❎ - - - - - - CAPÍTULO SEIS - - - - - - ❎

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— Afinal, por que quer fingir para o seu pai que está namorando? Já é bem grandinho para ficar mentindo com uma coisa tão superficial

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— Afinal, por que quer fingir para o seu pai que está namorando? Já é bem grandinho para ficar mentindo com uma coisa tão superficial. — Comento, enquanto cuidava em preparar o almoço. Diogo suspirou, tomando seu café, enquanto via uma revista qualquer no balcão. Era a primeira vez que o via com uma expressão séria.

— Eu já disse que meu pai é exigente demais. Vive me empurrando gente atrás de que eu arrume compromisso. E geralmente as pessoas que ele fica me empurrando nutrem esperanças fortes demais, e ficam no meu pé por dias! Mesmo eu deixando claro que não quero coisa séria. Isso é chato. Então, se meu pai pensar que estou namorando um garoto inteligente e responsável ele vai largar do meu pé por um bom tempo. Só não sei se vai te deixar em paz depois disso... — Comentou, me olhando com um sorrisinho de canto e tomando novamente seu café. O encaro, desconfiado.

— Por quê?

— Ele... vai querer saber o que viu em mim e essas coisas... Ele é muito chato! — Resmungou, revirando os olhos.

— Realmente... Para alguém ficar com você... seu pai tem toda razão de perguntar o que essa pessoa viu. — Rebato, vendo ele bufar.

— Estava demorando! — Sorri ironicamente, levando a carne ao forno e preparando o molho branco. Era simples e gostoso. Um macarrão ao molho branco, carne assada e salada de legumes. Eu amava o arroz japonês, e acabei fazendo, mesmo que não tivesse nada a ver com a comida que eu fazia. Se eles não quisessem comer, tudo bem, mas eu iria preparar da mesma forma meu arroz japonês e sushis de acompanhamento. Ah, para. Misturar culinárias de países diferentes é muito bom, e quem negar, não poderei fazer nada.

— Experimenta. — Falo, servindo um pedaço das primeiras carnes que coloquei no forno. Diogo comia muito, então eu precisei usar duas formas para as carnes fatiadas.

Ele comeu, tendo um susto ao sentir o sabor da pimenta.

— Caramba, pimenta na carne? Fez de propósito?! Aliás... que almoço mais confuso é esse? — Diogo resmungou, porém, pegou outro pedaço de carne, o comendo.

— Eu gosto. Vocês que escolham o que comerem, não são obrigados a nada. — Rebato, passando o molho picante por toda a carne, a deixando suculenta, apimentada e muito saborosa. Eu amava comida apimentada.

— Sorte sua que meu pai também é fanático por pimenta. Eu nunca fui muito fã. Mas você caprichou nessa carne. — Comentou, comendo mais um pedaço. — Onde aprendeu a cozinhar assim?

— Fiz curso de culinária na minha adolescência. Sempre amei cozinhar. É um hobbie. — Digo, vendo ele sorri, assentindo.

— Vou te levar em uma festa top como agradecimento. Posso te apresentar alguns amigos meus... qual é o seu tipo? — Questionou, o que me fez bufar, o encarando irritado.

— Ok, vamos deixar uma coisa bem clara, Diogo. Eu não quero relacionamentos, não quero conhecer ninguém, não quero sair com ninguém. Ok? Eu quero ficar sozinho e concluir minha faculdade. Apenas isso. Pare de insinuar e falar essas coisas perto de mim porque eu odeio! — Dito, vendo ele me encarar confuso.

— Ei, calma... Eu só estava tentando te animar. Por acaso... alguém te decepcionou? — Desvio o olhar, virando às costas para ele.

— Não te interessa. — Resmungo, começando a limpar o fogão com um pano. Eu sempre tive essa mania. Busco limpar as coisas quando estou nervoso ou triste. E no momento, eu me encontrava nas duas situações.

— Desabafar é muito melhor do que guardar para si. — Murmurou, o que me fez ri fracamente. Me viro de frente para ele, o observando.

— Você... namoraria com alguém que nunca transou, e que ainda não estaria pronto para isso? — Diogo fez uma careta, negando.

— Claro que não! Se não percebeu, sexo é o que esquenta tudo. — Suspirei, sorrindo fraco, vendo ele me encarar como se só agora tivesse entendido. — Espera aí... você é virgem?

— Algum problema?

— Todos! Quantos anos você têm? Já está na faculdade e ainda é virgem?!

— Sim, Diogo. Eu não me importo com isso. Eu só me sinto mal das pessoas me cobrarem algo que sou eu quem deve decidir. — Diogo se calou, me encarando como se eu fosse um extraterrestre. — Por que me olha assim?

— Você é estranho. Desculpa, mas se seu namorado terminou com você, eu é que não vou julgá-lo. — Eu ri, descrente. Depois de tudo, aquele desgraçado ainda sai como a vítima da história.

Largo o guardanapo, tirando o avental e correndo para meu quarto, ignorando Diogo que gritava meu nome. Tranco a porta, me encostando na mesma e escorregando minhas costas até me encontrar sentado no chão.

As lágrimas já caiam incessavelmente. Já era rotina. Eu estava errado? Será que eu sou o único a querer algo respeitoso, sincero?

— Arthur! — Diogo me chamou, batendo na porta, mas não respondi. Abraço meus joelhos, chorando baixinho. Eu me sentia tonto e com frio. Meus olhos ardiam e tudo que eu queria era dormir. Só assim para eu esquecer que o mundo é um poço de julgamentos. — Arthur, eu não queria te magoar. Desculpa, cara... Abre a porta, por favor.

Diogo insistiu, mas permaneço em silêncio. Eu só queria um pouco de paz. Só um pouco... Não é pedir demais...

NO QUARTO AO LADO - (ROMANCE GAY) Onde histórias criam vida. Descubra agora