Capítulo 1

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O cacarejar do galo da vizinha fez Helena e Teresa se acordarem. A manhã estava bem iluminada — Claro, viver no nordeste brasileiro é significado de ver o sol nascer cedinho e se pôr um pouco mais tarde (ou cedo, dependendo de como estiver o dia).

— Mamãe, bom dia — Sorriu para Teresa que estava arrumado o cabelo em frente a um pequeno espelho de cabeceira — Hoje eu preciso ir novamente procurar um emprego — Bocejou e levantou-se.

— Você deveria deixar isso para depois — Virou-se para a filha.

— Mas como a senhora me pede isso? — Olhou incrédula para a mãe — A vida não me tem sido nada fácil...

— Você está desde a semana passada buscando por um trabalho — Disse — Isso é tão cansativo...

— Eu sei mamãe, mas se eu não tentar, como irei conseguir? — Olhou-a — Eu penso no nosso futuro e por isso não posso me deixar fraquejar!

— Está bem — Riu abafado e caminhou até a filha, dando-lhe um beijo na bochecha.

Helena e Teresa ficaram de frente para o espelho, deram um sorriso. Sempre que faziam isso, ficavam admirando a semelhança; os cabelos castanhos e os olhos claros eram iguais (Teresa não se importava em ter alguns fios de cabelo branco, dizia que era como se fosse um charme a mais para ela). Eles tinham quase a mesma altura, mas Helena ainda é bem mais alta — talvez por descendia de seu pai, ela tenha sido um pouco mais alta.

As duas foram até a pequena cozinha da casa. Seu cabelo ainda estava desgrenhado, pois durante a manhã sempre sentia preguiça de penteá-lo e deixá-lo bonito. A cozinha da casa era simples e pequena, tinha somente uma pia no canto esquerdo; o pequeno fogão de quatro bocas estava localizado a direita da pia; uma mesinha no centro permitia que as refeições fossem feitas ali mesmo. A pequena cristaleira antiga e surrada pelo tempo guardava apenas alguns pratos, copos e talheres.

— Eu vou comer algo leve e vou em busca do meu emprego — Disse esperançosa — Não posso me dar ao luxo de demorar ainda mais...

— Lhe desejo toda a sorte do mundo — Sorriu — Mas eu ainda preferia que você esperasse um pouco mais, no entanto, mesmo assim, eu lhe desejo toda a sorte do mundo.

Teresa foi até o fogão onde o café estava quase pronto. Da chaleira, exalava o perfeito cheiro do café fresco de uma bela manhã.

— Cuscuz? — Ofereceu a Helena.

— Claro!

— Mas coma pouco e devagar, para não se engasgar.

— Isso sim é a melhor comida do mundo!

— Sem dúvidas!

Enquanto ela comia, sua mãe foi até a porta e abriu a parte de cima, deixando que o ar entrasse.

— Quando sua amiga virá novamente aqui?

— Ainda não sei. Ela estava viajando para resolver alguns negócios para o pai.

— Ela poderia lhe dar um emprego — Teresa olhou para a filha — Por que nunca pediu a ela? O Senhor Armando deve ter algum lugar em que você possa trabalhar.

— Eu não quero ser inconveniente — Fez uma pequena pausa e pôs a xícara na boca, quase queimando-se com o café e logo pôs-se a falar: — Ela já nos ajudou tanto, eu não quero pedir mais isso a ela — Explicou e olhou para fora, viu que o sol já havia surgido e era o momento de ir à rua em busca de algo.

— É compreensível — Sorriu abafado — Se não fosse por ela, nós duas já teríamos morrido de fome...

— Mas não se preocupe — Sua boca estava cheia de comida. Levantou-se e andou até onde sua mãe estava — Eu vou conseguir e nós iremos mudar de vida — Helena estava com esperanças de que o dia fosse bom para ela.

Uma Chance Para Viver - Livro 1Where stories live. Discover now