29.2

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— Não foi assim e você sabe – voltou a argumentar, insistindo em continuar aquela briga.

— Faça um favor para si mesmo e cale a boca, Harry – tirei a jaqueta e o dei as costas, sem a menor vontade de olhá-lo.

— E Zayn? Você vai mesmo defender aquele cara? Você não me vê indo a encontros com a Shenila e te mostrando a boxer que escolhi para a noite com ela. Você não me vê chegando em casa de manhã depois de ter saído com ela e nem me escuta dizendo que eu a beijei. Tudo isso foi você. Você e ele. E não me importa se foi antes de ficarmos juntos, você já sabia que eu te queria!

— Por que você não para de falar?

— E a Shen? Aquilo foi só conversa. Sabe há quantos anos não nos falamos daquele jeito? É, talvez eu tenha me empolgado e exagerado um pouco, mas estivemos juntos por muito tempo e antes de qualquer coisa éramos amigos, então para com essa paranoia e possessividade porque não tem motivo nenhum para ter ciúmes e eu não tô com saco pra me explicar mais – discursou, finalmente perdendo o fôlego, arfando alto. — Deus, você me ama demais.

Não sei exatamente o que deu em mim no segundo em que aquela frase saiu da boca de Harry. Eu jamais saberia explicar por que, de todas as coisas que ele poderia ter dito, aquela foi a responsável por me fazer surtar.

Talvez fosse raiva acumulada pela insistência dele em continuar falando asneiras uma atrás da outra. Talvez foi a junção de tudo que fez o meu copo transbordar e eu simplesmente não aguentar mais ouvir uma palavra sequer. Ou talvez seja realmente mérito apenas daquela maldita frase. Mas a única coisa que eu sabia era que não dava mais.

Cega de ódio, tirei uma das botas para poder tacar com toda a força na direção daquele imbecil.

— Eu disse pra calar a boca! – gritei, o fazendo arregalar os olhos e se desviar no último segundo, a bota batendo no armário bem ao lado da sua cabeça.

Eu sabia que se a casa toda não tinha acordado com a gritaria até aquele momento, agora definitivamente isso tinha mudado. Mas eu não conseguia me importar, não conseguia sequer pensar sobre aquilo.

Harry olhou assustado para a bota no chão e me encarou.

— Tá louca? Você podia ter me acertado! – berrou, mas eu conseguia ler claramente a hesitação brilhando em suas íris.

Ele nunca tinha me visto assim. Para falar a verdade, acho que eu nunca fiquei assim. Ele não sabia o que esperar de mim e acho que no fundo nem eu mesma sabia. Eu não conseguia me controlar, só conseguia me entregar aquele ódio borbulhando na minha carne enquanto me aproximava.

— Não, eu devia ter te acertado! – rosnei, segurando as abas da sua camisa e puxando com força, fazendo com que os botões voassem para todos os cantos do quarto.

Ele se sobressaltou, mas não moveu um dedo para me impedir. Se eu não estivesse tão cega de raiva, teria analisado melhor a sua expressão para ter certeza se ele realmente estava assustado ou se era apenas impressão minha.

— O que tá fazendo? – perguntou, perdido, cravando os olhos no meu rosto quando eu desfivelei o seu cinto.

— Calando a sua boca – grunhi, jogando aquele acessório longe e já me preparando para descer o seu zíper.

"Você me ama demais"

Idiota, cretino, convencido! Você me ama demais.

O que era isso? Ele achava que podia fazer o que bem entendesse e que eu perdoaria porque "eu o amava demais"? Achava que eu estava comendo na palma da sua mão? E como ele tinha o atrevimento de me chamar de ciumenta possessiva quando era ele quem tremia a base e dava show pela simples menção ao nome de outro cara?

Fuck Me [HS]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora