O céu é a casa dela, agora

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Los Angeles, 12 de setembro de 2028
Já era tarde. Camila e Lauren já haviam jantado, e agora a criança estava em seu quarto, deitada em sua cama, tentando encontrar algo para assistir na televisão. A latina estava na sala com a música ligada em um volume baixo. Muitas folhas estavam jogadas sobre a mesa de centro e uma taça de vinho ao lado. Trabalhava incansavelmente naquele processo. Se ganhasse, aquilo lhe renderia uma grande promoção, tão grande que ela provavelmente se tornaria a herdeira daquele grande império de mais de 80 anos de existência. Levou o vidro à sua boca, deixando a álcool entrar em sua garganta e queimar tudo por dentro. Ouviu a campainha tocar e franziu o cenho. Não estava esperando por ninguém. Colocou a copo sobre a mesa, levantando-se e abrindo a porta. Surpreendeu-se ao encontrar Hayley em um ambiente fora do trabalho. É verdade que ainda eram amigas, mas ultimamente, a maior parte das vezes em que se encontravam era dentro do escritório. Deu espaço para que a amiga entrasse.

-Oi, como estão as coisas? - Hayley disse entrando e sentando no sofá, acompanhada por Camila.
-Está tudo bem. Lauren está ótima e parece que eu estou finalmente melhorando.
-Isso é bom. - a latina sorriu. - Na verdade, é exatamente por isso que eu estou aqui. - a cubana franziu o cenho, confusa. - Eu fico feliz que esteja melhor, mas acho que precisamos pensar na sua filha. Eu não quero ser grosseira, mas quanto tempo essa boa fase vai durar? Você está passando por um período bem instável.
-Você veio até aqui me dizer algo que eu já sei? - ela disse ironicamente, em um tom mais agressivo.
-Não, Camila. Me escuta. O que eu quero dizer é que... a Laur precisa de mais uma figura para crescer saudavelmente. Eu não estou dizendo que você não dá conta, muito pelo contrário, eu acho que você é uma ótima mãe. Eu só acho que ela precisa de duas figuras, sejam elas maternas ou paternas. E é por isso que estou aqui.
-O que isso quer dizer? - Hayley tomou as mãos de Camila.
-Eu sei que seu único e verdadeiro amor foi a Lauren e que você talvez nunca ame ninguém da forma que a amou. Mas eu também sei que ser uma mãe solteira nesse mundo não é fácil. E... e eu sempre gostei de você. Desde a faculdade até hoje, eu acho que você é a mulher mais incrível do planeta. - Hayley soltou as mãos da latina, tirando uma pequena caixa de jóia da bolsa, e colocou em cima de um dos joelhos de Camila, que observava tudo sem reação. A latina abriu a caixa lentamente, vendo os dois anéis. - Se você quiser, eu posso cuidar de você e de Lauren.
-Eu realmente não sei o que dizer.
-Tudo bem. Eu sei que não é uma decisão fácil. Tome o tempo que precisar.

Hayley se levantou e deixou a casa, fechando a porta atrás de si. Camila manteve-se imóvel, encarando a jóia à sua frente. Ela fechou a caixa, colocando-a em cima de sua pequena mesa de centro. Levou as mãos ao rosto, tentando pensar no que fazer, mesmo que nada viesse a sua cabeça. Talvez estivesse enlouquecendo, mas precisava que suas lembranças ou o fantasma de Lauren (ela não tinha certeza) aparecesse e lhe dissesse o que fazer. Passou a caminhar pela casa, observando fotografias ou objetos que lembrassem sua ex-namorada. A latina queria que ela surgisse, mas isso não ocorreu. Parecia que quanto mais se esforçava, menores eram as chances de acontecer. A exaustão levou Camila às lágrimas. Ela encostou as costas na parede e fechou os olhos por um instante, tentando se acalmar. Ela proferiu em voz alta: "Quando eu não quero que você apareça, você surge com a maior facilidade, mas quando eu preciso de você, você some!". Respirou fundo ao perceber que seu esforço era inútil. Então, resolveu ligar para Clara, pois sentia que a aprovação dela era essencial em qualquer coisa que envolvesse sua filha. Afinal, Lauren era, sim, neta dos Jauregui. Camila sentou no sofá enquanto ouvia seu celular chamar, até a voz de sua ex-sogra atingir seus ouvidos.

-Camila, está tudo bem? Como Lauren está?
-É exatamente por isso que estou ligando.
-O que houve, meu amor?
-A Hayley veio até aqui e sugeriu que nos casássemos para que Laur tenha uma vida melhor.
-Uau! E o que você disse?
-Que precisava pensar. Eu sei que não sou a melhor mãe do mundo e preciso de ajuda, mas não sei se devo ou se essa é a melhor opção. Eu queria sua opinião. - a latina ouviu Clara suspirar do outro lado da linha.
-Camila, minha querida, quero que me escute bem. Eu fico lisonjeada por ter me ligado, mas você tem que entender que não precisa da minha aprovação, ou a de Michael, para seguir em frente. Nós dois achamos que está na hora de você viver sua vida e deixar Lauren para trás. Já fazem 4 anos, Mila! Se você realmente gosta ou ama essa garota, talvez devesse ficar com ela. Mas isso, meu amor, apenas você pode dizer.

A latina se despediu e desligou o telefone. Ela subiu até o quarto de sua filha, que continuava assistindo desenhos animados desde que sua mãe havia deixado-a ali, após o jantar. Camila deixou um beijo na testa da pequena. Sentou-se ao lado dela, cobrindo uma parte de suas pernas com o lençol da filha. Lauren apoiou seu corpo sobre o da mãe, passando a mão no rosto. A cubana percebeu que a criança tinha sono e passou a entrelaçar seus dedos nas mechas escuras do cabelo dela. Achou melhor levantar para que ela tivesse mais espaço para deitar e descansar. Colocou a filha na posição em que ela gostava de dormir, cobrindo-a até a metade de sua barriga. Deixou outro beijo em sua testa, apoiando sua mão sobre a cama. Sorriu ao sentir a mãozinha sobre a sua. Respirou fundo, observando a filha encará-la nos olhos.

-Mama... - Camila esperou que continuasse. - Por que a mamãe não está aqui?
-Eu te disse que ela está brincando com as estrelas. - disse, coçando a nuca.
-Sim, eu sei. Mas ela prefere estar lá do que aqui comigo?
-Não. Eu tenho certeza que ela gostaria de estar aqui conosco. Só não aconteceu. Eu sinto muito.
-É minha culpa ela não estar aqui?
-Não, claro que não, meu amor.
-É sua? - Camila respirou fundo antes de responder àquela pergunta.
-Não, princesa.
-Então... é culpa de quem?
-De ninguém. Foi um acidente. Eu sinto muito. - ela disse, deixando que seus olhos marejassem.
-Não chora, mama. Vou parar de perguntar.
-Não precisa parar. É só... eu sinto falta dela, sabe?
-Algum dia, ela vai vir nos visitar?
-Acho que não, amor. Eu aposto que ela gostaria, mas não pode.
-Por que não?
-Porque... o céu é a casa dela agora, e as estrelas são a nova família dela. - a criança concordou com a cabeça. - Acho que é hora de você dormir agora, não é?
-Boa noite, mama. - ela disse, recostando a cabeça no travesseiro, novamente. Camila deixou um beijo em sua bochecha.
-Boa noite, Laur.

Voltou ao seu quarto, pensando nas conversas. Ela se despiu, entrando no banho. A água quente atingiu seu corpo, enquanto pensamentos e indecisões rondavam sua cabeça. As lágrimas silenciosas correram por seu rosto, misturando-se com as gotas que caíam do chuveiro. A latina deixou o banho, vestindo um de seus pijamas e deitando na cama. Pegou seu celular novo, em que havia acabado de fazer backup de todas as suas fotos. Ela suspirou ao passar por algumas fotos recentes, antes de voltar ao ano de 2019, em que sorriu para uma foto antiga das duas. Camila encarou os olhos verdes na tela, chorando discretamente. Ela suspirou. Mesmo depois de 9 anos, aquela foto ainda podia fazer com que perdesse o fôlego e com que suas pernas fraquejassem. "Eu não quero te deixar ir..." ela suspirou "Mas talvez eu devesse. Como eu devo escolher entre você e nossa filha?" A latina bloqueou a tela do celular, fechando os olhos. Ela passou as costas das mãos nas bochechas molhadas, antes de pousar a cabeça no travesseiro e adormecer.

Foto do celular de Camila:

                                 ******Espero que tenham gostado, meus anjinhos

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Espero que tenham gostado, meus anjinhos.
Beijos delusionals, bia💕

Find Me - Camren (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora