Quarenta e quatro

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Distâncias honestas, aproximações hipócritas.

Quando você está rodeada de pessoas e ao mesmo tempo, completamente sozinha mergulhada em seus próprios pensamentos, você percebe que não está nada bem.

Fecho os olhos por um segundo, e sinto a fumaça quente do terceiro copo de chocolate aquecer a ponta do meu nariz, e quando abro os olhos, vejo Gilbert, parado olhando-me.

— Vá — disse Ruby — é certo que ele está aqui por você.

— Ele não sabia onde eu estava.

— Sabia sim — ela me mostrou a conversa — ele foi em sua casa e Jerry disse que você estava aqui, então te obriguei indiretamente a pedir mais chocolate quente.

— Eu não sei se isso é uma boa ideia Ruby.

— Mas vai deixá-lo ali parado encarando-nos com olhos de cachorro abandonado?

Levanto e caminho até ele que me segue com o olhar até que eu fique em sua frente. Ele tenta sorrir, mas falha, sua mão segura a minha e ele me puxa para fora do estabelecimento, deixo a xícara no balcão antes de sair e encaro Ruby que bate palminhas de felicidade.

— Eu precisava falar com você — ele diz — e acho que você sabe sobre o que é.

Meu coração palpita tanto que imagino ele saindo pela boca.

— Você e Abby Rose estão em um relacionamento sério, não é? — falo com ódio — tudo bem Gilbert, eu não sinto mais nada por você.

Os lábios dele se afinam e vejo suas bochechas avermelhadas.

— Tudo bem — ele semicerra os olhos para mim, como confirmação de que eu tinha feito uma grande besteira — acho que realmente o mais viável para nós dois Anne, é manter a distância.

— Então ótimo Gilbert.

— Ótimo.

Ele sorri torto e sai da minha visão. É Anne, você realmente precisa controlar a língua, repito para mim mesma.

— e então? — Ruby me encara.

— Se um dia havia esperança Ruby, eu acabei de enterrá-la.

. . .

Semanas depois.

Diana estava de volta, mas não na casa de seus pais, depois de uma conclusão ela decidiu por fim morar com a tia Jô, e seus pais, faziam de conta que ela jamais existira. Era como se tivessem a deserdado.

— Minha melhor amiga — caminho no vasto jardim da Sra. Barry — que saudades.

Depois do nosso longo abraço caímos no mato fofo da casa da tia Jô, e gargalhamos.

— Pensei que só tornaria a vê-la em meus sonhos — confesso — é tão bom tê-la de volta.

— Nem me lembre — ela murmura — é péssimo não ter notícias suas, nem de Ruby e... Jerry. 

— Conte-me como foram seus dias — insisto.

Mas ela mantém o silêncio como se fosse difícil demais entrar em um assunto tão delicado.

Anne With An E - Sec XXI (Concluída)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora