Quarenta

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Before you go

— Gilbert?

Me aproximo do garoto que está deitado virado para o outro lado.

— Anne — se vira e me encara.

Corro até ele e o envolvo em um abraço, um abraço tomado por um alívio indescritível e cheio de carinho, apesar de tudo.

— Desejei tanto que você respondesse aos meus chamados, e agora você pode me ouvir e me responder.

— Sua voz — ele diz com dificuldade — foi você quem me guiou para a saída.

— Saída? — o encaro — que saída Gilbert?

Ele tenta se sentar, e eu o ajudo pois é notório o seu desconforto.

— Eu estava preso — seu cenho se franze enquanto ele diz pausadamente — preso em minha mente e sua voz me chamou.

— Eu estive aqui ontem de tarde.

— Sim, eu sei. Eu a ouvi dentro de minha mente, e fiquei atraído por sua voz, a ponto de acordar.

— Que estranho — sorrio — mas que bom que você está bem, e está vivo. O que exatamente você ouviu?

— Eu também te amo, Anne.

Meu coração palpita com o que ele diz, eu não imaginava que seria tão rápido, muito menos, daquela forma. Ele estava certo do que dizia, e eu estava certa de que eu também o amava, apesar de ter uma certeza... Matthew e Marilla estavam certos.
As palavras se prendem em minha garganta a ponto de sufocar-me.

O barulho dos aparelhos invadem meus ouvidos avisando-me que eu ainda estava sentada na ponta de sua cama, encarando aqueles belos olhos verdes e desejando incansavelmente o toque dos nossos lábios.

— Eu sei que você sente o mesmo — sua mão enlaça na minha, finalmente, ele estava quente outra vez.

— Eu, eu...

Sua outra mão, desliza a mecha de meu cabelo para trás. Nossos olhos se encontram, e parece que o tempo naquele instante para. Éramos só nós dois, perdidos dentro do olhar um do outro, procurando quem sabe uma resposta para os nossos questionamentos internos, procurando uma certeza para dizer o que sentimos, na verdade, eu ainda precisava ter certeza que nós estávamos predestinados a ficar juntos, não que isso fosse acontecer.

— Diga alguma coisa Anne.

E sem pensar em uma resposta, eu me inclino e lhe dou um beijo, em meio as pausas, nossos olhos se prendem, desviam, se desejam.

— Isso diz muito — ele ergue os ombros.

E logo em seguida, em meio ao toque breve e sutil, ele desliza a ponta do nariz no meu e diz baixinho:

— Eu acredito em amores eternos, Anne.

. . .

(Diana)

Diante da injustiça e de um regime cruel, eu me adaptava aos poucos no internato, tendo como minha única confidente, Vanessa.

Mesmo assim, eu ainda acreditava que estava prestes a sair daqui, e se fosse possível, mudaria por completo o tratamento, já que esse lugar horrível, pertencia aos meus pais.

— A cenoura não tem culpa da sua raiva — Vanessa apontou para a verdura que estava sendo jogada de um lado para o outro no pedaço de vidro.

Anne With An E - Sec XXI (Concluída)حيث تعيش القصص. اكتشف الآن