Capítulo 17

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Depois de quase meia hora tentando convencer a sua mãe de que voltaria no mais tarar em duas horas ou menos e, depois de prometer que tomaria todo o cuidado para que o acontecimento com Sebastian não se repetisse. Helena agora estava adentrando o quarto de Igor, viu que ele já estava deitado e o seu olhar foi em direção a jovem.

Do lado de fora da casa, fazia um agradável frio — toda a vegetação contribuía para deixar a noite ainda mais fria, diga-se de passagem.

— Achei que não viria mais — Falou sem demonstrar nenhum tipo de expressão, apenas tédio por passar todos os dias sentado e deitado.

— Minha mãe quase não me deixou vir — Riu ao entrar e logo fechou a porta.

— Não me interessa — Com bastante esforço, ele conseguiu se ajeitar melhor na cama.

Helena fingiu que não ouviu o que ele disse, pois de uma certa forma ela o entendia perfeitamente. O fato de saber que o seu pai batia em sua mãe lhe deixou bastante mexida, por assim dizer, no entanto, seguiria firme e feliz, pois tudo havia passado e melhorado.

A jovem puxou a cadeira da escrivaninha e virou-a para si, sentando-se.

— Como conseguiu o meu número? — Questionou-o.

— Irina o pegou com seu chefe, logo pedi para que ela me repassasse, por isso liguei para você — Respondeu — Eu queria lhe falar sobre uma coisa — Deixou transparecer um ar misterioso.

— O que? — A sua curiosidade estava bem aguçada.

— Minha irmã quer que eu faça fisioterapia...

— Isso é uma coisa boa, não é? — Sorriu. Parece que ao menos uma vez na vida as coisas estavam dando certo (será?).

— Pode ser que seja, mas eu não quero fazer! — Seu mau humor parecia ter voltado.

— Por que não? — Lhe custava acreditar que ele recusaria algo tão bom (um grande idiota — pensou).

— Eu tenho medo de reviver todas as dores de um passado recente... — Suspirou e olhou para o lado. Tudo ainda parecia tão recente.

— Mas você as vive todos os dias enquanto está sentando naquela cadeira — Apontou para a cadeira de rodas recolhida no canto da parede. Ele a olhou e por um instante pensou.

— Você não sabe o quão difícil é viver assim — Suspirou — Eu tenho que lhe confessar, você é a única pessoa com quem eu estou falando sobre isso. Pelo menos uma pessoa que não é da família.

— Você deveria fazer a fisioterapia — Sugeriu — Não seja tão teimoso — Cruzou os braços — Você tem um gênio bem forte...

— Mas eu não quero. Eu realmente não quero! — Disse firme e a olhou — Eu não quero! NÃO QUERO!

Helena sabia que aquela conversa não chegaria a lugar algum, pois ficariam remoendo as mesmas coisas. Igor não iria querer por N motivos e Helena continuaria a insistir para ele fazer. O que mais lhe deixou surpresa foi o fato de ele estar sendo cordial, mesmo que de uma forma mais seca. Mas, estava sendo legal. Diferente do início.

De fato, Igor tem medo de poder reviver o passado, pois, se de alguma forma ele voltar a andar, irá querer viver novamente a sua vida aventureira (com mais cautela que antes) e, tudo poderia voltar à tona.

— Eu já estava esquecendo de lhe dizer — Igor chamou sua atenção — Meu tio foi expulso dessa casa — Disse com um largo sorriso — Me sinto tão à vontade — Espreguiçou-se.

— Verdade? — Parecia estar surpresa, mas por dentro estava pulando de alegria.

— A mais pura verdade! — Confirmou — Ele nunca deveria ter vindo para cá. Meu pai às vezes tem uns pensamentos bem... loucos.

Uma Chance Para Viver - Livro 1Where stories live. Discover now