35ºCapitulo

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A maneira como a minha respiração falhou, como se o mundo estivesse a ser partido em dois, como se nada mais importasse a não ser ter uma garantia de que tudo ia ficar bem, tudo estava bem, eu ia acordar, voltar a esta manhã e contar ao Harry o estranho sonho que havia tido.

Um riso estranho escapou de mim, enquanto lágrimas molhavam a minha pele. O meu telemóvel cai no chão e um barulho foi ouvido. Eu ouvi o Harry a falar, ele tinha atendido, mas eu não me conseguia mexer, eu estava paralisada, paralisada de medo. Os meus olhos fixados nas personagens que passavam á minha frente, mas tudo o que a minha mente via era o meu demoníaco professor atrás de mim em Nova York, a bater com o carro no meu...foi ele, ele foi quem me atropelou, ou pelo menos tentou, eu disso, eu consigo sentir isso.

Não sei quanto tempo fiquei ali, mas de um momento para o outro o Harry estava a correr para mim, um braço a envolver-me a arrastar-me para fora dali. Eu podia ouvir a voz do Dean e tudo o que eu queria era que ele parasse de gritar o quanto se importava comigo, eu não podia ouvir nada agora, eu acho que eu estava a ter um ataque de pânico, mas eu não tinha a certeza. Eu parecia congelada do mundo.

O Harry baixou-se e atirou a minha mala e telemóvel ao Dean, a seguir ele baixou-se e pegou-me no seu colo. E eu senti o meu coração bater outra vez, e maneira como os braços dele se envolveram em mim, eu encostei a minha cabeça na curva do seu pescoço, e quando eu espreitei pela curva do pescoço do Harry eu vi Dean a olhar para mim, as minhas coisas na sua mão. Ele deu-me um sorriso morto e eu voltei a encolher-me contra o Harry. Eu podia sentir o medo a circular pelas minhas veias, a comandar tudo no meu corpo.

-tu não podes apertar-me tanto meu amor.- o Harry sussurrou baixinho.

Ele estava a tentar não assustar-me ainda mais, e quando ele mandou Dean abrir a porta do carro para mim e ele me colocou lá, eu ergui os meus joelhos e eu abracei-me a eles. Eu não queria olhar para o Harry eu tinha medo do que eu veria, ele ia estar zangado porque ele me avisou todo aquele tempo.

-Obrigado.- O Harry agarrou a minha mala.

Quando ele está dentro do carro, eu sinto que já não posso fazer nada. Eu empurro a minha cabeça para o seu colo, e esqueço o quão desconfortável é ter as minhas costelas por cima da consola de controlo do carro. Eu agarro as calças cinzentas do seu fato e choro o que eu tenho a chorar. As mãos dele passeiam pelo meu cabelo e eu fecho os olhos com força tentando recuperar a minha respiração.

-desculpa...desculpa eu não ter ido a tempo de evitar isto.- a voz rouca dele suplica.

Eu viro-me de modo a olhar para ele, a tristeza na sua cara parte-me, mas o que ele disse faz a minha raiva disparar sem que eu controle nada. Ele está sempre a fazer isso, a meter um tapete á frente dos meus pés, mas quando ele falha eu entro em choque, e eu não quero culpa-lo por isso, eu quero que ele me prepare se as coisas correrem mal.

-ele tinha fotos minha.- eu soluço, eu levo o meu polegar a boca e mordo-o com força.

Eu vejo enquanto a cara dele se fecha, toda contraída por dor. Quando ele abre os olhos, lágrimas a saltam dele, ele limpa-as furiosamente, ele não tem vergonha de chorar, mas ele tem vergonha que ele o afetem tanto. Sejam quem forem eles.

-eu odeio não ter ido a tempo, mas eu...eu preciso de te perguntar se no dia do baile...era ele que te tentou...tentou acertar?- Um soluço escapa-lhe dos lábios.

-não.- eu sou certa no que eu digo, brilhantes olhos azuis tentaram matar-me, olhos castanho opacos não eram nada na minha memoria.

-Eu preciso de ir de volta á empresa...- ele tenta.

-podes deixar-me em casa?- eu olho de baixo do colo dele.

-não, tu vens comigo.- ele baixa-se, a sua cabeça a bater no volante, isso arranca de mim um riso. Ele ajeita a sua cabeça e beija-me, um beijo delicado e inocente, do género que crianças dão para afastar o medo de nós.

Vision 2 - PrisonersOnde as histórias ganham vida. Descobre agora