Quarenta e um

1.9K 223 344
                                    

I hate u.

Semanas depois.

Acordei pela manhã com uma enxaqueca terrível, mas não podia faltar principalmente porque começariam os ensaios para o teatro. Os dias sem Diana eram como melodias fúnebres, e sem o Gilbert, bom, eram suportáveis.

Ruby agora se sentava com Tillie, e eu e Gilbert, apesar do terrível silêncio intermitente, permanecíamos sendo uma dupla.

Desci as escadas, sentindo a terrível dor a cada passo mais forte, remexi as gavetas da cozinha, e sem sucesso descobri que não tínhamos sequer um analgésico.

— Bom dia Anne — falou Jerry vestindo seu casaco.

Viro-me para ele com os olhos entre abertos, deixando nítido o meu desconforto. Os olhos doíam e queimavam.

— Você está bem? — ele afina os lábios e me encara com preocupação.

— Eu preciso muito de um analgésico.

Pego dinheiro no cofre em formato de vovô e ponho o casaco.

— Passa na farmácia comigo? — peço — eu preciso muito mesmo de um analgésico.

— É notável — ele ergue os ombros — vamos?

Seguro em seu braço e saímos. Assim que encaro a grande casa avisto os Barrys entrando no carro, e sinto o coração apertado por Diana não estar entre eles.

— Tia Jô pode ajudar — encaro Jerry — será que ela consegue falar com eles para trazerem Diana de volta?

Jerry responde com o silêncio.

— Depois do ensaio vou passar por lá.

— Você acha mesmo que ela pode nos ajudar com isso?

— Sim Jerry, eu acho. E também acho que juntos podemos convencer os Barrys a perdoar Diana.

Aceno para Minnie May que está com as bochechas espremidas no vidro traseiro, a garotinha loira e peralta, faz o mesmo. O Sr. Barry, entra no luxuoso carro sem olhar para nós, com o rosto erguido como se fossemos um grande incômodo.

— Não sei como Diana é filha de pessoas tão... injustas em suas convicções.

— Melhor irmos Anne, vamos nos atrasar.

. . .

Caminho em direção ao armário, e logo percebo que Gilbert está lá. Respiro fundo, afinal, eu o via todos os dias da semana, mas era estranho e muito desconfortável me lembrar de que o armário foi o lugar onde tivemos o nosso primeiro contato.

— Bom dia — falo formalmente, mesmo odiando-o com todas as minhas forças, eu não podia me esquecer de que a educação é algo que não se descarta.

— Bom dia — ele responde seco, enquanto procura algo em seu armário.

O sinal toca, e cada um caminha para um lado, mesmo sabendo que todas as nossas aulas eram juntas. Fazer o mesmo caminho, tornava a situação ainda mais desconfortável.

Anne With An E - Sec XXI (Concluída)Where stories live. Discover now