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RAE

Eu estou com fome, muita, e com sono, eu só preciso da minha cama, mas eu não vou conseguir dormir ainda. Como tem sido nas últimas semanas.

Abro a gaveta do guarda roupa e vasculho o fundo pegando a pasta. O teste de gravidez está bem na frente, ou eu devo dizer, os testes. Os três com duas listrinhas bem visíveis.

Meu coração acelera um pouco sempre que olho para eles, mesmo que depois de semanas eu já esteja me acostumando com a ideia de que tem um feto crescendo dentro de mim.

Pego o resultado do exame de sangue e leio pela centésima vez. Eu estou cem por cento grávida, de doze semanas, ou praticamente tês meses, e ninguém além de mim sabe. Mas eu decidi contar para Krista e Lili essa noite porque não aguento mais guardar isso só para mim.

Estou cansada de me esconder em casacos e roupas largas, ou pensar sozinha como contar aos meus pais, e principalmente, o que eu vou fazer sobre o pai desse bebê. Seja lá quem for.

Nunca na minha vida eu me imaginei sendo o tipo de garota que engravida na faculdade, e, acima de tudo, que não sabe quem é o pai. Eu não saio indo para a cama de todo mundo ou transando sem camisinha com frequência. Eu também estava tomando anticoncepcional e até agora a única explicação é que ele falhou.

E agora o pai desse bebê pode ser um babaca abusivo ou um irresponsável galinha. Vou ter que pedir perdão a essa criança todos os dias da vida dela.

Deixo os exames em cima da cama e tiro a blusa para poder olhar meu corpo, minha barriga está formando uma inclinação para frente, não grande o suficiente para chamar atenção, mas também não pequena o suficiente para passar despercebida se alguém olhar bem alí.

- Rae o jantar já ficou pronto! - Krista grita provavelmente da cozinha.

Bem. Acho que é o momento de chocar minhas amigas com uma notícia inesperada.

- O que você fez? - Saio do quarto indo para a cozinha deixando Krista se servir.

A cozinha é pequena demais para ter duas pessoas andando por ela.

- Purê de batata, frango frito, milho. - Krista responde a minha pergunta.

É como se apenas a menção da comida despertasse ainda mais minha fome, me fazendo salivar enquanto sento na banqueta.

- Como está sendo seu início de terceiro ano?

Fazem só dois dias que voltamos as aulas, normalmente eu adoraria os professores já passando trabalhos e os pedidos da minha loja de peças exclusivas recomeçando.

Minha loja, eu me esforço tanto por ela, eu desenho, eu costuro, eu sou toda minha linha de produção.

- Uma loucura. - Admito, mas Krista não tem nem noção do quanto.

A porta do quarto de Lili se abre, mas não olho na direção dela. Estou focada no cheiro bom vindo da comida.

- Rae, você...

Krista e eu nos viramos para Lili. Normalmente eu fico em dúvida de qual de nós é mais branca, mas nesse momento só pode ser Lili, ela está pálida e eu acompanho o olhar dela. Sentada minha barriga forma uma pequena bolinha.

Eu acho que já sabia que no segundo que eu não estivesse usando uma roupa larga Lili seria a primeira a notar a barriga. Ela é muito observadora.

- Deus, Rae, você está grávida?

Acho que o prato ou uma tampa escorrega da mão de Krista e Lili vem até mim depressa. Eu preciso dividir isso com elas.

- Estou. - Respondo sem conseguir elaborar uma frase inteira.

Criando nosso futuro (Astros de Duke #5)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora