Dezessete

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O que há de bom no mundo.

Você pode escolher ficar, ou ir embora — repetia em minha mente a cada cinco segundos — estar em um lugar onde não há nada agradável muito menos pessoas agradáveis é um completo incômodo. Percorro os olhos no cômodo e a única coisa que enxergo é uma quantidade consideravel de jovens bêbados com os hormônios a flor da pele prestes a... Deixa pra lá. Eu fui deixada para trás, Diana saiu acompanhada de Jerry e agora os dois estão dançando no meio do cômodo, Ruby desapareceu com um garoto bonito, acredito que estão se divertindo bastante em outros ambientes da casa, e eu, estou sentada em uma das poltronas disponíveis deslizando a tela do celular e me contentando em saber que a primeira "festa" que compareço é uma tremenda desgraça. Eu tenho um gosto atípico para as coisas, estilo de música, forma de se socializar, e para mim, isso não passava de uma tremenda falta de tempo, eu poderia estar imediatamente agora, lendo um livro.

— Acho que você não está gostando muito de tudo isso — um garoto se senta ao meu lado e estica a mão — eu sou Ben.

Ergo os olhos para vê-lo, sorriso brilhoso, olhos cor de avelã, cabelos pretos com um pouco de charme.

— Anne, com E — falo grosseiramente para que ele não se sinta na liberdade de dizer mais nada.

— Ben, de Benjamin — ele pronúncia com um sorriso torto — eu não gosto, mas, fazer o quê? Anne com E.

Sinto meu masseter contrair conforme tento ignorá-lo, desvio os olhos para o celular e continuo olhando as postagens no Instagram. O garoto continua ao meu lado, e puxa o celular do bolso e faz a mesma coisa que eu.

— Escuta — o encaro — quem mandou você vir até aqui?

Ele me encara confuso e morde o lábio inferior.

— Ué, ninguém! — ele olha para a multidão — acha que algum deles faria isso?

— Não sei, eu não sou muito querida — ergo os ombros — ainda mais sendo uma festa da Josie que me odeia mais do que qualquer outra coisa no universo.

— E você está na casa dela?

— Fui obrigada — torno a encarar o celular, enquanto bebo um pouco de refrigerante, certamente batizado em álcool.

— Entendo... Namorado?

Engasgo, e sinto minhas bochechas queimarem, o garoto se levanta e bate três vezes nas minhas costas, o que o leva a estar atrás de mim, assim que sinto o ar novamente baterem em meus pulmões digo:

— Era para me ajudar a desengasgar não ajudar meus pulmões a saírem voando.

Ele gargalha.

— Me desculpe, às vezes não consigo controlar a força. Você está bem? — ele se senta.

— Sim — sorrio — obrigada por tentar me ajudar ao invés de me matar ou sei lá, rir de mim.

— Acho que você realmente não é querida por essas pessoas.

— Consequências — derrubo o celular e nos abaixamos para pegar rítmicamente, o que ocasiona em dois rostos próximos o suficiente para um beijo, mas não o suficiente para mim que não costumo beijar alguém no primeiro dia em que a vejo, contudo, Benjamin (um nome propicio para dar uma cantada ridícula), percorre o olhar até pará-lo em minha boca, e eu faço o mesmo, precisava saber se seus lábios eram tão bonitos quanto seus olhos. No mesmo instante, o barulho de um flash, faz com que voltemos para nossa posição na cadeira.

Anne With An E - Sec XXI (Concluída)Where stories live. Discover now