Capítulo 54

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Percorremos um caminho relativamente longo, meus pensamentos estavam tão atrapalhados e fora de ordem, que mal consegui prestar atenção no tempo, porque se eu tivesse conseguido, talvez eu teria um pouco mais de noção da distancia do lugar que eles estavam me levando.

Assim que o carro parou senti um frio na barriga, dentro de mim eu sabia que aquele pesadelo só estava começando. Eu estava com medo por mim, pelo meu pequeno Luke e por Sam. Se isso tudo era para atingi-lo, sei que fariam alguma coisa com ele, assim que tivessem essa chance.

- Chegamos vadia, saia do carro. - Disse puxando meus braços que estavam amarrados.

Essa voz agora é feminina e era impossível eu não reconhecê-la.

- Ra-raquel? - Eu não deveria ter falado, mas falei.

- Olha só, até que a vadia não é tão burra quanto eu imaginei. - Disse me empurrando para que eu andasse mais depressa. - Agora que sabe que sou eu, não vou poder deixar você sair daqui.

- Eu não vou contar para ninguém! E...

- hahaha - Solta uma risada irônica. - Eu não ia deixar você sair de qualquer forma, otária.

Algumas das lágrimas que escorreriam pelo meu rosto pararam até minha boca, fazendo-me sentir aquele gosto salgado, misturado com desespero. A sensação era de que eu estava submersa, e que a qualquer momento eu me afogaria.

O pano que cobria a minha cabeça, tinha uma pequena abertura embaixo, que fazia com que eu conseguisse enxergar os meus pés, e o chão no qual eu pisava, e claro, uma parte da minha barriga que já estava enorme graças ao Luke. Observando local em que eu pisava constatei que já não estávamos mais em uma área urbana, o chão um pouco úmido pela chuva que caíra recentemente, a grama cheia de falhas com algumas ervas daninhas, mas claro que tudo aquilo não passava de mato. Ao longe era possível escutar alguns pássaros cantando um canto bonito e tranquilo, o que por poucos segundos me fez esquecer onde eu estava.

Andamos até chegar em uma construção, quando pus os meus pés naquele lugar, senti um calafrio na espinha, era perceptível que ninguém ia naquele lugar apenas olhando para o chão e ao sentir o cheiro de mofo e poeira. O chão era feito apenas de cimento, em sua maioria estava coberto por folhas que caíram das árvores, havia também alguns pequenos galhos, e outras sujeiras que vinham da mata pelo vento.

Fomos adentrando cada vez mais para dentro daquele lugar horrível, minha visão estava bastante limitada, mas eu tinha certeza que se eu pudesse descrever um cenário para um filme de terror seria aquele. Chegamos até um comodo com uma porta de madeira e me empurraram para dentro daquele lugar, fechando a porta que estava atrás de mim. Não tinha percebido mas Raquel estava comigo naquele comodo. E puxou com brutalidade o tecido que cobria minha cabeça.

- Esse será seu quarto pelos próximos dias.

DIAS?

- ESTÁ ME OUVINDO? - Disse berrando chamando a minha atenção para si. - Presta bem atenção nisso que eu vou falar agora. - Disse enquanto apertava minhas bochechas juntando meus lábios como se estivesse fazendo um bico de peixe. - Você sempre se achou melhor que eu, ficava tentando me humilhar por causa do seu namoradinho. Mas agora o jogo virou, e se você não andar na linha e fizer o que eu mandar, eu vou acabar com sua raça, loirinha vadia... e não pense que pegarei leve com você, só porque está grávida. Pelo contrário, sentirei mais prazer ainda em machucá-la.

Virou as costas e saiu daquele comodo. Aquelas palavras só mostravam o quão animal e sem coração aquela mulher era. Nunca me simpatizei com ela, e não era apenas por ciúmes de Sam. Eu sentia que havia algo de errado com ela. Escutei a porta sendo trancada pelo lado de fora e assim me senti um pouco aliviada, de naquele momento, estar longe daqueles dois psicopatas. Minhas pernas tremulas já estavam falhando, sentei ao chão encostada na parede, logo abaixo de uma pequena janela que havia no lugar, cercada por uma grade de ferro, prensada pelo lado de fora.

Vez ou outra, eu escutava por alto algumas discussões, algo me dizia que o homem que estava com Raquel também era da delegacia, ele também trabalhava com Sam, mas até o momento, eu não estava conseguindo associar quem seria, ficava imaginando se tinha mais alguém envolvido além daqueles dois.

Assim que o susto maior passou, que eu já estava "aceitando", ou melhor dizendo: a ficha caiu, do que estava acontecendo comigo, comecei a pensar em uma maneira de sair daquele lugar ou de entrar em contato com Sam ou com a polícia. Mas, até o momento nenhum plano era bom o suficiente que valeria o risco de me pegarem e fazer alguma coisa pior comigo e com meu filho.

(...)

Algumas horas se passaram e escuto o barulho da porta sendo destrancada, deixando-me um pouco tensa.

- Vem, precisamos de você para mandar um recado para seu namoradinho.

Apenas fiquei em silencio e fiz o que me mandaram fazer, e fomos caminhando pela casa, desse vez não colocaram o pano sob minha cabeça, o que fez com que eu conseguisse enxergar com mais clareza onde eu estava. Era exatamente como eu estava imaginando, uma casa abandonada estilo filmes de terror, porém agora eles haviam coberto as janelas com alguns pedaços de tecido velho para que eu não enxergasse o que havia do lado de fora, e para quem estivesse do lado de fora não enxergasse o que havia do lado de dentro. Comecei a procurar discretamente para ver se encontrada alguma saída. Quando o vento soprava um pouco mais forte, fazendo o tecido que cobria as janelas se levantar, era possível enxergar que os vidros das mesmas estavam quebrados, mas era impossível passar por elas, já que possuíam grades do lado de fora, não havia móveis algum naquele lugar, era realmente uma casa abandonada no meio do nada, e no lado de fora, única coisa que consegui observar, foram árvores.

Chegamos em um comodo da casa pouco iluminado, contando apenas com uma pequena iluminação artificial e uma cadeira.

- Senta aí nesse banco. - Disse Raquel enquanto segurava meu celular. - Agora eu vou fazer uma chamada de vídeo para seu namorado e você vai pedir para que ele pare com a investigação, e nos entregar todas as provas que tem contra nós.

Fiquei por um tempo processando o que eu deveria fazer,  e Raquel me assusta, berrando comigo mais uma vez. Aqueles gritos dela me assustavam.

- ANDA SUA VACA, FAÇA O QUE EU MANDEI! - Estava tão apavorada que apenas a encarei com os olhos arregalados, não sabia o que fazer. - Segura isso aqui. - Fala Raquel entregando o celular para o homem. E vem andando com passos apressados na minha direção e assim que está perto o bastante sua mão estrala com rapidez e força no meu rosto, o movimento fez com que eu virasse a cabeça para o lado bruscamente e meu cabelo ficasse no meu rosto.

- ABRE ESSA MALDITA BOCA. - E com isso mais um tapa. - E PARA DE ME DESAFIAR.

Senti um gosto metálico na boca. Com isso ela puxa algumas mexas do meu cabelo para trás fazendo com que eu olhasse para cima onde estava seu rosto e aqueles olhos cobertos de ódio.

- Se você não quer falar, eu falo por você. Talvez assim ele entenda melhor o recado que queremos passar. Não adianta só ameaçar não é mesmo, a gente tem que ser capaz de mostrar que somos capazes de cumprir com o que prometemos.

Algumas lagrimas de desespero desceram involuntariamente enquanto ela dizia algumas palavras que eu não consegui interpretar, "graças" ao ataque de panico que senti naquele momento. E aquele sentimento de submersão veio atona novamente até que senti meu corpo se encontrando com o chão gelado.

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Oi oi oi meus queridos leitores!!

Estou de volta com mais um capítulo para vcs! Está cada vez mais difícil escrever! Estou tomando os cuidados para que tudo fique o melhor possível para vocês!
Podem deixar dicas para mim por mensagens ou pelos comentários!

E o que vcs estão achando? E muito importante para mim, pq assim consigo ter uma noção de como está indo a história para vcs.

Obrigada por ler!!!

Bjos e até o próximo capítulo!

Não esqueçam de deixar a ⭐️ e comentar viu?!

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