Parte 06

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— Não podem ser todos tão bons quanto você, é impossível. — Ara disse, após terminar seu treino com o arco. Ela havia enfim executado um exercício apresentado por Anluath de forma aceitável e estava exausta. O treino diário chegava ao fim, a dupla se preparava para deixar a clareira, Ara buscava por todas as suas flechas, reunia os sacos de feno transformados em alvo, enquanto seu professor esperava, sentado.

— São todos excelentes, Ara. Não sou um guerreiro especial. — Anluath respondeu, divertido.

— Mas pelo menos com o arco você deve ser, não tem como! Não podem todos conseguir voar assim como você faz, meus colegas não sonham em fazer algo do gênero e nosso treinamento está se aproximando do fim.

O arqueiro se levantou, entregou a cumbuca com cerejas que comia para uma Ara já sobrecarregada, e perguntou:

— Vocês são quantos, uns dez? Imagina se em cada grupo tem alguém como você, que recebe um treinamento especial. Isso significa que dez por cento de nós se torna guerreiro já tendo habilidades extraordinária em pelo menos alguma coisa. E isso só com um em cada grupo recebendo aulas mais pesadas.

Caminhavam na direção do campo onde Ara praticava luta.

— E sempre tem mais? Por que eu acho que sou a única a receber um treino diferente de qualquer tipo. Blath é um gênio com a espada e ainda assim ele pratica conosco. Somos um grupo fraco, então?

Anluath continuou sorrindo e pegou uma cereja do pote que a aluna carregava.

— Não, Ara. Vocês não são fracos, e não é nem um pouco comum que um aprendiz tenha aulas separadas do grupo. Nós apenas continuamos aprendendo. É raríssimo ter alguém como você, que inicia o treinamento já dominando alguma das artes. — ele olhou para a jovem elfa. — Sua mãe foi uma excelente professora.

Ara abriu um sorriso tímido com a menção da mãe, mas não fez qualquer comentário. Depois de um tempo, disse:

— Esse é seu jeito de evitar a admitir que você é muito melhor que os outros, não? Eu não vou te chamar de arrogante, pode falar!

— Digamos apenas que existe uma razão para o Maighstir ter me escolhido, e não é por que eu sou um elfo paciente.

Eles alcançaram a arena quase no mesmo momento em que os outros aprendizes. Os dois mestres trocaram apenas um aceno respeitoso, dos que não têm tempo para maiores conversas. Anluath já começava a se afastar quando o Maighstir o chamou:

— Por que você não leva Ara para observar os guerreiros essa tarde? — ele perguntou, em voz baixa.

A jovem elfa arregalou os olhos, sem acreditar no que ouvia, mas tentou disfarçar sua felicidade. Anluath não escondeu o sorriso, e concordou de imediato em levar sua aluna para assistir a seus colegas em ação.

— Você vai ver como são todos excelentes! — ele falou, já segurando Ara pelo punho e guiando-a para longe, fazendo-a derrubar os equipamentos que carregava pelo chão.

Os dois caminharam por dez minutos na floresta, em uma trilha perceptível somente para os elfos locais, se afastando cada vez mais de Lannionad. Ara prestava atenção no trajeto que faziam, esperando escutar sons de luta, de armas, gritos de incentivo, qualquer coisa. Mas, ouvia-se apenas os sons de Lannuaine. Folhas farfalhavam, pássaros cantavam, um cervo passava correndo, nada além disso parecia acontecer. A jovem elfa imaginou que deveriam estar longe do destino quando Anluath parou de andar e disse:

— Chegamos.

Ara franziu o cenho, olhou ao seu redor, para cima, e não encontrou absolutamente nada.

Livro 1 - A Elfa, O Homem e a Ordem [completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora