Capítulo 38

5.3K 307 75
                                    

Parece que no fim de cada
linha eu encontro você.
Como se contornasse seu
corpo com palavras
e restasse sua silhueta
estampada pelas páginas.
Você é o ponto final das minhas frases,
mas está também em cada vírgula,
cada mínimo detalhe
que compõe a minha inspiração.

Parecia Mirag, mas era você.
(Texto retirado do tumblr)

Diana

Depois da ligação de Sam eu não conseguia mais pensar em outra coisa, passei o resto da madrugada lá fora apenas olhando para o céu. Não era como se nada houvesse acontecido, mas sim,  como se tivesse jogado uma bomba em mim e eu não ter reação para fazer mais nada, além de segura-la.

Eu estava simplesmente acabada, confusa, com raiva e cansada por não ter conseguido dormir, tudo me irritava. Por que ele tinha tanto efeito sobre mim? O que tem naquele homem que me totalmente desestrutura? Alguma coisa não é certa, isso não é certo. Eu não posso deixar que alguém me afete tanto ao ponto de eu não conseguir fazer mais nada. Mas quem sou eu para querer algo do tipo, tudo me afeta drasticamente. Aos olhos das pessoas eu sou o ser humano mais frio do planeta a total "Elsa Frozen", mas isso não passa de fachada, é só o que eu deixo as pessoas verem sobre mim, as vezes até tento convencer eu mesma disso.

Ainda estava pensando no meu próximo passo, preciso tomar cuidado com minhas ações, pois mais que nunca, o que eu fizer pode terminar de me quebrar ou ir consertando aos poucos o estrago aqui dentro, porém não sei qual será a minha ação que resultará em cada uma dessas opções. Não sei se retorno a ligação, talvez ele nem lembre que tenha me ligado. Mas a questão é que eu não estou nem um pouco afim de "ir atrás" dele, mas ao mesmo tempo quero. Porque no meu pensamento, Sam no mínimo me deve isso, tentar resolver a merda que fez, ou apenas se desculpar por tudo. Eu queria muito que as coisas se concertassem entre a gente, mas ao mesmo tempo sentia que não era o certo, que aquilo que foi quebrado jamais voltaria ao normal como já foi um dia.

(...)

Percebo que não há mais nada que eu possa fazer aqui fora olhando para o céu, até porque a claridade já estava incomodando. Escuto meu estômago clamando por comida, e quando ele faz isso, preciso logo obedecer aos seus chamados, senão a coisa fica feia para mim. Vou entrando para a casa diretamente para a cozinha arrumar alguma coisa para comer.

- Aconteceu alguma coisa? Está tão calada... - Pergunta mamãe.

- Não. - Digo seca, sabendo que não convenci ninguém que essa resposta era verdadeira.

- Ok, ok. Vou deixar você em paz. - Diz fazendo sinal de rendição e me deixando sozinha na cozinha.

Minha mãe me conhece tão bem, sabia que eu não estava afim conversar sobre o assunto e que prefiro ficar sozinha. Suspiro tentando aliviar a pressão que estava sentindo no meu peito e continuo comendo minha tigela de cereais com leite. Quando estou desse jeito, prefiro ficar calada do que descontar minha raiva em quem não tem nada haver com a situação. Olho para o balcão e vejo muitas sacolas de compras, o que me faz lembrar que é hoje o maldito almoço que eu tanto queria evitar.

- Droga. - Praguejo baixinho, mas parece não ser baixo o suficiente.

- Alguém não está de bom humor. - Diz Gabriel no canto da porta.

- Nem um pouco. - Digo o observando. - Está acordando ou chegando agora?

- Chegando.

- Imaginei, seria estranho se tivesse acordando essa hora. - Encho a boca com uma colher de cereais e continuo falando com a boca ainda cheia. - Acho bom que fique disposto para esse almoço em família. Não me deixe sozinha com as cobras.

O PolicialOnde histórias criam vida. Descubra agora