O Policial

CAPÍTULO 63

Cheguei em casa, mas propriamente dito: a minha zona de guerra. Restos de pizza, fast-food, papeis espalhados para todo lado - de quando eu analisava todas as possibilidades de onde Diana poderia estar, o que eu poderia ter deixado passar, - roupas espalhadas para todo lado, meias, sapatos. Comecei a juntar os papeis e uma pontada de angústia tomou conta de mim ao reviver os piores dias da minha vida naquelas folhas. Juntei todos de forma aleatória enfiando tudo dentro de uma pasta. Eu queria queimá-los, mas aquilo serviria como prova caso precisasse algum dia. Sai pegando as roupas espalhadas pela casa e juntando o lixo espalhado e a louça suja colocando dentro da pia. Eu tinha muita coisa para fazer por aqui também, eu não poderia receber Diana e meu filho nas condições que essa casa estava. Soltei um suspiro longo, mas por hoje, a única coisa que eu conseguiria fazer era isso. Estava cansado demais.

Peguei meu celular e procurei por aluguel de carros, e também pedi uma comida o mais caseira possível, não aguentava mais comer fast-food. Olhei minha galeria de fotos procurando pela foto que tirei mais cedo de Diana e Luke. E tive poucos segundos para admirar até que meu celular tocou, era minha irmã.

- Oi Samantha. - Atendo pouco animado.

- Como está meu irmão?

- As mil maravilhas.

- Fiquei sabendo que meu sobrinho nasceu... e também fiquei sabendo de tudo que aconteceu com vocês.

- Bom, comigo não aconteceu nada. Só Diana que quase morr..

- Eu sei Samuel, só estou tentando ser...

- Ser o que? Empática? Compreensiva?

- Estou tentando amenizar com palavras para não machucá-lo ainda mais. Por Deus, eu nem posso imaginar o que você passou. Mas você está sendo um pouco grosseiro comigo, e eu não sei se você sabe, mas não tive nada haver com essa tragédia que aconteceu com vocês. E só estou preocupada e quero saber como estão.

- Estou cansado Samantha, estou muito cansado. Estamos bem, não precisa se preocupar. Se quiser pode ir visitá-los amanhã no hospital, te mando mensagem com o horário de visitas.

- Você quer companhia? Posso ir até sua casa..

- Estou bem, só preciso de uma boa noite de sono.

- Está bem, qualquer coisa que precisar estou aqui. Não esqueça de me mandar os horários de visita amanhã. Tenha uma boa noite e um bom descanso.

- Ok, obrigado. Boa noite.

Desliguei o telefone e o motoboy chegou. Não sabia que estava com tanta fome até sentir o cheiro daquela comida e meu estomago roncou em resposta. Comi e fui tomar um banho para finalmente dormir.

Acordei em um susto sentando na cama, eu estava pingando de suor, olhei no relógio já se passava das 2hr da madrugada, meu coração estava acelerado. Era um sonho, apenas um sonho.. falei para eu mesmo me acalmando. Não um sonho, um pesadelo que quase se tornou realidade. Nele havia Diana morta em meus braços com nosso filho ainda dentro de sua barriga, eu havia perdido os dois. Levantei da cama e ajoelhei com os olhos marejados agradecendo a Deus por minha realidade não ser aquela. Eu nunca fui um homem religioso, mas naqueles momentos de desespero enquanto Diana ainda estava desaparecida e até o momento que ela acordou no quarto, me agarrar na fé e esperança que tudo ficasse bem, foi o que me manteve firme até o momento. E a partir de agora em diante eu mudaria totalmente essa parte em minha vida. Fui até a cozinha peguei um copo d'agua e tomei um remédio para dormir novamente.

** DIANA **

Já era tarde da noite, acordei por causa dos pesadelos Minha mãe estava deitada no sofá-cama que está encostado na parede, ela deve estar muito cansada também dessa viagem de última hora que ela fez até aqui. Fiquei olhando meu filho dormindo dentro do bercinho e queria pega-lo nos braços, mas não tinha forças para me levantar sozinha ainda. Ele estava dormindo com os bracinhos abertos, observei sua respiração, calma e tranquila. Como ele era pequenino... Realmente, havia puxado ao pai: olhos castanhos, a boquinha era igual. Provavelmente com o tempo esses traços iram ficar mais fortes ainda. Sorri em resposta, ao lembrar a felicidade de Sam ao dizer que Luke se parece com ele.