Epílogo

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Lórien deixou Lannuaine e seu antigo nome para trás, junto de sua família, amigos, e infância — tudo o que lhe era confortável e conhecido.

Seguiu pela estrada de terra sem muita preocupação, sem buscar se esconder ou caminhar pelas sombras. Ainda faltava para a vinda do sol e aquelas vias costumavam ser desertas durante a lua. Sua mente era um turbilhão, o coração ainda apertava, sem conseguir compreender tudo o que acontecia. Era difícil se concentrar em qualquer coisa que não fosse seu interior.

Por isso, a criatura a viu.

Lórien também percebeu a presença do estranho ser. Por mais distraída que estivesse, os anos de treinamento faziam com que fosse impossível uma mancha aparecer no céu sem que a elfa notasse.

Parou de andar e olhou para cima, viu o que parecia ser um homem, grande, mas com enormes asas brancas saindo de suas costas. A pele era cinza, feito uma rocha, e os olhos pareciam não existir, sem a íris, como se esculpidos na pedra. Lórien se lembrou dos seres desenhados no vidro da pequena capela do palácio real, em Cáhida, mas soube de imediato que aquilo não era um anjo. O ser não trazia consigo a paz, nem nada tinha de divino. O que carregava era uma comprida lança de metal.

— Não há escapatória, jovem Ara. Traidores da Virtude não sobreviverão — a criatura falou, ao longe, a voz grossa e profunda.

Apesar da distância, Lórien escutou-o como se estivesse ao seu lado.

— Não sou Ara, não sou a mesma pessoa que trabalhou para essa maldita organização — Lórien gritou para o monstro.

— O que diz não importa. É meu dever matá-la. — a criatura falou, e ergueu a lança.

O falso anjo arremessou sua arma, que fincou o chão de terra no exato lugar em que Lórien estivera, mas não havia mais ninguém ali.

A elfa desapareceu por entre as sombras da noite e ser nenhum seria capaz de encontrá-la. 

Livro 1 - A Elfa, O Homem e a Ordem [completo]Where stories live. Discover now