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SHANE

Vou para o quintal depois de pegar a bola na garagem. Meu pai está sentado na área da frente.

— Que tal alguns lançamentos antes do jantar? — Quero saber.

Desde que me lembro nós fazemos isso todos os dias quando ambos estamos em casa na hora do jantar.

Rae ainda não tinha me respondido quando minha mãe entrou no quarto e avisou que meu pai estava em casa. Embora eu quisesse uma resposta eu deixei as duas conversando e desci porque tenho uma conversa a ter com meu pai também.

Ele ergue o olhar para mim e se levanta indo para o outro lado do quintal pegar distância.

— Ainda sabe como fazer isso? — Ele me pergunta. — Não anda muito ocupado?

— Não tem visto os jogos? O time está melhor do que a temporada passada. — Eu digo e posiciono meu braço lançando a bola para ele. — Além disso o dia tem vinte e quatro horas, tenho tempo de estudar, treinar e ainda me importar com a filha que está vindo.

Ele bufa e me lança a bola de volta com muito mais força do que é necessário.

— Você acha que consegue, mas quando perceber estará em casa com uma criança pequena e não podendo ir longe demais porque tem que fazer sua parte. — É notável a amargura na voz dele.

Fazendo uma retrospectiva mental eu não me lembro do meu pai parecer infeliz ou amargurado. Ele era exigente, mas sempre pareceu bem comigo e com minha mãe. E quando ele falava sobre ter abandonado o futebol era só mais um conselho para mim.

— O que você queria? Que eu não fizesse minha parte? — Pergunto e lanço a bola de novo. — Do que adianta ser um grande jogador, mas não ser um homem honrado? Eu me lembro de nos treinos do time da escola você nos dizer que não poderíamos ser garotos, que tínhamos que ser homens. Eu sou um homem.

Ele segura a bola na mão e a joga na grama e vem até mim a seguir até colocar a mão em meu ombro.

— Você tem certeza que a filha é sua?

— Tenho.

Não. Sim. Nyla é minha, fim da questão, se fizéssemos um exame agora e dissesse outra coisa ela ainda seria minha.

— Essa criança nem nasceu, você não precisa estar perto, pode gastar esse tempo treinando mais. E depois quando for draftado a sua parte vai ser apenas mandar dinheiro para essa menina. — Meu pai fala tão a sério que é meio assustador. — Eu não tinha família rica para recorrer, então tinha que ficar me esforçando para cuidar de vocês. Mas você tem a mim filho, quando for para outro estado jogar não vai precisar ficar pensando nessa criança, eu posso pagar o valor da pensão no início.

Sem pensar muito eu empurro a mão dele do meu ombro.

— Essa criança é minha filha, sua neta, e eu vou ser presente na vida dela. — Falo com a mesma seriedade dele. — E também vou ser um grande jogador, mas se eu não for não vou ficar culpando a ela ou a mãe dela pelo meu fracasso. Todo jogador tem uma vida fora do campo, e não é isso que dita seu sucesso ou não. O que vale é ser um ótimo jogador ou não. E eu sou.

Confiança. Ele me ensinou a ter isso, e não é apenas sobre achar que eu sou o melhor, mas também sobre acreditar que eu dou o máximo possível para ser o melhor.

Eu dou as costas para ele e começo a caminhar em direção a casa.

— Está tentando dizer alguma coisa para mim? Sobre meu jogo?

Paro meu caminho e então respiro fundo antes de dizer algo que eu nunca precisei dizer a ele antes.

— Só tem um Smith com o nome entre os melhores jogadores na sala de troféus e medalhas da escola e que saiu em sites esportivos como um dos jogadores promissores da liga da costa oeste. Isso deve dizer algo. — Me gabo um pouco. — Ah, e acho que não preciso pedir, mas espero que seja gentil com Rae.

Criando nosso futuro (Astros de Duke #5)Where stories live. Discover now