Capítulo 2

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Certamente, o que Igor menos queria era mudar de país — o que ele poderia encontrar lá? — Sair da sua velha e alegre Londres (por mais que seus dias sempre tenham sido tristes) para ir morar em um país super tropical, onde o calor é predominante, poucos dias de chuva e inúmeros dias de sol.

O seu semblante era de pura irritação. Acabou sendo corriqueiro vê-lo assim.

Irina tentava a todo custo lhe animar, mas ela sabia que aquilo seria em vão, nada daria certo.

— Pense pelo lado positivo, nós iremos para um lugar novo, diferente de todos aqueles que já fomos — Irina falou enquanto empurrava a sua cadeira de rodas até o avião.

Igor e Irina usavam roupas pretas. O Seu terno escuro o deixava ainda mais triste, pensativo, desolado e dispersado do mundo real. Irina por outro lado, mesmo com roupas escuras, o seu sorriso era eminente (mesmo que seu irmão não compartilhasse da mesma felicidade, ela havia ficado feliz).

— Você diz isso porque pode andar. Suas pernas são boas, as minhas são um lixo! — Bufou e olhou para o avião a sua frente. Havia uma espécie de elevador que o ajudaria a subir até ele, sem a mínima dificuldade.

— Não seja tão pessimista, pode ser que no Brasil, nós tenhamos uma nova vida, bem diferente da que nós levamos aqui — Irina estava quase desistindo de animar o seu irmão — Não se esqueça de que toda a família do papai é brasileira, além do mais, nós falamos português, lógico que não tão bem quanto ele.

— Por que vocês não me jogam do avião? Isso iria ser menos um peso para todos vocês, além do mais, a mamãe iria adorar isso — Riu irônico — Ela deve ter ficado tão triste quando recebeu a notícia de que eu não havia morrido naquela droga de acidente...

— Não diga uma besteira dessas — Bateu em seu braço — Eu sinto que a nossa vida dará um grande salto!

Igor estava bem diferente de como estava há cinco anos atrás. Ele estava bem mais magro (seus braços ainda eram um tanto quanto fortes, existem alguns poucos músculos); o jovem estava chateado consigo mesmo por ter desistido de fazer fisioterapia (mesmo que os médicos dissessem que ele tinha oitenta por cento de chance de voltar a andar).

Quatro dias após Josef anunciar que iriam se mudar, eles já estavam no avião, prestes a embarcarem para o Brasil. Ele viu que isso poderia ajudar o seu filho de alguma forma ou de outra.

💐

A viagem foi um tanto quanto cansativa, principalmente para Igor, que permaneceu todas as quinze horas dentro do avião sem falar com absolutamente ninguém. O voo havia tido uma conexão em Amsterdã e uma segunda em São Paulo, que logo em seguida os levaram para Natal, no Rio Grande do Norte, Nordeste, onde posteriormente desembarcaram e tomaram um táxi para levar-lhes até Bela Ventura.

Igor preferiu ir em um carro separado dos demais, pois, assim conseguiria filtrar tudo o que tinha acontecido. Em silencio, apenas olhando a paisagem mudar ao ponto que se afastavam da cidade grande.

Irina estava animada com a nova mudança. Desde pequena ela sempre foi travessa e amorosa e estava de acordo com quase tudo o que o pai propunha. Ao saber da mudança de residência, ela ficou afoita pois, seu irmão iria adorar — assim pensava. Pensou que ele iria se sentir melhor, com a mudança de clima e novos ares (mesmo estes sendo bastante difíceis para todos eles).

Josef estava voltando as suas raízes, ele foi embora para Londres quando tinha apenas doze anos e foi viver com uma madrinha após a morte de seus pais. Mas, nunca deixou de lado as suas raízes, tanto que tratou de ensinar a sua esposa a falar português, assim que se casam e logo em seguida os seus filhos. Ele estava animado, pois estava decidido a ficar ali por vários anos.

Uma Chance Para Viver - Livro 1Where stories live. Discover now