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Três dias se passaram.

Três dias sem brigas.

E três dias que determinaram uma rotina.

Eu e Mel acordávamos juntos, corríamos, fazíamos uma aposta sobre quem chegaria primeiro em casa, e eu sempre ganhava. É claro.

E então ela ia tomar banho primeiro, correndo para não ultrapassar os rigorosos dez minutos. Eu ia logo depois, sempre resmungando que ela tinha quase extrapolado o tempo-limite. Mas no fundo eu sempre torcia para que ela perdesse a noção do tempo e isso me desse a desculpa de entrar no chuveiro com ela de novo. Um homem podia sonhar.

Tomávamos café juntos, eu ia trabalhar na fazenda e ela ficava fofocando com as amigas.

À noite, todos assistiam a algum filme na sala. Quero dizer, eles assistiam ao filme, eu assistia Melissa. Meus olhos estavam sempre nela.

Depois cada casal ia para o seu quarto e eu fazia alguma piadinha enquanto escovávamos dentes juntos. Em uma dessas vezes, espalhei a pasta de dente no rosto dela. Eu não sabia explicar o meu comportamento infantil. Mas às vezes Melissa ficava tão adorável que me dava vontade de amassar ela de algum jeito. Não que isso fizesse algum sentido.

Ela se vingou no dia seguinte, lambrecando meu rosto com a espuma de barbear enquanto eu ainda dormia.

No fim da noite, nós caíamos na cama e eu me mantinha do meu lado até que ela adormecesse, só assim a envolvia em seus braços e a puxava para mim, enterrando o rosto entre seus fios de cabelo. No dia seguinte, eu fingia que havia sido apenas um acidente durante o sono, e o sorriso arteiro no rosto de Mel me dizia que ela fingia que acreditava.

Eu tinha gostado dos últimos três dias...

Entre a guerra de comida do café da manhã na terça, o episódio com o creme de barbear na quarta e a pequena discussão que tivemos ontem quando ela me pegou mexendo na sua gaveta de calcinhas, nós tínhamos nos divertido. E não tínhamos brigado nenhuma vez. Era um recorde.

Mas aí a sexta-feira chegou, o dia do encontro dela com Zayn, e eu podia sentir Mel me avaliando, esperando que eu dissesse algo a respeito. Mesmo agora, enquanto corríamos lado a lado pela estrada, exatamente como nas outras manhãs. Ela continuava me observando pelo canto do olho, suspeita, provavelmente se perguntando se eu ao menos me lembrava desse maldito encontro.

Não era algo que eu conseguiria esquecer. Mesmo se quisesse.

— Quer tentar ganhar dessa vez? – propus, mantendo o ritmo um pouco mais tranquilo entre as passadas para que ela conseguisse me acompanhar.

Mel era forte e resistente, mas eu sabia que estava enferrujada. Correr não parecia uma das atividades dela enquanto estava na cidade grande.

Tentar? – estreitou os olhos, desaprovando meu deboche.

— Bom, você não teve muita sorte nas últimas vezes...

Mordeu a boca, desafiada. E foi então que soube que consegui distrai-la de sua análise.

— Eu não sei, talvez a sorte esteja ao meu favor dessa vez... – ela riu por baixo da respiração ofegante.

Antes que eu pudesse pensar sobre o tom suspeito, ela me empurrou para o lado, em direção à uma poça de lama. Melissa riu alto como uma moleca enquanto acelerava os passos, me deixando para trás.

Xinguei baixo e me forcei a me equilibrar, conseguindo escapar da armadilha traiçoeira e me manter firme para correr atrás dela.

Mel gargalhou como uma criança, tentando correr o máximo que podia para escapar de mim. Mas à essa altura ela devia saber que não havia escapatória do que estava acontecendo entre nós dois.

Fuck Me [HS]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora