai ficar sexy? — insiste em sustentar o diálogo.

— Vai ficar como deseja que fique — respondo de maneira superficial e evasiva. Normalmente até daria um pouco de corda, se não estivesse cansado como estou.

Mentira. Não dou corda por causa dos incidentes recentes. O motivo tem nome, identidade e ficha criminal.

Reed.

Ela não deveria ser um impeditivo para que eu esteja com outras mulheres. Mal tinhamos alguma coisa, como ela amava me lembrar.

Mesmo assim, só persistia na minha memória os seus lábios ao redor do meu pau, ao meu redor. Aquela língua maldita...

— É sempre assim tão receptivo? — ironiza enquanto apoio a folha no lugar escolhido e inicio o decalque.

Ele costuma ser um doce a maior parte do tempo — uma voz também feminina, mas menos suave que a de Hanna atrai nossa atenção.

Reed tem a lateral do corpo encostado no batente da porta e os braços cruzados sobre  um sobretudo preto e grosso que lhe alcança os joelhos, exatamente aonde as botas pretas começam.

A loura tem o cabelo preso no topo da cabeça em um coque desgrenhado, a única maquiagem em seu rosto é o típico lápis escuro que rodeia seus olhos claríssimos.

Hanna me encara, alarmada.

— Oh, é sua namorada? — seu rosto cora em constrangimento, e quando fito Reed a vejo se satisfazer com a vergonha da moça.

Psicopata!

Antes que eu ouse responder, a loira o faz por mim:

— Sou apenas a mulher que dorme sob o teto dele, na cama dele, e vem pro trabalho com ele ocasionalmente — dá um belo de um sorriso falso e repleto de acidez. — Namorada não é o termo ideal.

Abro a boca, aturdido, buscando as palavras certas que não parecem chegar.

Quando ela fala desse jeito, dá a entender algo completamente diferente de nossa real situação, embora tudo que tenha dito não seja mentira.

Hanna Davis se remexe.

— Meu celular — tira o aparelho do bolso de sua calça. — Oh, nossa, que cabeça a minha... — toca a testa, encenando do melhor jeito que pode. — Tenho uma coisa importante para resolver. Posso reagendar?

Sentindo pena da pobre Davis, aceno.

— Claro, é só entrar em contato com nosso atendimento e informar os dados — dou um sorriso de compaixão.

Rapidamente, Hanna Davis se recompõe, levanta-se e se retira da sala com a mesma classe com a qual entrou, passando por Reed que a olha descaradamente, de cima abaixo, assim que a mulher se aproxima.

O. Que. Porra. Foi. Isso?

— Coisinha bonitinha ela — ergue o queixo. Admito que minhas sinapses avisam perigo eminente.

— É, e você a afugentou muito bem — menciono. Se a garota tivesse asas, teria saído voando.

— Afugentou — franze os lábios. — outra palavra bonita que vê nos seus livrinhos?

Ela quer mesmo jogar este jogo?

— conheço outra palavra bonita — giro a cadeira, posicionando ela para que fique de frente para a porta. — Possessividade.

Bufa com escárnio.

— Não sei do que está falando — a expressão inocente que Reed faz é digna de um oscar.— Estava salvando você dela, era uma devoradora de homens. Ela pularia no seu zíper em cinco minutos.

Internamente, estou gargalhando.

— Nossa, o pesadelo de todo homem, não é mesmo? — Nem era para tanto. Hanna apenas se insinuava, mas nada tão agressivo como a doida na porta fazia soar.

— Estou indo, então. Te vejo em casa — é incapaz de esconder a carranca.

— Te vejo em casa.

Peter poderia estar certo sobre nós?

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