Treze

3.1K 373 473
                                    

Eu me recuso a qualquer conclusão definitiva.

Minha aparência já não estava das boas, e após uma longa noite de insônia seria impossível estar. Parte da noite — se não foi ela inteira — fiquei acordada me revirando enquanto esperava ansiosamente a notificação me avisando que Gilbert havia aceitado minha solicitação para segui-lo, mas não. Consegui pegar no sono às 5h30, mas logo fui acordada pelo som do despertador que invadiu meus ouvidos como um grito afiado, e minha cabeça, latejava devido ao susto.

Levanto e quase caio para trás quando minha imagem é refletida no espelho, olhos fundos, nariz ainda inchado, cabelos desidratados e sem vida.

— Eu não sei por onde começar — falo para mim mesma enquanto encaro-me.

O celular vibra e corro para olhá-lo e não, não é a confirmação esperada, mas Diana está me enviando um direct.

"Eu disse que não demoraria muito para que ganhasse um celular".

Sorrio e logo respondo:

"Parece que você é uma vidente"

Deixo o celular na penteadeira e falo em voz alta:

— Vamos começar por você, cabelo sem vida.

Entro no banheiro e tomo um banho, considerado o banho dos justos, eu merecia muito após a noite horrenda que tive. Passo meus cremes e assim que termino procuro uma roupa em meu armário, observo o céu, carregado por uma nuvem cinza e um vento sutil, mesmo assim capaz de movimentar os galhos esverdeados da Green Tree, visto uma calça jeans, blusinha de manga longa e um tênis. Penteio os cabelos agora ressuscitados, troco o curativo do nariz e passo uma maquiagem para cobrir as olheiras e disfarçar o meu cansaço. Olho para o relógio, 7h00.

Pego minha mochila e assim que chego no meio da escada me lembro que, esqueci meu celular, eu não estou acostumada a pegar nada além do meu material, retorno e pego o aparelho. Assim que clico para desbloquea-lo vejo a notificação com o logotipo do Instagram. Fico estática, um tanto nervosa por imaginar que provavelmente seria Gilbert aceitando o meu pedido. Afinal, fora Diana e Ruby, que já tinham aceitado só faltava ele.

Assim que desbloqueio o aparelho e observo o touch, sinto meu coração voltar a bombear o sangue para as áreas de meu corpo, não era Gilbert, era Jerry, pedindo para me seguir.

— Bonjour Anne — o sotaque francês soa por detrás de mim e viro-me para encará-lo.

— Bonjour Jerry — respondo.

— Lindo celular — ele elogia — vermelho para combinar com seus cabelos?

— Meu cabelos não são "vermelhos" — solto — são alaranjados — tento explicar.

— Calma, eu só quis fazer um elogio.

— Gilbert jamais me perdoará — falo com tristeza — eu o insultei e ainda por cima o agredi — conto mais do que devia.

— Por que fez isso?

Encaro Jerry e por um momento me lembro de que ele, não sabia da história. Belisco o pão e percebo que ingeri-lo com o nariz machucado é difícil para controlar a respiração.

Anne With An E - Sec XXI (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora