Cinquenta e cinco

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Espíritos amantes.

A vida dependendo da forma com que é vivida, tem um gosto doce, às vezes amargo. Tudo depende da forma com que você aprende a lidar com as situações; enfrentar os próprios medos e às vezes até enfrentar a si mesmo, o maior impasse para as realizações das suas vontades e convicções. A princípio Springdale não passava de um lugar sem graça, que me deixou completamente perdida, louca para voltar para meu lar, Green Gables, onde a canção dos pássaros eram ouvidas o tempo inteiro ao invés de pré-julgamentos, e o céu podia ser deslumbrado, as pessoas eram diferentes (exceto a senhora Rachel).

Mudanças me davam medo, e acho que isso sempre faria parte de cada célula minha, o medo de não ser aceita, o medo de não conseguir me adaptar, o medo da condenação.

Mas o que isso importa?

A verdade é que, onde quer que estejamos sempre teremos medo de ser quem somos. Fadados a lidar com a aceitação da sociedade, aprendendo a cada dia a nos adaptar em um ambiente diferente, ser humano é ser mudança.

— Mary está grávida! — falou Gilbert entrando no quarto sem pedir licença.

— Meu Deus Gilbert, você podia ter batido na porta — falo enquanto ajeito os cabelos.

— O que estava fazendo? — ele me encara, estou segurando o celular em uma página anônima do Instagram.

— Postando a minha primeira foto — encaro-o.

Ele observa a árvore, e lê o texto com ênfase "ser humano é ser mudança"

Quantos meses? — o puxo para sentar ao meu lado.

— Três meses já — ele diz contente — a família está crescendo.

— Mary e Bash nasceram um para o outro, fico impressionada em ver como existem pessoas que completam as outras.

— O certo é dizer "transbordam" as outras — ele sorri.

Continuo encarando-o como eu tinha sorte em ter o encontrado, como tínhamos sorte em aceitar um ao outro e enxergar o que estava óbvio.

— Você me transborda, Gilbert.

Lhe dou um beijo na bochecha e ela me puxa, caímos na cama, ele desliza o indicador em meu nariz, sua expressão é séria apesar de seus olhos brilharem. Ele aperta minha bochecha em provocação e com a voz manhosa diz em meio a um sussurro:

— Minha cenourinha.

— Como você é ridículo Gilbert.

Dou risada, me levanto e pego uma roupa dentro do guarda-roupa.

— O que vai fazer? — ele diz ainda deitado em minha cama, me seguindo com o olhar.

— Eu vou tomar um banho e depois vou ir a sua casa dar os parabéns a Mary. — me convido.

— Era isso que eu ia falar — ele senta na cama enquanto bagunça os próprios cabelos — jantar em minha casa, hoje?

— Perfeito — brinco com a roupa em minha mão — Diana e Jerry estão convidados?

— É claro — ele se levanta com aquele jeito fofo, caminha até mim e me dá um selinho — e depois se quiser, podemos ir até o alto da cidade.

— Eu adoraria — sorrio — talvez Diana e Jerry queiram ir também.

— Claro — ele concorda — acho que eles irão adorar a vista, às sete venho te buscar.

Movimento a cabeça assentindo, logo em seguida ele some da minha visão.

Anne With An E - Sec XXI (Concluída)On viuen les histories. Descobreix ara