Capítulo 154 - Morgus

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Os Apóstolos de Bahamut haviam adentrado no reino de Arcádia. Um deles, Morgus, dirigia-se em direção a praça. Seu torso nu demonstrava sua pele avermelhada e músculos medianos e bem definidos. Da cintura para baixo, seu corpo era revestido com uma camada de pelo marrom; e uma cauda negra oscilava de um lado para o outro. Em sua cabeça, olhos negros e densos, um par de chifres encaracolados e seu queixo era pontiagudo com um cavanhaque o cobrindo. Ele segurava um machado de dois gumes em cada mão.

Morgus não demorou para chegar na praça. No centro, havia uma grande fonte detalhadamente esculpida, e por todo ao redor da praça haviam barracas de comerciantes, mas não havia pessoas. Na verdade, desde que havia entrado no reino não havia se encontrado com nenhum humano. Era mais do que óbvio que havia algo de errado, entretanto, mesmo assim, o demônio continuou seguindo. Fechando os olhos, aspirou o ar profundamente e depois o soltou com um suspiro.

— Ah, um aroma bem agridoce. — Ele abriu os olhos e fintou Deckard e Miana, que estavam em cima de uma casa sentados. — Emanam cheiro de demônio com um leve toque de morte. Vocês devem ser os filhos de Lilith, correto?

Miana — que trajava apenas um peitoral de couro negro de roupa não casual — olhou para seu irmão. Deckard — que trajava uma armadura de couro marrom completa —, olhou para sua irmã. Os dois fizeram uma careta.

— Parece que temos um especialista em cheiros aqui — caçoou Mia. — Sim, somos filhos dela. — Voltou seu olhar para o irmão. — É só comigo, ou a aura assassina dele é muito fraca?

Deckard riu.

— Bem, depois que nosso pai cuspiu a aura assassina dele na nossa cara sem misericórdia alguma, obviamente nenhuma vai parecer tão amedrontadora.

Sem mais enrolações, Miana atirou-se em direção ao chão e mergulhou em suas sombras, emergindo com suas adagas negras em punho atrás do demônio. Percebendo instantaneamente a presença da humana atrás de si, Morgus girou seu corpo, abrindo um golpe em arco com o seu machado esquerdo. Ao mesmo tempo que confrontou as adagas de Miana, o demônio bloqueou o disparo de Deckard com o segundo machado. Miana pensou em continuar a atacá-lo, mas deu um salto para trás logo após.

— Percebeu que iria fazer o disparo de seu irmão pegar em você? — questionou Morgus.

Mia deu de ombros.

— Quase isso.

Quando a flecha vermelha entrou em contato com o machado do demônio, houve uma explosão, e as tendas pela praça avoaram. Do meio da cortina de poeira, Morgus saiu em disparada investido contra a humana. A esclera dos olhos de Miana tornou-se negra, suas chamas azuis a envolveram e, sem temor, investiu contra o demônio. As adagas confrontaram os machados. Golpes rápidos começaram a ser trocados, fazendo o barulho do aço tomar conta. Quando Morgus começou a levar a melhor, fora obrigado a recuar, pois Deckard disparou sequências de projéteis com suas pistolas, livrando sua irmã de golpes fatais.

Irritando-se, Morgus ficou envolto de uma energia vermelha e saltou em direção ao atirador. Pego de surpresa, Deckard não pensou em nada a não ser cruzar suas pistolas, assim bloqueando o ataque. Entretanto, a velocidade do demônio ao atingi-lo era tão alta que os dois foram arrastados para o outro lado da praça. No ar, energia vermelha de Morgus intensificou-se e ele forçou seus braços, atirando o humano para o chão. Deckard brandiu fortemente contra o solo — que se aprofundou —, fazendo uma expressão de dor, e o sangue escorreu pelo canto de sua boca. Para piorar, viu o demônio caindo em sua direção.

De uma sombra criado pela casa, Miana emergiu e saltou de encontro com o demônio. As lâminas se encontraram novamente, as chamas azuis explodiram, confrontando-se com a energia vermelha. Por ser mais fraca, Miana fora repelida em direção ao chão, entretanto o demônio perdeu o controle sobre sua queda, e foi obrigado a cair um pouco distante dos dois.

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