68ºCapitulo

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É um daqueles dias em que não tenho nada para fazer, mas em que devia estar a estudar, ou a treinar qualquer coisa, como desenhar ou pintar, em vez disso descobri que se sair do apartamento e abrir uma porta pesada e metálica, subir dois lances de escadas e abrir outra porta há um enorme terraço no cimo de grande prédio. É ventoso, e nada abrigado, mas a vista que tenho daqui de cima, é algo de extraordinário, manchas verdes podem ver-se no fim do lado este, como uma pequena quantidade de jardins, é lindo aqui de cima e gostava poder pintar aqui. No entanto a verdade é que está demasiado frio aqui e tudo o que posso fazer é tremer, mesmo com uma manta á minha volta e um monte de roupa.

Estou apenas no meio do edifício, e de cada vez que tento ir até á ponta á um enorme buraco no meu estomago. Quero ver para baixo mas tenho um medo de morte das alturas. Não sei como ninguém transformou isto num terraço, mas lembro-me de que isto não é a Califórnia, que aqui é frio e ninguém é estupido o suficiente para vir para aqui em pleno fevereiro.

Por um momento o sol espreita e um raio atravessa uma nuvem espessa, o brilho do meu anel reflete-se na minha cara e sou obrigada a olhar para ele. Tiro-o do dedo e brinco com ele, sentindo o metal gelado, e em como a cor dele me faz lembrar o Harry, a maneira brilhante como o Harry dá aos seus olhos cor quando está a rir, parece algo tão longínquo. Desde ontem á noite que não falei com ele, depois de ter chorado que nem uma idiota no sofá, fui deitar-me e adormeci, então não sei se ele realmente falou comigo ou não.

Volto a colocar o anel e suspiro, virando-me nos meus pés enquanto caminho de novo para baixo, assim que o ar quente do corredor das escadas me atinge os meus dedos agradecem o calor, e a cor neles volta devagar.

Rodo a chave na porta e tropeço na bola de pelo cinza que é Mr.White, antes que possa cair um par de braços agarram-me, puxando pelo cobertor que tenho á volta dos meus ombros. Os meus olhos estão presos nos dele, enquanto ele parece não me quer deixar ir, os seus braços apertam-me com força, e sinto o meu coração bater depressa e o meu estomago enrolar, os olhos dele viajam entre os meus lábios e os meus olhos, decidindo de quem sente mais falta.

-devias ter mais cuidado, e por favor avisa-me se sairés de casa.- ele larga-me.

Ele tem umas calças de fato-de-treino cinza, e uma t-shirt preta vestida, o seu cabelo selvagem, é porra de sábado e parece longe o tempo em que sábado seria o dia de sairmos e passear. Agora é o dia de ignorar a Sophia.

Fico a olhar enquanto ele desaparece dentro do escritório onde tem estado quase cinco dias, sem qualquer contacto. O que magoa mais desesperadamente, é que não quero que ele fale comigo, tenho medo que ele diga que acabou. Então de cada vez que acho que ele vai falar comigo sinto como se o meu mundo estivesse á beira do precipício. No entanto acho que isto está a ir longe demais, que nunca demoramos tanto para fazer as pazes, é como se de cada vez que ele passa-se por mim empurrasse uma faca mais e mais fundo no meu coração.

-Espera!- vou até ele, encarando-o de frente.

Percebo porque é que o achava tão intimidante, ele é alto.

-sim?

E perco toda a coragem, o que é que vou dizer que não me ponha numa situação pior, o que é que há dizer que nenhum de nós os dois já não saiba. E sou tão burra porque sou orgulhosa e neste momento parte de mim quer ajoelhar-se e pedir desculpa, e outra quer dar-lhe um estalo.

-tenho de trabalhar Sophia, não tenho tempo para...

-vais continuar a ignorar-me?- peço.

Ele risse. E não como um riso simpático, algo malvado que me leva para baixo.

-é isso que tenho estado a fazer?- a sua mão vai para a minha bochecha e acaricia-a num gesto lento.

-sim, é exatamente isso que tens andado a fazer Harry.- cruzo os braços, mas não me afasto, a sensação dos dedos dele contra a minha pele é fantástica.

Vision 2 - PrisonersOnde as histórias ganham vida. Descobre agora