36ºCapitulo

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Os braços dele apertaram-se á minha volta como se todo o ar da sala tivesse sido sugado. A verdade é que eu não estava á espera disto, se ele me tivesse dito provavelmente eu teria conseguido antecipar a minha chegada para alguma outra faculdade, mas a verdade é que eu estou tão ansiosa e aflita que não consigo pensar como deve ser.

Uma lista mental de onde eu me vou meter para distrair os meus pais aparece na minha mente, mas estou mais preocupada com o que lhes vou dizer sobre não estar mais numa universidade. Encolho-me mais no colo do Harry e sinto o meu lábio a tremer, acontece sempre, estou assustada, não quero chorar e o meu lábio treme como a porra.

-shhhh bebé eu resolvo.- soluços secos no meu peito.

-eles vem buscar-me.- choro.

-quem? Ninguém te levar de mim, eu prometo-te.- a sua voz rouca tremida, ele está assustado também, eu posso senti-lo.

-os meus pais vão querer que volte para eles, eles já estão chateados, quando eles descobrirem tudo o que se está a passar não vai demorar muito até eu ter que voltar.- Aperto a mão no seu peito. Eu não quero ir para longe dele, nunca, seria como ficar sem ar.

-eu vou falar com eles, eu prometo-te.

-não chega Harry, tu vais ter que me explicar aqui, agora o que sabes, eu vou ser a primeira a meter-me num avião.- eu levanto-me.

Eu sei que isto é uma espécie de chantagem mas eu não estou bem com isto, eu vou dar em doida se eu não souber o que se está a passar, simplesmente já não consigo viver se este medo continuar, e se eu virar numa esquina e eu sentir o metal frio na minha testa? E se eu vir alguém atrás de mim de novo.

-eu sei que estas com medo, mas deixa-me resolver isto.- ele levanta-se e tenta andar até mim.

-não, ou me dizes agora, ou eu vou embora, não consigo viver sem saber exatamente do que me estou a esconder, sem saber o porque de estar a voltar atras nos meus estudos. Isto foi o que eu sempre quis, eu quero ser uma arquiteta no entanto eu não posso, porque há alguma coisa a escapar-me.- Embato no sofá e tropeço para trás, sentando-me. Posso sentir o sabor do medo na minha boca.

-eu vou contar-te.- o Harry senta-se ao meu lado, ele puxa-me para o seu colo, onde me aconchega, os meus tremores a parar.

-se quiseres que eu pare, tu só precisas de me dizer.- olho para cima, a sua cara contorcida por angustia.

-No dia do baile eu soube que quem quer estivesse no teu enlace queria ficar contigo porque estavas comigo, eu sabia que quando encontraram um papel a dizer "tiraste a coisa mais amei, agora vou tirar-te a única coisa que já mais soubeste amar" eu ainda não te tinha dito que te amava, mas eu estava a trabalhar nisso, em admitir o quanto mexeste comigo. Eu pensei que talvez o meu pai estivesse a tentar dar-me uma lição, nós sempre atiramos as culpas um ao outro pela morte da minha mãe. Eu nunca soube até onde ele iria, eu viu fazer algumas coisas terríveis, eu não vou por ai hoje no entanto. Mas depois ficou tudo tão sossegado eu pensei que tivessem desistido, mas em nova York havia algo mal, o Matt detetou um aparelho que andava a seguir o meu telemóvel, depois as tuas fotos, eu não sabia o que fazer, eu chamei o Matt e ele recolheu tudo o que pode de lá. Depois tudo fez sentido quando cá chegamos, era simplesmente estranho o suficiente que a pessoa que nos bate no carro, ser o teu novo professor, eu só não tinha nada que provasse o contrário. Eu queria te longe, mas lá estavas tu, sempre a cruzares-te com ele, e agora eu apenas que o Dean tem o numero dele, que existem mais de duas mil fotografias tuas no seu computador, que ninguém sabe onde ele está e que ele nem é um professor...

A minha respiração engata, duas mil...ele disse mesmo duas mil fotografias minhas? Inicialmente foi isso que me assustou, porque fotografias minhas, eu sabia que nunca era um bom sinal então eu simplesmente fiquei assustada, mas agora eu descubro que o numero é obsceno e eu não posso controlar-me mais. O meu professor andava a espiar-me.

Vision 2 - PrisonersDonde viven las historias. Descúbrelo ahora