Operação Luthor

By _BiaSantos

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Uma coisa é de conhecimento comum para todos os agentes do FBI: Lionel Luthor fabrica drogas ilícitas. Mas o... More

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 39 parte 2
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51

Capítulo 2

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By _BiaSantos

Oi,

Mais um capítulo, me conte o que acharam nos comentários ;)


- O quê?- A pergunta soou tão surpresa e atordoada quanto ela mesma se sentia, e Kara soube no mesmo instante que havia cometido um erro.

Kira Luthor teria se levantado diante da agressão e devolvido o tapa sem sequer questionar.

Em frente a ela, Lena havia perdido um pouco da pose imperiosa e parecia mais uma assassina, com olhos ardentes, mandíbula serrada e punhos se fechando e abrindo lentamente como se fosse uma terapia para evitar a agarrar pelo pescoço.

- Tínhamos um trato! - Lena atirou- Só se passaram seis meses.

Um trato?

Kira não havia mencionado nada para ela.

Toda a paixão e carinho no aeroporto haviam sido uma farsa.

Um papel muito bem executado.

Kara mordeu a bochecha internamente para refrear o pânico que estava crescendo descontrolado dentro dela.

Lena Luthor a havia enganado, havia encenado tão bem que até mesmo ela, uma agente treinada, tinha caído.

Lena havia mostrado a ela o que ela esperava encontrar, ninguém nem mesmo havia pensado em considerar qualquer outra coisa que não uma esposa amorosa para recebê-la.

Eles tinham confiado na palavra de Kira, ela tinha confiado.

O que ela faria agora?

Tudo bem.

Kara apertou o edredom entre os dedos com força.

Nem tudo estava perdido. Lena ainda parecia acreditar que ela era a esposa dela.

- Fale- Lena latiu- Quero uma boa explicação, não, boa não, quero uma ótima explicação para você ter voltado a colocado seus pés imundos nessa cidade!

Kara levantou o rosto para olhar para Lena que tinha um dedo apontando na direção dela e olhos inflamados.

Kara revirou a mente em desespero, repassando as aulas de Kira, tentando se lembrar de qualquer coisa que ela havia mencionado que pudesse salva-la daquela situação. Mas não havia nada.

Porque Kira não a havia avisado que a esposa dela literalmente a odiava?

Qual era o sentido de tudo aquilo?

O que estava acontecendo?!

Havia até mesmo um trato para mantê-la longe?

Ela estava totalmente perdida.

O sentimento era de que ela havia treinado para enfrentar uma princesa que em um piscar de olhos tinha se transformado na rainha malvada.

E Kara não se enganaria em achar que era apenas uma briguinha comum de casal. Não, o ódio que ela via nos olhos de Lena enquanto a mulher a encarava era cru, cultivado durante muito tempo, mortal e totalmente dirigido a ela.

- Eu... - Kara gaguejou e se amaldiçoou. - Eu estou doente.

Não era totalmente uma mentira, não de acordo com o plano deles.

Uma suposta doença já havia sido planejada para que Kara usasse como desculpa quando Lena tentasse... Dormir com ela.

Agora ela apenas seria usada para outro fim.

Uma pequena mudança.

Mais uma.

Como se o plano todo não estivesse desmoronando a cada palavra que saia da boca de Lena.

Merda.

Alex.

Alex deveria estar ouvindo tudo pelo microfone implantado no colar que naquele exato momento descansava no pescoço dela.

E diferente de Winn, Alex não estaria surtando.

Não, Alex nunca surtava em uma missão.

Naquele momento a mente de Alex já estaria na metade de um plano para resgatá-la.

O coração de Kara disparou como costumava disparar quando ela e Alex se enfrentavam em um ringue.

Não.

Os dentes dela se encontraram com força dentro da boca.

Ela não deixaria Alex acabar com tudo.

Muito menos Lena Luthor.

Kara não iria permitir que Lena acabasse com aquela missão, a missão dela.

Lena Luthor não iria destruir a oportunidade dela de provar que ela estava bem e que podia sim entrar naquele ninho de cobras e sobreviver a ele, que ela, Kara, não iria quebrar.

Tinha que ter um jeito de concertar as coisas e ela iria achá-lo.

A expressão que transformou o rosto de Lena denunciou que ela não estava esperando por aquela resposta.

As sobrancelhas negras se franziram e as mãos pálidas pararam o movimento repetitivo de fechar e abrir.

- Doente - Lena murmurou para si mesma.

Kara a observou, ela quase podia ver as engrenagens girando para processar as novas implicações através do cérebro de Lena.

Sim e você vai ter que engolir isso.

- Que tipo de doença?- Lena perguntou lentamente, os olhos fixos nela como se Kara fosse um filhote de coelho indefeso.

Ela calculou cuidadosamente as próximas palavras que diria.

Lena era uma cientista e certamente iria querer provas, ela tinha exames falsos dentro da bolsa, eles deveriam servir, a menos que Lena quisesse que ela refizesse os exames.

Se Lena exigisse isso às coisas iriam ficar ruins, muito ruins.

Ela tinha que dar um jeito nisso. Se pelo menos ela tivesse alguns minutos sozinhas para pensar.

Lena tornava aquilo impossível olhando-a do alto como se fosse uma imperatriz cruel.

Um ruído abafado veio do ponto eletrônico no ouvido de Kara e ela se segurou para não desviar os olhos de Lena -que parecia querer a cabeça dela em um espeto- para a bolsa que havia caído sobre o colchão a alguns centímetros de distância.

- Um problema íntimo- Ela finalmente respondeu.

Alguma coisa cruel e zombeteira brilhou nos olhos de Lena.

O estômago de Kara se apertou.

- Posso imaginar qual é o seu problema intimo- A voz de Lena pingava desprezo e nojo- É isso?- Ela soltou uma risada incrédula- Você contrai uma doença asquerosa e supõe que pode voltar?

Kara tentou não fazer uma careta com o tipo de doença Lena achava que ela tinha.

Ela teve que se esforçar muito para sorrir para Lena, os lábios dela estavam rígidos.

- Bem, por que não?

Ela tinha que manter o papel , Kira não abaixaria a cabeça tão facilmente.

- Porque não?- Lena repetiu as palavras lentamente- Porque não jogá-la da varanda? Essa é minha duvida!

Lena de repente avançou e os dedos frios se fecharam em torno do pulso de Kara com força, as unhas curtas se ficaram no antebraço dela.

- Está me ameaçando, meu anjo?- As palavras saíram automaticamente, como se por aqueles segundos Kara não fosse mais a dona da própria voz, como se Kira estivesse falando através dela.

Foi uma sensação perturbadora.

A pele de Kara estava queimando sob o aperto da mão de Lena, e parecia errado quando a mão de Lena estava gelada.

Lena não desviou os olhos, a desafiando.

Kara se sentiu ser engolida para dentro de uma floresta de pinheiros sombrios enquanto se recusava a abaixar a cabeça.

Ela quis fugir e ao mesmo tempo se embrenhar entre os galhos.

Lena a manteve imóvel como uma mariposa cega pela luz, incapacitada, impotente, assustada.

Kara podia ver o próprio rosto refletido nas íris verdes, e ela odiou o que viu.

Cacos. Pedaços.

O peito de Kara começou a queimar, primeiro uma brasa solitária e então uma fogueira ardendo.

Quem Lena Luthor achava que era?

Quem era Lena Luthor para destruir tudo o que ela tinha trabalhado e lutado tanto para conseguir durante meses?

Ninguém.

Absolutamente ninguém.

Com os dentes apertados dolorosamente um contra o outro Kara agarrou a mão que Lena usava para apertava o braço dela.

Não era mais tão difícil olhar para ela.

-Se me der licença - Ela disse entre dentes- Pretendo tomar meu banho agora, feche a porta quando sair.

Os cantos dos lábios de Lena se curvaram para baixo e Kara não precisou arrancar a força a mão do antebraço dela, Lena a soltou antes, como se estivesse com nojo de tê-la tocado.

Kara se levantou da cama lentamente, apenas desviando os olhos dos de Lena quando precisou dar as costas a ela para dar alguns passos em direção a porta que ela sabia ser o banheiro.

Ela estava apenas esperando e estava pronta para o momento em que Lena a puxaria pelo braço e a arremessaria varanda abaixo.

Kara podia sentir o momento se aproximando pela tensão no ar e se a queimação que sentia na nuca fosse algum indicativo aconteceria logo.

Talvez não fosse uma boa idéia dar as costas a um Luthor, mas ela manteve a posição, precisava parecer relaxada e no controle da situação e não desesperada.

