31: olá, Mel

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Harry estava calado e pensativo enquanto voltávamos para a fazenda, deixando nosso grupo de amigos acampando pelo resto do final de semana sozinhos.

Skyler parecia não muito feliz por eu estar abandonando o nosso programa quando contei sobre isso no nosso banho improvisado na lagoa, mas Maya, por mais que ainda estivesse com raiva de Harry, disse que eu deveria fazer o que sentia que precisava. E no momento em que ela me disse aquilo, todo o meu corpo formigou em um pedido mudo para que eu acompanhasse Harry.

Eu estava ansiosa e esperançosa. Ele não tinha exatamente uma facilidade para se expressar e demonstrar qualquer tipo de sentimento, então, saber que ele havia preparado alguma coisa como pedido de desculpas, fazia a minha pele coçar em curiosidade.

"Não consigo ter sentimentos por mais ninguém." - a frase continuava me atormentando, me fazendo questionar o nosso aparente progresso.

Eu entendia por que ele tinha tanta dificuldade. Não queria se machucar de novo, não queria sentir aquilo mais uma vez. Mas isso não significava que ele tinha que abrir mão de sentir alguma coisa.

Eu sabia que Harry me queria, a forma como ele me tocava e beijava deixava claro que ele precisava de mim na cama... Mas e quanto a todo o resto?

Ele já havia mostrado que não me queria apenas para se satisfazer, mas, às vezes, o que eu sentia era que ele gostava de me fazer explorar minha própria sexualidade. Mas apenas isso.

Quando o que tínhamos deixava de ser apenas físico, Harry se perdia. Passava a ser o inexperiente. Teve um relacionamento com Shen, mas depois se fechou por anos. Desaprendeu completamente como era estar com outra pessoa. Eu queria mostrá-lo... Queria ajudar que ele se encontrasse emocionalmente, assim como ele estava me ajudado a descobrir o meu próprio prazer. Mas não sabia como.

Respirei fundo, aliviada por avistar a fazenda mais à frente. Eu estava tão impaciente e cansada quanto fiquei no caminho de ida, mas não perguntei nenhuma vez se estávamos chegando. A tensão e ansiedade no ar me calaram.

Ele se manteve quieto até alcançarmos a porta, chegando a pousar a mão na maçaneta e se preparar para abrir, mas desistiu antes de completar o movimento. Seus olhos verdes escurecidos se voltaram para mim, correndo por cada traço do meu rosto enquanto ele parecia submerso em pensamentos conflitantes.

Eu me aproximei com cuidado e pousei uma das mãos em seu maxilar, acariciando a sua bochecha e tentando acalmá-lo através dos meus gestos, sabendo que palavras nunca funcionavam muito bem entre nós dois.

Harry suspirou e fechou momentaneamente os olhos, parecendo mais calmo quando voltou a abri-los, pousando a mão sobre a minha, em seu rosto.

— Você sabe que eu me importo com você, certo?

— Sim.

— E você sabe que eu faria qualquer coisa por você. Quero dizer... Pra te ajudar.

Senti o estômago se apertar em reação imediata às suas palavras, meu coração começando a acelerar em nervosismo.

Qualquer coisa?

— Isso não vai ser fácil nem pra mim nem pra você, Melissa. Mas eu quero... Eu quero que você seja livre – passou a língua nos lábios, nitidamente nervoso quando se aproximou e passou os braços por minha cintura. – Eu quero que você liberte a garota que está presa dentro de você.

Senti a boca seca enquanto era abraçada por ele, os braços caídos na lateral do corpo como se não tivessem vida. Eu não conseguia processar o que ele estava tentando me mostrar. Só conseguia continuar sendo hipnotizada por suas íris verdes e intensas enquanto ele me olhava daquele jeito que me deixava quase constrangida.

Não era como se eu tivesse vergonha de Harry... Não a esse ponto. Ele já tinha me visto de todas as formas possíveis. Mas quando ele me olhava daquele jeito, não era para o meu corpo que ele estava olhando. Não era para os meus olhos. Era para mim. A verdadeira Melissa.

— O que você quer dizer?

Ele respirou fundo e apertou os lábios, trazendo uma das mãos para o meu rosto e me fazendo um carinho ameno na bochecha, aproximando o rosto do meu. Seus lábios macios e quentes me beijaram com tanto cuidado que eu me senti uma boneca de porcelana.

Ele não costumava ser assim. Normalmente, ele era o capiau bruto e grosseiro, rasgando as minhas roupas e mordendo a minha boca. Mas daquela vez, havia quase doçura em seu beijo.

Não havia língua, apenas lábios. Sua boca acariciando a minha com suavidade, não me dando outra escolha a não ser mergulhar de cabeça no seu toque delicado. Ele separou nossos lábios e colou a testa na minha, me observando através dos seus cílios pesados.

— Você sabe que não precisa fazer nada que não queira, certo?

Engoli em seco, tentando não me sentir aflita, tentando lembrar da suavidade do seu beijo e do que aconteceu na primeira vez que ele me disse aquilo. Harry não me desapontou quando me disse exatamente aquela mesma frase, no dia em que me pediu para entrar na água com ele.

Aquele dia foi o primeiro em que ele começou a me salvar.

— Eu sei.

Ele se afastou, procurando alguma incerteza nos meus olhos, mas não achando nenhuma. Precariamente satisfeito, mordeu a boca e gesticulou para que eu abrisse a porta.

Meus dedos formigaram em expectativa quando eu toquei a maçaneta, estranhando quando percebi que a porta estava destrancada e começou a abrir vagarosamente. Meu coração estava na boca, mil e uma possibilidades corroendo a minha cabeça e tremor escorregando por minhas pernas.

Eu esperava de tudo enquanto abria a porta e focava a minha visão dentro da casa. Mas nada, absolutamente nada, podia ter me preparado para o que eu vi ali dentro.

Shen?

Arregalei os olhos quando a vi me dar um sorriso de boas-vindas, encostada à parede e com Babe nos braços, acariciando o meu bebê enquanto tinha uma mesa de jantar servida ao seu lado.

— Olá, Mel.

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Fuck Me [HS]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora