E foi mais do que pensei que seria

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Saio do quarto do Derek assustada. Não dá para alimentar mais essa situação. Não tem como fingir e nem acobertar uma mentira. Ele escutou e ele é só um pré-adolescente, ele entendeu sim as palavras do Senhor Evans e não tinha o que fazer. Eu não podia tocar na ferida do Derek e o machucar ainda mais.

- Senhorita Reinhart? - Escuto a voz do Senhor Evans e me viro encontrando ele no corredor, meu coração acelera e eu sinto meu corpo queimar em rápido.

- Estou indo embora. Eu me demito! - Disse entre dentes e o mesmo franzi o cenho sem conseguir entender as minhas palavras - Você é um escroto.

Dou as costas para ele ando apressadamente para o meu quarto, preciso arrumar as minhas coisas, eu escuto passos vindo atrás de mim e fecho as minhas mãos em punho.

- O que? - Senhor Evans diz severamente - Quem você pensa que é para falar dessa forma comigo?!

Abro a porta do quarto violentamente e vou em direção as minhas roupas que estavam espalhadas no chão.

- É isso que você escutou! - Respondi ainda mais brava - Estava brincando com o Derek e sem querer entramos no seu quarto, nós escutamos toda a sua conversa baixa com o Anthony. Então sim, você é um escroto. Derek entendeu cada palavra e agora ele me odeia, eu não o culpo e não tenha nada que você possa fazer para mudar a ferida que ele sente - Grito e me vira para encarar seus olhos - Fala sério, nunca se perguntou por que seus filhos mudam tanto de babá? Eles querem a sua atenção, uma das coisas mais valiosas para eles. No final, eles não querem nenhuma babá. Só querem um pai mais presente.

- Você não tem esse direito de jogar isso na minha cara! - Senhor Evans diz apontando o dedo para mim.

- Aprenda a cuidar dos seus filhos, Christopher! - Gritei largando as minhas coisas no chão e encarando ele tão nervosa que as lágrimas caíram - Bradley está desenvolvendo transtorno de ansiedade, Elizabeth está regredindo ao invés de progredir no seu desenvolvimento e Derek está cada vez mais se sentindo sozinho. O que está fazendo? Nada! Você não está fazendo nada - A sua boca abre e fecha como se estivesse tentando procurar palavras - A Senhora Evans morreu, Scarlett morreu, eu sinto muito. Mas, você está vivo! Precisa viver pelos seus filhos.

- Pegue todas as suas coisas e caia fora daqui! - Ele diz friamente ao se afastar de mim, me olhando com sangue nos olhos.

Eu me viro para não ver ele saindo, minha mala com as coisas da viagem ainda estava organizada. Apenas juntei todas as minhas peças espalhadas pelo chão e joguei tudo violentamente na mochila. Retirei todas as minhas coisas que estavam no banheiro e guardei tudo sem se preocupar com nenhum cuidado, calcei meu tênis novamente, puxei a minha mala e coloquei a mochila nas costas. Sai do meu quarto e desci as escadas sem nenhum ajuda, assim que coloquei a mala no chão, os olhos da Elizabeth e Bradley me encontraram, os dois saíram correndo do sofá e vieram até mim.

Eu me abaixei e fui tomada pelos braços dos dois. Eu os abracei ainda mais forte e segurei o choro. Eu estava prestes a desmoronar. Eles devem ter escutado todos os meus gritos com o Senhor Evans, Bradley chorou e chorou ainda mais alto quando recusou a me largar, Elizabeth não me soltou e eu tentei apertar eles o máximo que eu podia contra o meu corpo.

- Eu deixarei vocês, só por um pouquinho! - Sussurrei ao abraçar a Elizabeth e depois o Bradley individualmente.

- Você não pode ir embora como a mamãe, não pode ir Lili! - Bradley gritou tentando segurar o choro novamente.

- Mamãe - Elizabeth disse um pouco mais alto colocando as mãozinhas no meu rosto e eu deixo as lágrimas caírem. Bradley olha assustado por ouvir a sua irmã falar, não somente ele. Quando olho para o lado o Senhor Evans está paralisado no outro lado da sala de estar, Derek está no topo das escadas de braços cruzados e com os olhos cheios de lágrimas.

- A gente vai se encontrar ainda, eu prometo! - Murmuro para o Bradley e depois para a Elizabeth - Eu vou estar com vocês. Eu sempre vou tentar estar pertinho de vocês, tudo bem? Não importa como - Eles me abraçam novamente, os dois juntos e ainda mais forte - Eu preciso ir para tudo ficar bem.

Eles finalmente conseguem me largar, as mãos da pequena Elizabeth estão trêmulas, eu enxugo suas lágrimas e beijo o rosto dos meus dois pestinhas, o meu time. Puxo a minha mala novamente e dessa vez ando para fora da mansão sem olhar para trás. Jeremy, o motorista, quando me encontra no jardim e tenta me ajudar mas, eu recuso a sua ajuda e agradeço. Caminho para fora dos portões e saio caminhando pelo condomínio até os portões de saída, puxo meu celular do bolso do meu jeans e chamo um Uber.

Tudo isso por um desejo. Por um desejo carnal. Por um deslize e falta de irresponsabilidade. Eu feri e toquei em feridas de crianças, isso deveria ser um crime. Por um capricho meu e a porra de um capricho do Senhor Evans. Ele era irresistível, um homem incrível. Só ainda não aprender a ser um bom pai. Talvez ele já tenha sido em algum dia mas, preciso encontrar a parte morta da sua vida e ressuscitar, tem três vidas esperando para que ele acorde. Ele é um bom homem. Fisicamente. Mas, isso não importa quando precisamos de alma e coração. Eu rezo, eu rezo pela vida daquelas crianças. Eu preciso cuidar delas. Elas precisam um pouco de mim e eu não me importo em me quebrar em pedacinhos com a certeza de que eu posso moldar alguém.

Assim que coloco minhas coisas no porta-malas com a ajuda do motorista, entro no carro e puxo o meu celular do bolso do meu jeans novamente. Abro na última conversa com a Camila e envio uma mensagem;

"Eu preciso de ajuda. Eu estou perdida.
Eu e o Senhor Evans arruinamos tudo."

The NannyWhere stories live. Discover now