Vinte e sete

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De coração para coração.

Sinto o vapor quente na ponta do nariz, e o cheiro forte de canela  impossível de ser confundido. Abro os olhos e Diana está segurando minha mão.

— Por Deus Anne, quase matou-me de susto! Pensei que estava morta.

— Vamos querida, tome isso — diz Mary me oferecendo chocolate quente com canela.

— A luz voltou — olho ao redor do cômodo, e me deparo com duas orbes verdes fixas em mim.

Encaro-o por alguns instantes, e desvio. Olhar para Gilbert já não era mais um desejo absurdo e irresistível, e me sinto uma pessoa ridícula ao imaginar que quase me entreguei para ele.

— Você está bem? — sua voz suave ecoa em meus ouvidos.

Não respondo, somente observo o líquido dentro da caneca.

— Eu, eu pensei que ia morrer — digo para Diana — mas sua voz me acalmou, obrigada Diana por manter-me acordada, digo, pelo menos até chegar aqui. Acho que dormi feito um bebê. 

— Ah Anne, eu faria novamente, não suportaria perdê-la assim, talvez você pudesse pensar antes de agir, atitudes impensadas geram grande consequências.

Encaro Gilbert que entende com clareza a minha indireta com o olhar.

— É Diana, realmente tais atos podem ser prejudiciais.

— Talvez devessem conversar — ela sugere, só que em voz alta.

Meu corpo ainda estava frio, mas a minha mente estava quente, eu não podia simplesmente escutar silenciosamente as desculpas de Gilbert, eu não merecia ser enganada mais uma vez.

— Eu não acho que seja uma ideia boa — digo — ainda mais porque sei que as coisas estão um pouco bagunçadas em minha mente.

— Por favor Anne — Gilbert diz insistente — preciso contar tudo.

Respiro fundo e penso — ah Anne, você vai se arrepender de ceder mais uma vez.

Contudo, seu olhar cabisbaixo e com as esperanças frustradas, me convence.

— Tudo bem Gilbert — digo.

Ele se senta em minha frente, antes de Diana sair ela aperta minha mão como se fosse um consolo.

— Qualquer coisa, grite — ela sussurra.

— Obrigada Diana.

Em poucos segundos, a sala está vazia.

. . .

(Narração Diana)

— Você ainda não me disse o que houve de errado com eles dois — Jerry cochicha para ninguém escutasse.

Caminho pela sala de visitas com os braços cruzados, atônita para saber por fim o que Anne decidiu, mesmo tendo a certeza de que ela não o perdoaria, talvez nunca. Winifred cutuca o esmalte, Bash e Mary estão se paquerando, e Jerry me segue enquanto vê com clareza a minha inquietação.

Anne With An E - Sec XXI (Concluída)Where stories live. Discover now