91ºCapitulo

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Skylar Grey - I Know You

Sia - Salted Wound

Á medida que eu ia passando as localidades, e os números diminuíam até Londres a minha ansiedade aumentou, mais do que já estava, e se é que isso seria possível. Eu estava toda confusa, molhada, triste, com medo, nunca ninguém tinha tido uma experiencia tão arrasadora como esta. Pelo menos era o que eu pensava. Há alturas na vida em que tu pensas que não pode vir pior, que acabou, não há mais mal por onde vir, aí tu estas enganado, é como um íman, coisa más atraem mais coisas más, é um ciclo que só quebra com o tempo e otimismo. E a miúda otimista que eu era pareceu morrer um pouco a cada dia que passou com esta porcaria. Cada segurança, cada carro, cada arma, cada pessoa passou a ser um suspeito, o meu sorriso fácil parecia estar a morrer, e quando eu olhava para alguém que passava a correr ao lado do carro eu não pensava no que a pessoa poderia ser, eu pensava na atrocidade que ela era, que dentro dela havia algo errado. Porque havia algo errado dentro de cada um de nós.

Faltavam cinquenta km para chegar a Londres, e eu não conseguia pensar, a minha cabeça era um nó. Eu queria ir embora, mas por outro lado eu queria esperar pelo Harry. Eu não sabia o que iria fazer a seguir porque a minha cabeça e o meu coração estavam a puxar para lados opostos. Quando pensava que o melhor era ir embora, o meu coração rematava alguma coisa que o Harry me disse e apertava com tanta força que achava que ele ia explodir.

Depois de desligar o telemóvel o Harry disse que estaria aqui ao fim da tarde, eu ri-me e disse que isso seria uma boa ideia, embora eu nem sequer lhe tenha dito que estava a um passo de me ir embora. Acho que chegou a um ponto na minha cabeça que a minha forma egoísta de pensar está a ganhar a tudo o resto, o meu corpo não aguenta mais o cansaço e a minha cabeça está a ponto de colisão. Sinto-me tão cansada e sem rumo...

O telemóvel toca e deslizo o dedo pelo ecrã para atender.

-Sophia? Estou no aeroporto de Mdrid, chego aí em três horas, por favor não faças nada estupido, liga ao Matt...

Eu tento não rir, mas é mais forte que eu, uma gargalhada histérica salta-me dos lábios enquanto mais lágrimas queimam nos meus olhos.

-Harry? Porque é que tu confiaste nele? Mesmo sabendo o que ele fazia tu tentaste salva-lo... como é que pudeste cofiar tanto nele?

Por um momento não estou a falar com o meu namorado, estou a falar com alguém que deu cabo de mim, que me arrastou para um confusão que podia ter sido evitada se ele não tivesse sido tão idiota...Oh meu Deus desde quando penso este tipo de coisas dele?

-Como é que sabes isso?- A voz dele é um sussurro rouco, quase doloroso.

-Adivinha?! Passei as últimas vinte e quatro horas a ser pressionada contra parede pelo Dean e pelo Matt, e queres saber? Não havia ninguém lá, nenhum daqueles magníficos seguranças estava lá para se meter á minha frente...

O silêncio é gelado, apenas a respiração dele é aguda.

-Ninguém?- Ele sussurra com força.

-Ninguém...

Engulo em seco e tento concentrar-me na estrada, o alcatrão molhado a desaparecer á minha frente. A respiração do Harry é tão grave que me levanta todos os pelos do corpo.

-O que mais sabes?- A sua voz é triste.

-Foi ele Harry, aquela arma estava nas mãos dele, apontada á minha cabeça, ele ia fazê-lo por meio milhão de libras...

O que leva realmente uma pessoa a querer tirar a vida a outra? Não é como se eu não fosse feita do mesmo que ele, não é como se fossemos diferentes. A maneira como um ser humano se pode julgar superior a outro ao ponto de se achar no direito de lhe tirar a vida é nojento, e até á seis meses atrás eu nunca pensei que iria conviver com uma coisas dessas, mas agora estou no meio de uma data de ilegalidades, raiva, guerra, amor... como é possível que tudo isto tenha crescido do facto de uma mãe não sabes distribuir o seu amor? Como é possível que seja o amor a primeira causa de tudo isto?

Vision 2 - PrisonersDonde viven las historias. Descúbrelo ahora