Trinta e oito

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Sorry

Vê-lo sem reação a cada segundo se tornava ainda mais doloroso. Mas tudo que eu queria era aproveitar aquele momento ao lado dele, pois apesar de suas reações serem boas, não tinha certeza se ele voltaria.

E pensar que eu estava prestes a aceitar a proposta de Benjamin, seria horrível depois de aceitar deixar minha consciência falar e descobrir que eu sempre amaria Gilbert Blythe.

— Meu Deus! — diz Ruby assim que cruza a porta — Anne eu sinto tanto por isso, me dá vergonha lembrar que eu não queria que os dois se relaciona-se, me sinto tão injusta!

— Não, você não deve se sentir assim pois sei como é estar apaixonada por esse garoto.

— Eu estava tão cega Anne, era mais possessão do que paixão, e isso é péssimo.

Ruby segura em minha mão, e sinto meus olhos arderem devido às lágrimas que quero soltar.

— Venha — ela me abraça — isso vai passar.

— Eu quero tanto Ruby! — respondo aflita — quero tanto que isso passe e quero tanto que Gilbert acorde, mesmo que não seja para ser meu.

— Vamos, você precisa descansar.

. . .

(Narração Diana)

— Vamos princesa Barry, o seu trabalho é muito demorado.

— Se sou realmente obrigada a fazer isso, não acha que devo fazer da melhor maneira possível?

— Cala a boca — outra garota disse — logo isso vai estar mais sujo do que você possa pensar, só porque é um internato de garotas, não significa que todas sejam limpas.

Afino os lábios enquanto esfrego a privada.

— Olha, se vocês não gostam de higiene o problema é de vocês. Eu sou assim, e se vocês não gostam, não posso faz parte nada para deixá-las mais "satisfeitas".

— Ow — uma garota de cabelos curtos me encarou — parem de provocar a princesa Barry.

Ela sorri e pisca com um olho só para mim.

— Meu nome é Vanessa — ela estica a mão mas logo a recolhe — eu também não gosto dessa imundície, e imaginar que aqui só moram meninas, me deixa um tanto indignada.

— Eu sou Diana — me levanto enquanto lipo as mãos em meus trajes sujos — porque vocês me chamam de Princesa Barry?

— Você não sabe? — ela morde o lábio inferior.

Seus cabelos são alaranjados e ela tem bastante sardas, assim como Anne. A diferença são os olhos, e o comprimento dos cabelos, os de Anne eram longos e às vezes formavam cachos nas pontas, já os de Vanessa, eram curtos na altura do queixo, liso e um pouco mais laranja que o normal.
E os olhos dela eram verdes, tão verdes quanto uma esmeralda.

— Esse internato pertence aos Barry. — ela solta — não me diga que você nunca soube?

— Esse, esse lugar pertence a minha família? — a encaro perplexa — isso não pode ser verdade. Diga-me quem lhe disse essa bobagem?

Todas as garotas começam a cochichar.

— Isso não pode ser real — sento-me no chão — vocês estão brincando não é?

Elas balançam a cabeça em um não.

— Eu, eu sinto muito — sinta lágrima preencher meus olhos — eu não imaginava que esse lugar era... Deles.

Em um segundo parte da realidade de minha família foi revelado a mim na velocidade de um tiro adentrando o peito. Eu era incapaz de imaginar que minha família era dona de um ambiente tão... Cruel.

— O que fez para vir parar aqui?

— Você é uma desertora?

. . .

(Narração Winifred)

Sentia um novo coração pulsar dentro de mim, era inegável dizer que eu não amava aquela criança, mesmo que ela fosse fruto de algo que eu jamais esqueceria.

Era noite quando escutei o telefone tocar. Mas quando vi que a chamada era de Gilbert, não aceitei.

Momentos depois escutei a mensagem de voz que dizia:

" É tarde demais para mim e para Anne, mas talvez não é tarde para seu filho realmente ter um pai "

Meu coração descompassou, eu não sabia que teria uma resposta tão rápida, antes de eu sair de vez de sua casa prometi que jamais o esqueceria. É claro, eu seria incapaz disso, Gilbert merecia ser feliz mesmo que não fosse comigo e com meu filho.

Momentos depois de escutar o áudio, ligo para ele, mas cai na caixa postal e no dia seguinte, Bash me ligou dizendo que ele estava em coma.

Eu não poderia deixar de vê-lo, mesmo que fosse para dizer adeus.

. . .

Assim que chego no hospital vejo a ruiva, a garota tagarela e inocente, e meus instintos, gritam de diversas formas para eu lhe dizer tudo que Gilbert queria que eu dissesse. Mas, eu não consigo.

Ela desliza os olhos em mim, e a amiga faz o mesmo enquanto a envolve em um abraço.

— Olá — falo para as duas que me encaram — onde é o quarto de Gilbert?

Anne revira os olhos como se soubesse o motivo de eu estar lá, mas não consigo me mover quando ela aponta para a porta do quarto fechada.

— Anne — penso em dizer toda a verdade, respiro e desisto.

— Winnie — ela fala com suplica como se adivinhasse que o que tenho para dizer é o que ela quer ouvir.

— Como ele está?

A postura dela se enrijece, e sinto de imediato que a única coisa que lhe convém naquele momento é me dar uma bofetada.

— Não muito bem — ela relaxa — mas se quer vê-lo, deve ir logo — ela diz com impotência — ele pode não voltar.

A jovem ruiva caminha para a saída do corredor. E a única coisa que consigo fazer, é caminhar silenciosamente até o quarto do garoto que fora capaz de arrancar minhas dores e transformá-las em amor.

. . .

Anne With An E - Sec XXI (Concluída)Where stories live. Discover now