Ele é sempre tão agarra do ás suas coisas que por vezes se torna difícil entrar na vida dele. Mas se vir bem tudo tem começado dessa forma. Com a maldita vez em que eu escutei a sua conversa, eu estava curiosa para saber como era o meu colega de casa que eu não esperei para saber mais sobre a sua personalidade rude e mal humorada.

Enquanto tento ver se posso fazer ovos mexidos para o meu jantar, a porta do quarto do meu pai bate e ele aparece. As palavras do Harry fazem eco na minha cabeça e eu tento perceber se estou realmente a ser exagerada.

Tenho dois ovos na mão quando ele se senta no banco á frente do balcão.

-tu ainda não sabes cozinhar.- eu posso ouvir o seu riso escondido.

-aparentemente, eu vou ter sempre alguém que o faça para mim.- encolho os ombros enquanto parto os ovos.

-o Harry disse-me que tens um emprego, algo como um café?- sei que ele está a tentar ir devagar a testar terreno, e sei também que ele não vai, de maneira nenhuma pedir-me desculpa.

-sim, mas vou ter que deixa-lo, a faculdade é demasiado longe para poder continuar lá.

-tu estas feliz, tu sabes com a tua vida aqui?

-por muito estranho que isso te pareça, e por muito mau que seja a situação eu sou bastante feliz.

Eu ligo o fogão, e vou até ao armário debaixo do lava-loiças, Mr.Whitte precisa de comida. Enquanto me baixo para por comida, o apenas barulho do saco faz o meu gato vir até mim, ele tem um tamanho quase normal, mas ele continua pequenino.

-tu tens um gato?- o meu pai baixa-se para lhe tocar.

-sim.- eu sei que estou a ser má, mas estou magoada, magoada com ambos os homens da minha vida. Se bem que o Harry tenha uma espécie de desculpa, eu destrui a sua gaveta...que ele está a tentar esconder de mim.

-tu não precisas de ficar tão zangada ok? Eu sou teu pai, eu sei o que é melhor, mesmo que não te pareça.- a sua voz grave faz-me lembrar de quando ele discutia comigo acerca de algo, rematando que eu ainda não sabia tomar decisões.

-eu tenho 18 agora, eu sou uma adulta.

-um numero não define a tua maturidade, tu não sabes nada Sophia, tu não sabes o quão dura a vida pode ser.

Não posso evitar quando uma gargalhada escapa dos meus lábios, eu não sei o quão duro o mundo pode ser? Eu não passei noites acordada aos treze porque tinha algo mal em mim, eu não era agonizada em dores? Eu só posso dizer que o Harry ajudou isso a parar, foi como se a vinda do Harry para mim desse ao fantasma da sua mãe alguma paz, e agora eu estou bem, eu não preciso de mais nada.

-tu estas mesmo a dizer-me que eu não sei mesmo o que é o mundo? Eu? Por favor.- ele encolho os ombros.

-tu estas a fazer-me sair do sério Sophia Ella.- o meu pai suspira.

-otimo, isso é o que me estas a fazer também, eu estou tão farta de todas as vossas atitudes exageradas, como se eu fosse uma criança, eu não sou uma boneca nas vossas mãos, eu estico, eu quebro e eu tenho sentimentos. Eu amo aquele homem ali, e não posso fazer nada por isso, sou nova eu sei, mas não como se ele me enfiasse um anel no dedo, não é como se estivesse grávida. Eu só estou apaixonada, se pela pessoa certa ou errada, não sei. Mas vocês os dois, tanto tu como ele, tem de parar de me proteger desta forma, como se eu me fosse partir a cada passo que dou!

Bato os ovos na tigela com tanta força que o barulho é quase superior á minha fala. Estranhamente sinto-me melhor depois de deitar tudo para fora. Esta é a verdade, sinto-me como uma criança, sempre condicionada a cada passo que dou. Eu li que o homem nasceu para ser livre, o que aconteceu á minha liberdade.

Vision 2 - PrisonersOnde histórias criam vida. Descubra agora