Capítulo 186 - Pórtico

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O poderoso grupo de idiotas seguiram para a Baía do Capitão Sem Dente o mais rápido o possível com discrição — chegando de madrugada. Pelo caminho, encontraram os vestígios do que restou do início da guerra; a destruição era enorme, com rastros de corpos humanos, angelicais e demoníacos espalhados apodrecendo por todo canto. Soldados de todos os reinos se espalhavam afora, buscando demônios e, no menor dos casos, auxiliando aqueles que precisavam — estes tinham que torcer para não ser julgados como infectados. Com certeza também havia aqueles que preferiam ajoelhar-se, fintar o lendário Reino Céus e rezar veemente em busca de salvação e piedade. Ora, havia deuses escutando algumas de suas prezes, que iriam fazer tudo o que clamavam, não por motivos altruístas, mas por obrigação. Na verdade, estes deuses diziam que era por obrigação, mas estavam completamente cientes que havia motivos muito mais complexos e belos do que isto, e, estranhamente, nenhum deles ousava dizer em voz alta.

Para a sorte deles, a Baía não havia sido sofrido um ataque pesado, pois não era tão populosa. A maior parte da pequena cidade ainda estava de pé, sendo que as baixas humanas eram consideráveis. Aiken e Dante deram-se conta que aquela era a primeira vez que iam até à baía e não encontrava todo o lugar em festa. Ignorando todas as lamentações pelo caminho, Aiken guiou-os até onde seu navio, Eclipse¹, estava aportado, e ficou aliviado ao vê-lo ainda em perfeitas condições. Ele pagou os dois homens que vigiavam o navio, com um bônus pela coragem, e os dois foram embora.

Eclipse estava longe de considerado um grande navio, mas também não poderia ser considerado como pequeno. Para Aiken, ele tinha o tamanho perfeito: não era necessária uma grande tripulação para navegar nele. O Selo havia ganhando o Eclipse em uma aposta em uma das diversas tavernas que já passou. Seu antigo capitão estava bêbado demais e, levado pelo calor do momento, não percebeu de fato o que estava fazendo, contudo, se tem algo que um bêbado em uma taverna leva a sério, são as apostas. Em seguida, todos subiram a bordo do navio e seguiram as ordens de Aiken, possibilitando com que partissem quanto antes. Neste início de navegação, em plena madrugada sob o luar, o silêncio predominou, com cada um preso em seus próprios pensamentos sobre o que aconteceu e o que poderia acontecer. Os Selos questionavam se seu mentor poderia ser um perigo ainda maior que o próprio Bahamut e Uriel lamentava-se por ter mais um anjo por trás da tentativa de exercer soberania por todo o mundo².

Na manhã seguinte, as coisas mudaram, todos estavam mais animados. Quando sol estava no topo, animaram-se ainda mais, pois Aiken havia encontrado três barris de vinho do antigo proprietário do navio. De imediato, é claro, pegaram suas respectivas canecas e começaram sua festa antes do fim do mundo. Uriel observou o líquido remexendo dentro da caneca de madeira; curiosa, sentiu o aroma e adorou. Em seguida, notou que todos os Selos olhavam de forma fixa para ela.

— O que há? — perguntou desconfiada.

— Beba, beba — disseram em uníssono.

Semicerrando os olhos, Uriel sorveu lentamente um pouco do vinho, sentindo o forte gosto do álcool adocicado descendo pela sua garganta. Ela ficou poucos segundo saboreando do gosto que ficou em sua boca, então abriu um sorriso sem mostrar os dentes.

— É delicioso — admitiu.

Os Selos ergueram as canecas e gritaram em comemoração, enquanto a arcanjo fez uma careta sem entender direito o que estava acontecendo.

As horas foram passando, o vinho nos barris esvaindo, os peixes pescados acabando e eles se embebedando até a lua tomar o lugar por entre as nuvens. Com o balançar do navio misturado com o álcool, Aiken, Pietra e Mikaela vomitaram uma quantidade considerável do que havia consumido no dia, enquanto os outros resistiram com dificuldades.

Os Cinco SelosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora