Quarenta e sete

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Never be alone

O som estava ligado, a música apesar de sua melodia ser um pouco mais animada, trazia verdades escondidas em cada frase, algumas até que se assemelhavam a nós dois.

Gilbert, batia com a ponta dos dedos no volante acompanhando o ritmo. E eu, me apegava a cada vírgula, se conhecêssemos Shawn Mendes, poderíamos dizer a música havia sido escrita com base na confusa história de nossas vidas, e desencontros.

Já estava escuro quando chegamos no lugar.

— Feche os olhos — disse Gilbert — por favor.

Fechei os olhos por um momento, e permiti com quê fosse guiada somente segurando a mão dele, os estalos de galhos de árvore se reproduziam em meus ouvidos o que me dava a certeza de que estávamos em um lugar com bastante árvores. Por um segundo abri devagar um dos meus olhos para bisbilhotar, e só consegui ver um monte de árvores escuras, de imediato me assustei Pensei que talvez não passava de uma vingança ou uma de suas brincadeiras sem graça, mas eu não podia me esquecer de quê as mãos que estavam me guiando, eram de Gilbert o amor da minha vida.

Assim que chegamos no nosso objetivo, ele solta minha mão. Sinto a brisa chocar contra meu rosto, era uma brisa de inverno um tanto intensa até, mas eu não estava com frio, não com a imensa ansiedade se apossando de mim por completo.

— Abra os olhos — diz ele mansamente.

Faço isso. E me deparo com a bela vista da cidade iluminada.

— Perfeito — falo observando as luzes longínquas — parece o céu visto de cima.

Ele aponta para o grande céu vestido de seu manto azul escuro com pequenas gotas de glitter que mudavam de cor dependendo do ângulo. Sinto um arrepio percorrer por minha coluna e o encaro enquanto sinto seus olhos pousados em mim como se eu fosse a única vista que podia ser apreciada. Meu rosto ferve, existiam tantas outras possibilidades e decidimos percorrer pela mais difícil.

— E então... o que tínhamos que conversar?

Posiciono a mão frente ao meu corpo, ainda contemplando a paisagem perfeita que estava retratada a minha frente.

Bom Anne, chegou a hora de decidir.

. . .

(Gilbert)

Eu poderia estar frente a um arcanjo segurando sua espada, se Anne Shirley-Cuthbert fosse uma opção eu não deixaria de olhá-la um momento sequer. Seus cabelos ruivos, iluminados pela luz da noite se tornavam ainda mais lindos, seus olhos azuis como uma bolinha de gude rara, encaravam-me diante daquele cenário romântico e acolhedor o qual eu havia escolhido para trazê-la. Se ela soubesse que eu queria tê-la trazido desde o dia que a vi a primeira vez; caída devido a quantidade de pessoas que me rodeavam, saberia que independente de estar perto demais, ou longe demais, meu coração sempre pertenceu a ela.

— Não quero pressioná-la — falo assim que percebo o quanto está silenciosa.

— Não, não é isso — ela ajeita a postura e suspira como se estivesse se preparando — eu precisava falar com você, eu já ia falar mesmo vendo sua foto com Abby, eu precisava resolver essa situação que está me deixando tão... Perdida em meus próprios pensamentos.

— Você sabe que Abby é...

— Sim, ela me contou, e eu me senti tão aliviada por saber que ela não seria uma pedra no meu sapato.

Anne With An E - Sec XXI (Concluída)Where stories live. Discover now