6 meses

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Los Angeles, 03 de outubro de 2024
Camila abriu os olhos lentamente conforme a luz do Sol invadia seu quarto pelas janelas. Esfregou as mãos no rosto para acordar e espreguiçou-se. Jogou os lençóis que lhe cobriam para o lado, caminhando até o banheiro. Abriu a pequena gaveta debaixo de sua pia, encarando as caixas de remédio. Pegou uma delas, tirando a tampa, enquanto suspirava. Encarou-se no espelho, colocando uma pílula na mão. Estava prestes a tomá-la, mas ouviu um barulho vindo de seu quarto. Largou o comprimido em cima do balcão, seguindo o som até próximo de sua cama. Tudo o que conseguiu pensar foi "De novo, não", enquanto sentia sua cabeça fritar com um sentimento que lhe vinha sendo estranho desde o início do tratamento.

-Bom dia, Camz. - a morena de olhos verdes disse, sentando-se na cama.
-Lauren, o que faz aqui? Achei que os remédios deveriam parar com minhas alucinações.
-Mas hoje é um dia especial, meu amor. - viu a latina franzir o cenho.
-Do que está falando?
-Hoje... já fazem 6 meses. Não se lembra?
-Eu sabia que algo estava errado.

Passou a mão no vento, sobre a imagem de Lauren que desapareceu, como a latina pretendia. Saiu do quarto em direção ao berço de sua filha. Havia combinado que sua mãe tomaria conta da pequena hoje, porque sentia que queria ficar sozinha, mas não sabia porque. Agora, parecia se lembrar. Tomou a criança em seus braços, indo até a cozinha e alimentando-a com uma mamadeira. Quando viu que a filha não queria mais nada, fez questão de trocar suas fraldas, antes de entrar no carro. Prendeu a pequena na cadeirinha no banco de trás e sentou-se no banco do motorista, afivelando seu cinto de segurança. Respirou fundo e colocou a chave na ignição.

-Para onde vamos? - Camila virou o rosto e avistou a morena sentada no banco de passageiro.
-Pode parar de me seguir? - disse, girando a chave.
-Eu só quero estar com você.
-Eu também, Laur. Mas isso está me deixando louca. - disse, pisando no acelerador, dirigindo até a casa de seus pais.
-Desde quando estar comigo te deixa louca?
-Essa não é a questão, Lauren. É só que a minha cabeça não me deixa em paz.
-Eu não estou só na sua cabeça, Camz. Estou aqui, para sempre. - Camila coçou os olhos, sentindo a cabeça doer.
-Lauren, para.
-Tem que acreditar em mim. Estou aqui, porque quer que eu esteja, não é?
-Lauren, se você não parar de falar, eu vou bater o carro de novo! - disse perdendo o controle do tom de voz. - Por favor, só vá.

A imagem de Lauren pareceu ir esclarecendo até sumir. Camila suspirou aliviada, levando a mão à testa, sentindo-a queimar. Estacionou o carro em frente à casa de seus pais. Desceu e tirou a filha do banco de trás, carregando-a no colo. Tocou a campainha e esperou com que alguém abrisse a porta. Seu pai logo apareceu, abrindo um sorriso ao ver a neta no colo de sua filha. Tomou Lauren dos braços de Camila, enquanto deixava um beijo na testa da latina. A cubana entrou, fechando a porta atrás de si. Abraçou Sofia e cumprimentou sua mãe, que percebeu que havia algo errado com a filha, no mesmo momento em que entrou.

-Está tudo bem, Camila? Parece estressada.
-Minha cabeça está doendo de novo.
-Tomou os remédios hoje?
-Porra! - falou ao lembrar-se de largar o comprimido em cima da bancada da pia no banheiro. - Eu fiquei distraída e esqueci.
-De novo, Camila! Já é a terceira vez esse mês. Você prometeu que ia ser séria e seguir o tratamento.
-Eu sei. Estou fazendo meu melhor, Mama. Quando chegar em casa, prometo que vou tomar.
-Tudo bem. - ela disse colocando a mão na bolsa, pegando um remédio. - Aqui, isso vai melhorar sua dor.
-Obrigada. - disse tomando o comprimido das mãos da mãe.
-Tem certeza que não quer ficar para o almoço?
-Tenho. Quero ficar sozinha. Passo aqui mais tarde para buscar a Laur.
-Tudo bem, meu amor. Estaremos esperando.

Camila despediu-se de seus pais, saindo pela porta da frente. Entrou em seu carro e dirigiu de volta para sua casa, dessa vez com sua mente sob controle. Apenas ela, sozinha, sem seu subconsciente. Apesar de sua cabeça ainda doer, a sensação de agulhas lhe perfurando parecia diminuir à medida que dirigia. Mas não demorou muito para que o efeito do remédio passasse. Enquanto estava em casa, sentada no sofá, o sentimento de que sua cabeça estava sendo atingida por pancadas aumentava. Seu cérebro passou a reproduzir sons novamente. Teclas de piano pressionadas em uma altura insuportável tomavam conta de si. Fechou os olhos enquanto reclinava a cabeça para trás. Suspirou, abrindo os olhos novamente, avistando Lauren sentada ao piano tocando as teclas com paixão.

Find Me - Camren (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora