Parte 11

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Ara havia retornado à Lannionad com uma pontada de decepção pela simplicidade de sua primeira tarefa como guerreira. Sabia que tinham sido bem sucedidos em recuperar o baú de joias dos Holimion, sem necessidade de violência, mas ansiava pela adrenalina, por missões desafiadoras.

Por mais que tivesse completado seu treinamento, Ara ainda era jovem. E, assim como todos seus companheiros de juventude, tinha uma visão romântica do combate. Queria ser uma heroína instantânea, se tornar honrada em sua primeira batalha, e já deixar claro que faria diferença no mundo. Imaginava voltar para Lannionad recebendo aplausos e cumprimentos impressionados com seus feitos, com sua coragem incrível.

Mas não era nada disso que acontecia com os guerreiros que enfrentavam suas primeiras batalhas. Na maioria das vezes, ao ser confrontado com uma ameaça verdadeira, o lutador inexperiente congela.

Ara, apesar de ser uma jovem de habilidades impressionantes, não foi exceção.

Tinha sido acordada com um susto, ao escutar o soar de uma trombeta, tarde da noite. Era um chamado, significava que algo ruim havia acontecido e que Ara deveria se juntar a seus companheiros para lidar com a ameaça.

Apinhados na sala do mapa que ela havia conhecido em sua primeira missão, os guerreiros escutavam enquanto Stiùireadh narrava o acontecimento: uma pequena vila de humanos, que ficava na fronteira de Lannuaine, havia sido invadida por goblins. Os monstros saqueavam e queimavam as casas e os homens não tinham capacidade de se defender.

Em pouco tempo, um grupo de quinze elfos, incluindo Ara e Blath, havia saído a toda velocidade pela floresta. Mesmo antes de deixarem a cobertura das árvores, já era possível ver a luz forte e alaranjada do fogo.

Ara escutara diversas histórias parecidas, acreditava estar preparada para encarar a destruição, mas havia se enganado. As casas lambiam em chamas, humanos corriam para a floresta segurando tudo o que conseguiam e puxando seus filhos para que corressem mais rápido. Outros tentavam, sem muitas esperanças, apagar o fogo, despejando baldes de água lamacenta em suas cabanas. Homens e mulheres corriam para a outra direção, prontos para enfrentar os invasores, com armas improvisadas e inadequadas. A cada momento, um tombava.

A elfa estacou no limite da aldeia, observando enquanto seus companheiros avançavam. Demorou para que avistasse as criaturas responsáveis por aquela tragédia, seres pequenos e orelhudos, de pele amarelada, com os rostos pintados, armas, escudos e adereços decorados com ossos. Eles vinham correndo, atacando todos em seu caminho, entrando nas casas, quebrando o que viam pela frente, iniciando incêndios.

Anluath gritou por Ara, a despertando do transe. Ele apontava para uma das casas dos humanos, uma construção baixa feita de pedras. A jovem compreendeu o que deveria fazer, assentiu e, finalmente se movendo, escalou as paredes da casa, posicionando-se no telhado de forma a enxergar melhor tudo o que acontecia.

Não era uma vila muito grande, havia uma praça no centro com uma igreja de pedra pouco mais alta que o restante das casas. Não eram muitas, circulavam a igreja, em três, alguns momentos quatro níveis. Quase tudo queimava, as cabanas de madeira começavam a desmoronar. Os monstrinhos chegavam correndo da escuridão, Ara não conseguia ver de onde, mas sabia que vinham de alguma caverna próxima. Estavam longe das montanhas que costumavam habitar, e a elfa se perguntou o que estariam fazendo naquela região.

Não perdeu tempo refletindo, qualquer que fosse a motivação daqueles seres, nada justificaria o ataque àquela vila. Empunhou o arco, retirou três flechas da aljava presa em sua cintura, e começou a atirar. A cada goblin que derrubava, outros três pareciam brotar do chão em seu lugar, mas a elfa continuava a atingi-los, incessantemente, nas pernas, nos ombros, tentando impedir que alcançassem os aldeões.

Livro 1 - A Elfa, O Homem e a Ordem [completo]Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang