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RAE

Outubro

Os dias parecem passar voando ultimamente e parecem ter menos horas, é como se eu só existisse para me alimentar, estudar e confeccionar roupas e ainda assim estivesse falhando em tudo.

As clientes não veem defeitos nas roupas, mas eu acho um milhão deles. Receber um B para a maioria das pessoas pode estar ok, mas meu B na semana passada está me deixando atenta para estudar mais. E, por fim, não importa que eu pense em comer bem, no fim estou sempre comendo besteiras.

Estou de dezessete semanas agora, quatro meses, tenho uma consulta daqui dez dias e já imagino a médica me dizendo que estou fazendo tudo errado.

— Rachelle apenas pare de morder a unha.

Krista está de volta do trabalho e fazendo o nosso jantar, Lili está no quarto cochilando antes do jantar. Ela na verdade dormiria o dia todo se pudesse.

— Eu vou ser uma mãe mediana. — Me levanto e vou até o balcão da cozinha. — Não sou ótima em nada que faço.

Meus olhos começaram a lacrimejar e odeio não ter controle sobre isso.

— Está tudo errado. Minha alimentação, meus estudos, meu trabalho, mal estou vendo meus pais, não consigo fazer o exame com o Smith sem um imprevisto acontecer e principalmente, eu não paro de chorar. — Como agora que estou chorando falando. — Pode dizer, eu fiz a escolha errada, não fiz? Não estava pronta para levar a gravidez adiante.

Duas mãos com tom de pele bronzeado oliva cobrem as minhas mãos pálidas.

— Rae, você fez a escolha que seu coração mandou. — Krista fala com calma e então ergue uma mão para enxugar uma lágrima em meu rosto. — Você sabe como eu estou vivendo isso de que família vem do lugar mais inesperado e pode funcionar se o amor for a ligação. Se você ama o bebê então vamos confiar que tudo vai ficar bem.

O pai do namorado dela acabou por ser o pai do irmão dela, que na verdade é meio irmão agora. E a mãe do Beaumont nem gostava de Krista, ou Jerome, mas agora tudo parece estar bem. Eles estão felizes.

Menos a irmã idiota do Beaumont que tratou Carter como um brinquedo, ela está se divorciando. Krista e Lili dizem que ela é uma cabeça oca preconceituosa.

— Vai ficar tudo bem mesmo, certo? — Pergunto a ela.

— Acredite, eu sou a mestre de saber que tudo vai ficar bem mesmo quando parece que não vai.

E ela é mesmo. Depois de tudo que ela já passou estar bem é uma vitória.

— Tudo bem. — Falo limpando meu rosto.

Caramba, tenho que parar com essas inseguranças e sentimentalismo. Essa não sou eu.

— O que perdi? — Lili surge com o cabelo bagunçado e cara de sono. — Então o jantar está pronto ou só estavam tagarelando para me acordar?

Krista e eu rimos, essa é nossa Lili, sonolenta, faminta, mal humorada, mas uma das pessoas mais maravilhosas e fortes do mundo.

Depois do jantar as garotas colocam um filme, mas volto para o meu quarto e reviso outra vez a matéria da prova de amanhã. Só que não importa o quanto eu estude, ainda parece que não sei tudo.

E pior, não estou conseguindo me concentrar porque começo a ficar com fome outra vez.

Passo a mão pela barriga que já está um pouquinho mais crescida e sorrio.

— Ei dê um descanso para a mamãe, sabe eu estou ficando louca aqui fora, eu preciso terminar de ler isso e entender então vou nos alimentar de novo e vamos dormir. Eu prometo. Agora só me ajude um pouco porque não vai querer ter uma mãe incompetente.

Criando nosso futuro (Astros de Duke #5)Where stories live. Discover now