Fuck Me [HS]

29: tá terminando comigo?

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Eu estava quase dormindo no banco carona da caminhonete quando Harry finalmente apareceu, abrindo a porta abruptamente e a batendo com força quando se acomodou na frente do volante.

Minha vontade era de já estar bem longe com a caminhonete, mas eu sabia melhor do que tentar dirigir bêbada. Eu não era tão louca assim.

Minha noção de tempo não estava muito boa, mas sentia que ele tinha demorado no mínimo uns bons vinte minutos antes de ele se juntar a mim. E se sua entrada grosseiramente triunfal havia sido uma tentativa de me assustar, não tinha funcionado, eu estava cansada demais para ao menos tentar esboçar alguma reação enquanto ele ligava a caminhonete, sem me direcionar uma palavra sequer.

Meu corpo estava pesado, os olhos estavam cada vez mais preguiçosos em abrir de novo a cada piscada. O álcool pulsando na corrente sanguínea estava tão quente quanto a minha cabeça, tornando mais fácil ignorar os pensamentos enraivecidos sobre a furada que foi o nosso test drive. Sobre como ele arruinou tudo.

Foi inevitável comparar com os encontros que eu tive com Zayn... Mas lembrando da babaca que eu fui com ele, proibi de sequer refletir muito sobre aqueles momentos. Eu não tinha o direito de pensar nele daquele jeito mais.

Tentando preservar o resto de dignidade que eu tinha, decidi por apenas tentar esquecer tudo o que havia acontecido naquela noite. Pelo menos por enquanto. A tequila no meu organismo desencadearia um desastre natural se eu abrisse a boca para explicar o quanto aquele caipira idiota tinha sido ridículo a noite inteira. Era melhor deixar para a Melissa sóbria resolver aquela bagunça. Ela daria um jeito naquilo. A Melissa bêbada só queria ir para casa inteira.

E foi esse pensamento que me fez deixar as chaves na ignição e nem cogitar a ideia de pegar a direção naquele estado. Foi só isso mesmo, porque era tentadora a ideia de apenas pisar fundo e deixar aquele idiota para trás, procurando outro jeito de voltar para casa.

Apertei a jaqueta ao meu redor, tentando me proteger do frio do fim de noite enquanto Harry dirigia em silêncio, mas nitidamente impaciente. Não eram necessárias palavras para sentir seu nervosismo.

Eu só não conseguia entender por que o esquentadinho estava tão afetado. Nenhum acontecimento daquela noite foi culpa minha. Foi tudo ele. Ele e a Sheni-la.

O pensamento que já tinha me deixado tão nervosa e fora de mim durante o encontro inteiro, agora só me fez rir contidamente pelo nariz. Infelizmente o meu gesto pareceu lembrar a Harry que eu estava presente na caminhonete.

— Eu não quero que você faça isso de novo.

Mantive os olhos cansados na janela, assistindo a paisagem escurecida.

— Você escutou? – insistiu, usando aquela droga de voz autoritária que estava me tirando do sério ultimamente.

Suspirei em desânimo e dei os ombros, sem me incomodar em olhá-lo.

— O quê? Gozar no seu colo? – ri pelo nariz. — Não sei se posso prometer isso... É gostoso.

Eu podia jurar que conseguia ouvir seus dentes rangendo na boca, mas talvez fosse apenas o álcool brincando com a minha imaginação.

— Provocar – corrigiu, entre os dentes. — Toda essa coisa de me controlar é nova pra mim e eu não preciso que você teste os meus limites ainda mais.