Uma batida na porta do quarto estourou a bolha de tensão e Kara virou o rosto para olhar por sobre o ombro.

-Sra. Lena?- Uma voz feminina nervosa e abafada chamou do outro lado da porta.

- Sim?

Uma risada incrédula quase escorregou para fora de Kara quando a voz de Lena soou muito mais suave e educada. Nem mesmo parecia a mesma pessoa que queria assassiná-la há poucos segundos atrás.

- Luna caiu da bicicleta- A mulher disse do outro lado, ela parecia agoniada.

Kara manteve os olhos em Lena e observou com atenção os olhos verdes se arregalarem levemente e o rosto dela ficar mais pálido do que o normal.

- Já estou indo, Jess!

Lena se virou e disparou para a porta tão rapidamente que Kara se assustou, mas então ela parou subitamente diante do batente e se virou com a mão pousada na maçaneta.

- Ainda não terminamos- Lena grunhiu sem nenhum pingo da suavidade anterior na voz antes de sair silenciosamente do quarto.

Kara ficou parada onde estava, congelada, esperando, com os olhos fixos na porta.

Quinze segundos se passaram.

Quando ela teve certeza de que a madeira espessa iria continuar perfeitamente imóvel ela finalmente se permitiu um suspiro que era uma mistura de alivio e preocupação.

-Kara?

A voz de Winn fez o coração dela querer sair pela garganta.

Kara abriu a boca para responder, mas então pensou melhor e correu para o banheiro.

Ela teria que verificar se não havia escutas ou câmeras no quarto mais tarde.

Ela não iria se esquecer de que estava na casa que abrigava toda a família Luthor.

Sentada sobre a tampa da privada- porque as pernas dela estavam fracas demais para permanecer de pé - Kara falou em um sussurro:

- Estou aqui Winn.

- Esta machucada?! Ferida?! Oh meu deus, que porra foi essa?!

- Você ouviu tudo?

- É claro que ouvi! Meus aparelhos são de qualidade!- Ele guinchou meio ofendido e preste a ter um ataque- De que trato ela estava falando?!

- Eu não sei!

- Oh meu deus, Kira nos enganou! Será que ela sabia quem éramos o tempo todo?!

- Se acalme Winn -Kara rosnou, eles não precisavam de outra pessoa em pânico ali- Agora passe para...-Kara fez uma careta- Passe para a Chapeuzinho Vermelho.

- Ela não está aqui!- Winn respondeu desesperado.

-Como assim não está ai?!- Kara perguntou deixando um pouco do desespero que sentia escapar.

- O Lobisomem foi promovido temporariamente e convocou uma reunião emergencial quando descobriu que iniciamos a missão, eles não estão conseguindo contatar Papa Bear e então Chapeuzinho Vermelho foi convocada!

Snapper para Diretor chefe?! Só podia ser uma piada.

- Quer dizer que somos apenas nós dois?- Winn fez um som estrangulado e Kara sentiu o desespero aumentar.

O que ela iria fazer agora?

Antes ela não sabia exatamente se queria a opinião de Alex, mas isso era quando ela tinha uma escolha!

O cérebro dela se dividiu em dois, cada um dos lados defendendo os pontos positivos e negativos de Alex não estar presente.

Kara não tinha duvidas de que o cérebro de Alex seria bem vindo naquele momento, Alex sempre fora capaz de se afastar da situação e dissecar cada parte dela e ela sempre tinha uma solução quando terminava.

Kara era diferente, ela era boa em ação, o cérebro dela havia sido programado para agir no momento, em ler expressões e dizer o que queriam ouvir e não exatamente a calcular dez passos no futuro.

Ela até podia fazer isso, e vinha estimulando muito o cérebro ultimamente, mas ela nunca seria tão rápida ou precisa quanto Alex.

Por outro lado, se Alex estivesse ali provavelmente estaria naquele exato momento ditando friamente todos os motivos que eles tinham para abandonar aquela missão suicida, Kara não teria nenhuma chance para falar, porque quando Alex terminasse ela passaria imediatamente para o plano de fuga que tinha planejado.

Alex era a segunda em comando, ela teria que acatar a ordem em silencio.

Talvez fosse melhor que Alex não estivesse ali afinal.

Kara afastou a franja da testa.

Ela podia ouvir a respiração alterada de Winn.

- Sra. Kira?

Kara prendeu a respiração, a voz era feminina e vinha do lado de fora da porta do banheiro.

Ela tinha batido?

Não era a mesma mulher que tinha vindo em busca de Lena.

- Winn?- Ela chamou em menos do que um sussurro.

- O quê?-O rapaz respondeu com a voz abafada como se estivesse comendo algo e provavelmente estava considerando a necessidade que tinha de ingerir tudo que fosse comestível e estivesse ao alcance da mão quando ficava nervoso.

- Sra. Kira?- A mulher chamou novamente.

- Tem alguém no quarto. - Ela sussurrou.

- Não saia, por favor- Winn pediu com a boca cheia- Não sei o que fazer se te descobrirem!

Ela tinha certeza de que Winn estava lá quando Alex e John esclareceram todas as medidas de emergência, ela tinha certeza porque Winn era o único sentado na mesa com ela!

- Eu não tenho escolha - Ela grunhiu baixinho- Vou ficar bem- Ela não tinha tanta certeza disso.

Soltando um suspiro baixinho Kara se levantou e olhou para a própria imagem no espelho sobre a pia sofisticada antes balançar a cabeça em um acordo com si mesma e destrancar a porta.


Havia uma mulher morena, magra e baixa do outro lado da porta. Ela vestia um uniforme de camareira; uma saia branca até os joelhos e camisa de botões verde escuro.

Ela olhou para Kara com um olhar contemplativo, os olhos escuros varrendo a agente dos pés a cabeça.

- Ah, Sra. Kira estou feliz que tenha voltado- Ela sorriu brilhantemente- No que posso ajudá-la?

Kara sabia quem ela era.

Shioban, a empregada que vivia nos calcanhares de Kira.

Isso era bom, ela não era obrigada a responder as perguntas de uma funcionaria.

- Um banho seria agradável - Ela respondeu se movendo para o centro do quarto e se distanciando da porta do banheiro.

- Claro, senhora - A jovem sorriu e entrou no banheiro antes de lançar mais um olhar contemplativo para Kara.

Quando o barulho da água enchendo a banheira chegou aos ouvidos de Kara, ela se ocupou em olhar ao redor.

O quarto de Kira era um cômodo grande, bem maior que o quarto dela em Metrópoles, com paredes revestidas com um papel de parede branco com pequenos desenhos de lírios rosa bebê delicados, a cama box espaçosa tinha cabeceira de veludo magenta e estava posicionada de frente para as portas da varanda, as roupas de cama combinavam com a cabeceira.

No centro do quarto havia um tapete felpudo branco-acinzentado e do teto branco pendia um lustre de ferro moderno com pequenos cristais.

Na mesma parede que a cabeceira da cama estava encostada havia uma porta de madeira envernizada e esculpida com desenhos delicados de rosas e espinhos, era a porta que concedia acesso ao quarto de Lena.

O closet ficava do lado contrario da porta de entrada e tinha uma porta de madeira branca de correr que havia sido cortada com desenhos de pés de rosas, Kara podia ver pedaços do espaço através das fendas deixados pelas formas recortadas.

Ela tinha uma idéia do que poderia encontrar lá dentro.

Sob a única mesa de cabeceira do lado direito da cama ficava um abajur de vidro e um porta-retratos.

Kara se aproximou e pegou o porta-retrato simples de prata e examinou a foto.

Era de Lena e de Kira, muito mais jovens e com as bochechas pintadas com faixas de guerra, as bochechas de Lena tinham faixas vermelhas e pratas e as de Kira estavam pintadas de azul e cinza. Kira tinha um braço passado ao redor dos ombros de Lena, suas cabeças estavam encostadas uma na outra enquanto sorriam para a câmera.

Kara se sentiu desconfortável enquanto segurava a fotografia, nela o cabelo de Kira estava apenas um tom mais claro do que o dela naturalmente costumava ser, e a franja dourada que caia pela lateral do rosto de Kira a deixava assustadoramente parecida com ela, com Kara.

Era como se Kara tivesse se esquecido de um momento que tinha vivido, como se alguém tivesse pegado uma borracha e o apagado da mente dela e então tivessem entregado aquela foto a ela para prova de que ele era real, que realmente tinha acontecido.

- Seu banho está pronto, senhora.

Kara se virou subitamente para encontrar os olhos escuros da empregada novamente fixos nela, ela voltou a colocar a foto sobre a mesa de cabeceira e sorriu.

-Ótimo- Kara sabia que Kira não agradecia a ninguém- Feche a porta ao sair.

- Não quer que eu desfaça suas malas?- Ela parecia confusa.

- Mais tarde, agora desejo ficar sozinha.

Os olhos da empregada a estudaram por um segundo antes que ela respondesse como Kara previra:

-Claro, me chame quando precisar senhora.

Ela saiu do quarto fechando a porta suavemente.

Kara suspirou, ela já tinha perdido a conta de quantas vezes havia feito aquilo nas ultimas horas.


Ela entrou na água quente e se sentou no fundo da banheira depois de conversar brevemente com Winn e o tranquilizar.

Winn havia tentando entrar em contato com Alex, mas tinha falhado miseravelmente, Alex não estava atendendo ao telefone, Kara pediu que ele continuasse tentando enquanto ela formava o próprio plano para convencer Alex de que a missão não precisava ser abortada.

Kara desejou que a temperatura da água ajudasse a relaxar todos seus músculos tensos e acalmasse os pensamentos agitados dentro da cabeça dela.

Enquanto se reconfortava com o fato de estar finalmente sozinha-mesmo que o celular estivesse a um braço de distancia- ela permitiu que seus pensamentos correrem pelos acontecimentos desde o momento em que tinha desembarcado do avião e encontrara Lena Luthor.

Os olhos verdes apareceram na mente de Kara.

O modo como as íris verdes podiam lançar facas envoltas em chamas quando há menos de uma hora atrás elas olhavam para Kara como um lago brilhante refletindo a luz do sol parecia completamente absurdo.

Kara levou a mão para o rosto, os dedos dela tocaram o lugar onde Lena a tinha acertado. Ela ainda podia sentir todos os dedo contra bochecha, o minúsculo corte no canto da boca dela protestou com uma pontada quando Kara o cutucou levemente.

Uma carranca se desenhou no rosto dela.

Ninguém jamais tinha batido no rosto dela, não com um tapa pelo menos.

Porque de repente um tapa consideravelmente mais fraco do que um soco de Alex parecia mais dolorido?

Com pequeno grunhido Kara afastou o pensamento e tentou se concentrar em algo que fizesse realmente alguma diferença na situação atual dela.



Quinze minutos mais tarde Kara saiu do banheiro envolta em um roupão rosa felpudo e confortável e com uma toalha branca na cabeça.

Ela caminhou para a porta do closet e a deslizou lentamente para o lado.

Foi inevitável se encolher um pouco diante da montanha de vestidos, calças, sapatos, jaquetas e acessórios arrumados cuidadosamente nas araras, cabides e prateleiras que se apresentaram diante ela.

O lugar era maior do que o quarto em que ela havia crescido.

No canto ao lado da porta ficava uma penteadeira feita de madeira branca e vidro com um espelho retangular, uma quantidade ridícula de maquiagem, pós, batons, pinceis e produtos que há um mês ela nem mesmo sabia que existiam estavam perfeitamente organizados sobre o tampo.

Kara segurou um suspiro.

Ela caminhou pelo closet e evitou olhar para as dezenas de sapatos de salto alto que havia em uma estrutura de madeira na parede lateral. Os pés dela doíam com ferroadas fantasmas só de pensar em estar em cima de um novamente.

Apenas uma olhada superficial sobre tudo o que havia dentro do closet a informou que o espaço guardava um tesouro de centena de milhares de dólares.

Porque alguém pagava tão caro para sofrer em cima de um salto de dez centímetros?

Era uma das coisas que ela nunca iria entender.

A imagem de Lena Luthor equilibrada em cima de saltos altos surgiu na mente de Kara.

Tudo bem, ela admitia, eles eram elegantes e atribuíam uma cerca aura poderosa e intimidante a quem os usava, mas ela não achava que valiam a dor que causavam.

E além do mais Kara tinha o próprio método de intimidação, e ele envolvia um punho e alguns dentes voando para fora da boca do infeliz.

Se desviando, quase fugindo dos sapatos de salto alto, Kara caminhou para o centro do closet e passou os olhos pelas calças jeans, bolsas, chapéus, tênis, sandálias e sapatilha em buscas de gavetas com peças íntimas.

Ela se lembrou delas enquanto estava no banho e ainda não conseguia acreditar que as havia esquecido.

Abrindo uma das quatro gavetas que encontrou em um armário os olhos dela se arregalam quando as encontrou.

Com os olhos quase saltando do rosto Kara ergueu o pedaço de renda escura e minúscula entre os dedos.

- Isso não pode ser uma calcinha- Ela murmurou para si mesma- Isso... Seria melhor nem usar.

Ela pinchou o pedaço de renda de volta na gaveta com uma careta.

Precisava comprar calcinhas decentes. Ela não iria usar aquela coisa, talvez se Alex... Não, ela teria que comprar, era isso ou mandar Winn, o que não uma opção.

Com um suspiro Kara repassou todas as dicas de moda que Kira havia enfiado a força dentro da cabeça dela. Ela péssima com moda, uma calça jeans, uma camiseta e um tênis limpos já deviam ser o suficientes para qualquer lugar.

Mas Kira era uma mulher sexy, as roupas que ela vestia sempre realçavam ou deixavam alguma parte do corpo a mostra, geralmente coxas, costas e o colo dos seios.

Kara sabia que quase nenhuma das roupas do closet serviria para nela, era exatamente por esse motivo que Kira a havia levado para fazer compras, mas com o pouco tempo que tinham e a enorme quantidade de coisas para fazer, elas apenas tinham comprado poucas roupas, Kira havia dito que ela poderia comprar outras quando chegasse a National City.

Por enquanto Kara teria que se virar com o que tinha.

Depois de revirar as quatro gavetas de calcinhas- se é que se podia chamar aquelas coisas de calcinhas- Kara achou uma que considerou aceitável, ainda estava com a etiqueta, aparentemente era conservadora demais para Kira.

Kara retirou as roupas dobradas com perfeição de dentro da mala e escolheu uma calça jeans justa e clara e uma camiseta de alças finas que deixava um dedo da barriga dela a mostra e que tinha um decote razoável e então tênis esportivo branco. Não era exatamente sexy, talvez um sexy mais casual, mas ela já tinha visto Kira usar algo parecido.

Depois de se vestir Kara fez uma varredura no quarto em busca de câmera e escutas, olhando debaixo de moveis, objetos, entre os cabides de roupas, dentro de sapatos e na varanda. Ela testou a porta que separava o novo quarto dela do de Lena e descobriu que ela estava trancada e como Kara não viu nenhuma chave à vista ela deduziu que apenas Lena a tinha, o que era uma desvantagem, Lena poderia entrar a qualquer momento no quarto e a pegar fazendo algo suspeito.

Quando se deu por satisfeita, ela lançou um olhar cuidadoso para a porta fechada do quarto e para a outra trancada e então começou a apalpar as roupas de dentro da mala até encontrar uma elevação em uma das calças jeans e a desenrolou até a que pistola calibre 38 e um relógio de ouro ficassem visíveis.

Kara cuidadosamente enrolou a arma em um pano escuro e colocou debaixo do colchão, com a cama arrumada provavelmente ninguém a encontraria até a manhã do dia seguinte quando precisassem arrumar a cama novamente.

Depois ela colocou o relógio de ouro no pulso, no interior dele havia uma pequena câmera acionada por um clique no botão de ouro lateral, dois cliques seguidos e ela teria uma imagem aproximada do alvo.

Kara arrumou as roupas de volta na mala e a deixou no mesmo lugar onde Kevin a havia deixado antes.

Com um suspiro resignado ela voltou para dentro do closet.

Ela fez uma maquiagem básica, escondendo cuidadosamente a pequena cicatriz que tinha sobre a sobrancelha esquerda, depois se empenhou em dar destaque aos lábios com um batom vermelho e aos olhos azuis com a máscara de cílios.

Kara olhou para o mais novo corte de cabelo com uma careta.

Os longos fios dourados que ela costumava ter tinham sido cortados na altura dos ombros e pintados de loiro claro, mas o pior de tudo era a franja horrorosa descansando na testa dela.

Agarrando o pente sobre a penteadeira Kara penteou os fios estranhamente leves e curtos e resistiu ao impulso de se afastar a franja para o lado.

Depois de conferir a própria imagem completa no espelho três vezes, ela se sentou na cama e planejou a própria rota de escape caso o jantar ocorresse mau.

Porque se ela tinha certeza de alguma coisa era de que naquela noite ela iria se sentar à mesa de jantar dos Luthor, Alex querendo ou não.

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