Capítulo 7

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Haviam se passado quatro dias desde que chegaram a sua nova residência. Igor continuava carrancudo com tudo (talvez esse fosse o seu melhor humor). O clima o irritava com todas as forças possíveis — Josef precisou comprar alguns ventiladores para que seu filho não reclamasse tanto, mas por uma infelicidade, não havia resolvido basicamente nada (ao menos o seu calor havia diminuído significativamente).

— Eu odeio esse lugar! — Reclamou ao olhar para sua irmã — Como você consegue suportar isso aqui? — Bufou.

— Eu estou tentando me adaptar, mas não está sendo fácil — Abanou-se e andou até a janela do quarto de Igor — Posso abrir?

— Você ainda pergunta?

Depois que a abriu, uma leve brisa de ar invadiu o quarto, fazendo com eles relaxassem um pouco mais. Já havia passado das três horas da tarde, o que ajudou a esfriar um pouco mais o clima de irritação dele.

— Aquela sua amiga não veio mais aqui — Igor comentou — Ela é tão irritante! — Revirou os olhos.

— Não fale assim dela — Defendeu-a — Antes de ontem e ontem eu fui a Confeitaria para falar com ela e lhe convidar para vir tomar um chá conosco, mas o seu chefe disse que ela não havia ido trabalhar nestes dias. Particularmente, achei ele um tanto quanto estranho quando falou sobre ela — Explicou, mas percebeu que Igor não estava interessado na conversa.

— Acho melhor assim. Convenhamos que ela é bastante estranha. Aquela maluca entrou em meu quarto achando que fosse um banheiro — Recordou-se.

— Foi culpa minha, eu não soube ensinar a direção certa do banheiro...

A jovem caminhou até a cama e sentou-se.

— Não quero que ela venha me importar novamente!

— Porque essa raiva toda? — O olhou.

— Eu não gostei dela, só isso.

— Mas como não gostou dela? — Questionou assustada — Eu achei ela maravilhosa!

— Eu não gostei dela porque odeio esse lugar. Eu odeio as pessoas daqui. Eu odeio esse clima nojento. Eu odeio ter que viver!

Igor realmente havia ficado bastante desconfortado quando Helena entrou em seu quarto de supetão, mas a sua imagem ia a sua mente em alguns momentos (um sorriso surgia, mas logo era desfeito).

💐

No escritório, Josef falava ao telefone. Ele tentou deixar o local com o seu aspecto original, praticamente ele sempre gostou de coisas clássicas e não havia nenhum problema em deixar tudo como estava antes.

O anoitecer deixou o clima um tanto quanto frio e aconchegante, diga-se de passagem.

— Alfred, meu amigo, a que devo a sua ligação? — Josef apoiou-se na sua poltrona e soltou um contagiante sorriso.

— Eu liguei para lhe informar que notei algumas movimentações estranhas nas contas de sua empresa — Alfred respondeu temeroso.

Como fiel amigo de longa data e gerente geral, estando abaixo somente de Josef, Alfred Hermes sentia-se na obrigação de avisar a seu amigo toda e qualquer coisa suspeita que acontecesse, afinal, se o seu amigo caísse, ele cairia junto.

— Eu deixei o irmão da minha esposa comandando tudo (ela me pediu isso, para que ele pudesse ter uma experiência a mais). Eu espero que você não tenha se chateado. Mas, eu irei falar com ele quando chegar ao Brasil — Disse.

— Josef, você sabe que eu sempre fui contra você colocar aquele homem no comando de seus negócios — Seu tom de voz demonstrava medo.

— Avril me convenceu, não vi problema nisto — Explicou.

— Como meu melhor amigo e gerente de tudo, eu me preocupo com o futuro...

— Eu sei, meu amigo. Quando ele vier para a minha casa eu irei questioná-lo sobre.

— Quando ele for, quem ficará no comando da empresa? — Perguntou esperançoso.

— Você!

Alfred sentiu um alivio ao saber disso.

— Eu não confio no Sebastian e você sabe muito bem disso — Alfred continuou a bater na mesma tecla.

💐

Mariana e Marina dormiam nos fundos da casa, onde existia um quartinho para os empregados mais próximos — que trabalhavam diretamente dentro do casarão —, as duas tinham livre acesso a cozinha e Mariana estava lá. Usando uma grande camisola florida. As luzes das salas principais estavam apagadas. Havia ido até lá para tomar um copo de leite (quando Josef assumiu o controle da fazenda, teve uma conversa com Mariana, ao qual depositou a sua confiança nela (ele sentiu que poderia confiar)).

Usando um hobbie preto de ceda ao qual mesclava-se com a escuridão, Avril continuou parada olhando o que Mariana estava fazendo. Andando um pouco em direção a cozinha, sua expressão era bastante séria, ao que poderia concluir-se que ela estaria bem irritada.

— SENHORA!? — Deu um pulo para trás ao vê-la com os braços cruzados, saindo da penumbra, como se fosse um bicho maligno.

— O que faz aqui, empregadinha? — Questionou-a com sua imponência — Pelo que bem sei, você deveria estar em seu quartinho — Riu — Esse lugar é para os donos da casa — Falou — Você não pode simplesmente chegar e ir pegando as coisas — Seu tom de voz era rígido, mesclado ao seu sotaque carregado, deixava tudo forte demais.

— Eu lhe peço desculpas — Afastou-se, pedindo desculpas e baixou a cabeça.

— Tome cuidado, se não pode perder o seu emprego — Sorriu — Mas aproveitado que você está aqui, sirva-me um chá — Foi até a mesa e sentou-se na cadeira da ponta.

— Não tem pronto — Temeu por sua resposta.

— O que está esperando para fazer? MECHA-SE! — Ordenou.

Rapidamente Mariana conseguiu fazer um chá e lhe serviu. Ela ficou com medo do que ela poderia fazer, mas se manteve firme, pois, o DONO da casa havia gostado de seus serviços (lhe dando a confiança), portanto, mantinha-se segura de seu emprego.

— É de camomila, serve para acalmar os nervosos ou melhorar pessoas com cara de maracujá seco — Disse — Agora preciso me recolher — Saiu apressadamente antes que Avril pudesse processar tudo o que ela havia dito.

Os passos eram apressados e em seu rosto havia um sorriso travesso, como se tivesse voltado a infância, quando brincava com suas amigas e amigos. Uma inocência e infância que nunca mais volta.

Avril desistiu de tomar o chá, a sua irritação era tanta que jogou a xícara no chão, espirrando chá para todo o lado. Irritada, saiu dali, sumindo no breu da antessala e sala.  

Uma Chance Para Viver - Livro 1Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